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Artigos

 
  • A independência do STF

    A tese de que os ministros do Supremo Tribunal Federal marcaram o julgamento do mensalão para agosto cedendo à pressão da opinião pública, vocalizada pela mídia tradicional, que os petistas estão difundindo pelas redes sociais, foi mais uma vez gerada pelo criminalista Márcio Thomaz Bastos — ele que, quando ministro da Justiça de Lula, socorreu o governo com a tese de que o mensalão não passara de um crime eleitoral de caixa dois —, defensor de um dos réus do mensalão, e tem base em vários pareceres de juristas que circulam entre os petistas.

  • Falta alguém na CPI

    Como todo mundo sabe, Paris é uma cidade pequena onde todo mundo se esbarra. Portanto, nada mais natural que o senador Ciro Nogueira, do PP, e o deputado Maurício Quintela, do PR, que por acaso são membros da CPI do Cachoeira, encontrarem casualmente num restaurante da Avenue Montaigne com o empreiteiro Fernando Cavendish.

  • Um musical na Broadway

    Recente estada em Nova York e tive a oportunidade de realizar um desejo antigo: ver o musical (ou ópera) "Porgy and Bess", de George Gershwin, com um elenco negro, numa montagem caprichada em plena Broadway, com Audra McDonald (muito elogiada no papel de Bess) e Norm Lewis num impressionante Porgy.

  • O bem-vindo anticlímax das eleições municipais

    Não temos, na nossa história republicana, período de continuidade governamental como o dos dois mandatos de Lula e, agora, o de Dilma. Nem estes 77% de apoio à presidenta, de uma nitidez de políticas públicas, a juntar o desenvolvimento e o aprofundamento democrático. A ação de Guido Mantega evidencia a frenagem da crise externa e demonstra, também, a força do mercado brasileiro e a dinâmica acelerada da sua redistribuição de renda. Mas não existe, significativamente, o reforço partidário que recubra o sucesso do situacionismo. Perseveram, a um quadrimestre das eleições, a ambiguidade dos aliancismos, manifestados nos entressaltos de cada dia, do PSD como novo coringa eleitoral de todas as contabilidades da hora. Atenta-se, de outro lado, à firme determinação do PSD, de Eduardo Campos, no único e novo vínculo ideológico partidário, e acenando a uma coesão de forças regionais, a partir do Nordeste, com novo cacife nacional. A perplexidade decisiva, entretanto, reside no fulcro do sistema, representado pela eleição da Prefeitura de São Paulo. Perdura, senão se agudiza, o confronto de Marta com Haddad, levando até a significativa suspensão das atuais alianças, quiçá, aguardando um "volte-face" às vésperas da convenção.

  • Entropia no sistema

    Uma das mais famosas expressões do educador Anísio Teixeira hoje deve ser reavivada: “O ensino médio brasileiro é um ensino órfão.”  Ele reclamava, naturalmente, da pouca importância dada pelas autoridades e até mesmo por um grande número de educadores para o que deveria ser, na concepção dele, uma educação intermediária renovada.

  • Destruição criadora

    A crise financeira que devastou o mundo a partir de 2008, cujas consequências perduram até hoje, trouxe à tona a necessidade de rever atitudes e procedimentos para que o capitalismo continue sendo o melhor sistema econômico disponível, privilegiando a produção e não a especulação financeira, prestando melhores serviços à sociedade.

  • Democracia, democracia

    Nesta minha tão curta passagem por Londres, acho que, voltando do centro para o hotel, não houve dia em que o motorista do táxi deixasse de parar num tráfego de repente lento, para comunicar que nos atrasaríamos um pouco, porque estava havendo uma manifestação de rua. Da primeira vez, era um animado cortejo dos Soldados de Jesus, composto de uma multidão de peles e roupas de todas as cores, marchando, pulando e dançando atrás de alguns carros de som, dentro dos limites de cordas que lembram as que, no Brasil, isolam blocos de carnaval. O som às vezes parecia também de carnaval, com um batuque animado, interrompido de quando em quando por pregadores que, das plataformas dos carros, arengavam para os seguidores e a plateia da rua.

  • Mediocridade nacional

    Duas casas, uma em Brasília, outra em Goiás, dois partidos que pretendem se revezar no poder, um bicheiro com a esquisita alcunha de "Cachoeira" -e temos aí a agenda da vida pública nacional, que se ramifica no Judiciário, na Polícia Federal e, logicamente, na mídia que dedica espaço e tempo às gravações, aos depoimentos agora chamados de "oitivas", às suposições e chantagens mútuas dos principais interessados.

  • Mercado e democracia

    Em um debate sobre o futuro do capitalismo, promovido pelo Ibmec e pelo Instituto Millenium, de que participei como moderador, os economistas André Lara Resende e Gustavo Franco, dois dos criadores do Plano Real, concordaram em que o mercado é essencialmente um instrumento da democracia, como transmissor de informações e expressão da opinião pública.

  • A sustentabilidade do carioca

    Não herdei de ninguém: foi a vida que me fez cultivar um espírito de porco que os anos aperfeiçoaram. Para usar uma palavra que está em moda: é um espírito de porco que adquiriu "sustentabilidade". Ao menos nesse departamento, eu estou atualizado.

  • Requintes de crueldade

    Fazer com que Lula fosse visitá-lo em sua casa para selar publicamente o acordo político de apoio à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo é o ponto de destaque, com requintes de crueldade, dessa aliança, que de inusitada não tem nada, a não ser a marcha batida do PT para escancarar seu pragmatismo à medida que Lula se sente acima do bem e do mal, podendo fazer qualquer coisa para vencer eleições.

  • Rio-92/Rio+20: contrastes e confrontos

    A Rio-92 realizou-se num contexto internacional favorável à cooperação proveniente da redução de tensões com o fim da Guerra Fria. Beneficiou-se da abrangência do conceito de desenvolvimento sustentável proposto pelo Relatório Brundtland, que favoreceu o entendimento Norte-Sul amainando as tensões da Conferência de Estocolmo, de 1972. Teve o lastro do conhecimento produzido pelo IPCC nas negociações que levaram à Convenção do Clima. Contou, no seu processo, com a competência do secretariado da ONU liderado por Maurice Strong e com os méritos do embaixador Tommy Koh, de Singapura, que presidiu o Comitê Preparatório da Conferência e, no Rio, o Comitê Principal.

  • Farsa histórica

    A foto que incomodou Luiza Erundina e chocou o país, do ex-presidente Lula ao lado de Paulo Maluf para fechar um acordo político de apoio ao candidato petista à Prefeitura paulistana (o nome dele pouco importa a essa altura) é simbólica de um momento muito especial da infalibilidade política de Lula.

  • O passado assombra

    A coincidência não deve agradar a Lula, mas dificilmente será possível dizer que se trata de mais um golpe dos reacionários contra o governo popular do PT. Aliás, o noticiário criminal envolvendo o PT indica que o partido há muito vem se metendo em enrascadas.

  • Catástrofes ao cronômetro na América Latina

    É absolutamente inédita a declaração do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, acreditando no próximo desaparecimento do presidente venezuelano. A reação imediata, de acusação de necrofilia, pelo governo de Chávez, mostra, de qualquer forma, a amplitude do risco, às vésperas das novas eleições, de impacto fundamental no norte da América Latina. O surpreendente da declaração de Zoellick é, já, o da sua antevisão do efeito sobre a economia cubana e, sobretudo, nicaraguense; esta, maciçamente dependente do subsídio venezuelano. E aí está a decomposição dos países bolivarianos nas novas contradições enfrentadas pelas dissidências em La Paz, levando ao exílio em massa dos seus opositores, e à acolhida do senador Pinto, no Brasil. O que pode passar, às vezes, despercebida é a inesperada reaparição das Farc, com assassinatos na própria Bogotá. E, tal, no momento em que a Colômbia chega a níveis inesperados de crescimento sob a presidência Santos, num cotejo a longo prazo com Caracas, não fosse, já, o mau presságio sobre a sobrevivência de Chávez.