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Artigos

 
  • Novas questões de ortografia

    Nos dicionários aparece duplicidade de grafia entre ‘lambujem’ (com j) e ‘lambugem’ (com g)  tanto aplicado à vantagem que se oferece ao adversário com que se joga (‘eu te darei cinco pontos de lambujem’) ou ao que se dá ou se ganha fora do esperado (‘nós ganhamos uma prenda de lambujem’),variante, nestes exemplos,de ‘lambuja’.  

  • Língua e ferrovia

    Quando, em 1988, visitei Angola e conversei bastante com o presidente José Eduardo dos Santos, a guerra civil estava num dos seus piores momentos. Falamos, sobretudo, sobre o modelo atrasado e retrógrado da administração portuguesa. O presidente angolano pensava em fortificar e desenvolver as línguas tribais com o objetivo de extirpar o português. Fi-lo ver que a nossa experiência fora diferente. Aqui o português matou os dialetos, sobrepôs-se ao nheengatu, a língua geral, e serviu para consolidar a unidade nacional. Assim, dizia eu ao presidente angolano, se os portugueses pouco deixaram em Angola, deixaram a língua, que a nova nação deveria utilizar para tirar todos os proveitos políticos, a unidade nacional e como instrumento para a educação e inserção no mundo com seus 400 milhões de falantes de português.

  • Contagem regressiva para a oposição

    O governo Dilma é todo o contrário, no seu nascimento, de um quadro de trancos e barrancos, ou de emergência de inconformismos latentes, nos dois mandatos do governo petista. No corte da equipe ministerial, entre quem ficou e quem entra, pode-se desenhar a expectativa da continuidade sem continuísmo, claramente manifestada desde o discurso inaugural. Mas a tranqüilidade nesse futuro imediato, e mesmo a médio prazo, tem como seu primeiro aliado a própria afirmação oposicionista, herdeira da força eleitoral da candidatura tucana. Mas em que termos a vitória do PSDB nos seis estados articula, numa frente coesa, o que seria o confronto com o governo nascente? Em alguns casos, como no Pará ou em Tocantins, os êxitos eleitorais mínimos deixam esses Executivos reféns dos novos avanços do PAC - e acelerados - nessas áreas. As governanças, por outro lado, de Goiás ou Mato Grosso do Sul manifestam a sua total autonomia ao, desde a posse, aproximar-se do governo Dilma e criar a sua contabilidade imediata de expectativas e favores.

  • Uma rosa ao peito

    São Paulo pulou na frente do Rio de Janeiro quando pensou na criação do Museu da Língua Portuguesa (MLP). Com o apoio prestigioso da Fundação Roberto Marinho, pôde dotar o MLP dos modernos recursos tecnológicos de que hoje dispomos, para tornar mais atraente o lidar com aspectos da nossa língua e da nossa literatura.

  • Anorexia e Inteligência

    A notícia chegou com atraso e deu um toque melancólico à passagem do ano: morreu a modelo e atriz francesa Isabelle Caro que, numa foto famosa, mostrou seu corpo magérrimo (pesava menos de 30 quilos) devastado pela anorexia nervosa, da qual ela, como muitas outras garotas, foi vítima. Fez disso uma causa, inteiramente justificada quando se considera as pressões exercidas, sobretudo sobre modelos, para que tenham um corpo delgado. Isabelle defendeu essa causa com coragem e com inteligência.

  • DNA das tragédias

    Todas as vezes em que ocorrem tragédias naturais, como a erupção do Vesúvio, em 79, o terremoto de Lisboa, em 1755, o de São Francisco, em 1906 (estou citando os mais espetaculares), e mais recentemente o do Haiti, cria-se uma oportunidade para se indagar não se sabe a quem: "E Deus? O que tem Deus a ver com isso?"

  • Ai de ti, Copacabana?

    Quando eu era menino, havia um médico que se tornou conhecido em Porto Alegre não por causa de suas qualidades profissionais ou pessoais; não, a razão de sua fama era outra: homem rico, tinha um apartamento em Copacabana. Dele as pessoas diziam, com admiração, respeito e inveja: O doutor X tem um apartamento em Copacabana.

  • A mulher sem medo

    Cientistas americanos estudam o caso de uma mulher portadora de uma rara condição, em resultado da qual ela não tem medo de nada.Folha.com, 17 de dezembro de 2010

  • Pés frios

    Tudo neste mundo é mais ou menos inexplicável. A fama de pés frios, contudo, é de uma clareza matemática, diria até, usando do mau gosto, de uma clareza de sol meridional.

  • A catástrofe anunciada

    A notícia que se tem, depois da tragédia, a maior na história carioca, com desolação e a morte de ricos e pobres, com mais de 500 vítimas, além da perda de casa e automóveis - em Petrópolis, Teresópilis e Nova Friburgo - é  que o governo do Estado do Rio sabia, desde 2008, dos riscos na região da catástrofe.

  • Insensata educação

    Para matar as saudades, recorri ao Dicionário da Língua Portuguesa, do filólogo Antenor Nascentes, para obter o registro preciso do adjetivo insensato. É tudo que é contrário à razão ou ao bom senso. A novela "Insensato coração", de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, começa a fazer sucesso e, por uma inexplicável associação de ideias, ocorreu-me aplicar o título à precária situação da educação brasileira. Tem muita coisa que se custa a entender, apesar dos reiterados diagnósticos que são feitos no setor. Assim como se discute o valor do salário mínimo, há diversas versões para o percentual do PIB a ser destinado à educação, com uma certeza absoluta: os atuais 5,2% são rigorosamente insuficientes. Na campanha presidencial, falou-se em 7% e agora, de forma aparentemente irresponsável, existem os que defendem 10%, sem esclarecer de onde sairiam os recursos.

  • Ser ou não ser universidade

    É provável que a expressão Educação Corporativa seja originária do modelo norte-americano, povoado de escolas com características inovadoras, servindo sobretudo às grandes empresas. Uma forma evidente de aperfeiçoar a política de recursos humanos.

  • “Morram os vivos”

    “Venhamos ao presente. O presente é a chuva que cai, menos que em Petrópolis, onde parece que o dilúvio arrasou tudo ou quase tudo, se devo crer nas notícias; mas eu creio em poucas coisas, leitor amigo. Creio em ti, e ainda assim é por um dever de cortesia, não sabendo quem sejas nem se mereces algum crédito. Suponhamos que sim. Creio em teu avô, uma vez que és seu neto, e se já é morto; creio ainda mais nele que em ti. Vivam os mortos!

  • O copioso ministério e suas superposições

    O novo Ministério não evidencia, apenas, a amplitude da descentralização de tarefas e funções em que o governo Dilma comandará o desenvolvimento sustentado. São múltiplos os escaninhos das políticas de mudança, e das interações entre o trato da mobilidade social e da situação econômica. Ou do delineio das políticas de igualdade de gênero ou de raça, no tronco de defesa e avanço dos direitos humanos. A cogitação que surge logo, entretanto, é a de se verificar se, em toda essa trama de desempenhos, não enfrentaremos superposições e possíveis embates, nascidos, inclusive - e sobretudo-, da complexidade dos fenômenos sociais à sua frente. De saída, vá-se, no campo do Ministério da Justiça e da Segurança, às políticas de saneamento da violência nas favelas, no entusiasmo em que o Ministro Cardozo se refere às conquistas logradas no Complexo do Alemão, e as vê como extensíveis a todo o país.