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Artigos

 
  • Quem?

    Desconfio de que já contei esta história em crônica muito antiga, mas de forma incompleta. Agora, com a proximidade das eleições, acredito que ela deva ser relembrada. O escritor Álvaro Lins foi editoria-lista do 'Correio da Manhã', chefe da Casa Civil na Presidência de JK e embaixador em Portugal, onde, aliás, criou um caso internacional dando asilo a um adversário do regime salazarista. Muitos o consideram o crítico literário mais completo do Brasil. Sua entrada na Academia Brasileira de Letras foi uma noite memorável, pois chegou atrasado duas horas para a cerimônia. Em Lisboa, ele decidiu visitar a Suíça, sendo ali recebido com todas as honras. Na manhã do seu primeiro dia em Genebra, depois de ler os jornais locais, deu um giro pela cidade em companhia de um funcionário do governo. Andou pelas ruas, de carro e a pé.

  • A pizza e o strogonoff

    Em Brasília o clima tem sido denso de fofocas, expressão popular que os comentaristas políticos, sérios, conspícuos, traduzem por "tensão". E aqui entre nós, as tensões têm sido muitas e graves: quebra de sigilo na Receita Federal, escândalos na Casa Civil, longuíssima e inútil discussão no Supremo Tribunal Federal sobre a lei da Ficha Limpa, nepotismo diversificado e, menos recente, o mensalão envolvendo parlamentares, prisão de políticos, desentupido tráfico de influência, corrupção em várias modalidades e por aí vai.

  • Cinema e Contestação

    Neste domingo, às 18 horas, graças ao dinâmico Santander Cultural e à fantástica Aliança Francesa, terei uma missão gloriosa: participarei de um debate com o grande cineasta israelense Amos Gitai e seu produtor, Laurent Truchot. Gitai veio de um festival sobre sua obra, realizado no Rio, e aqui encerrará a Mostra Especial que reúne vários e importantes filmes, marcos de uma carreira marcada pelo talento e pela coragem.

  • Lula ficou tiririca

    Tudo bem. Apesar das trapalhadas dos últimos dias, as eleições foram calmas e os resultados mais ou menos previstos: a queda de Dilma e a subida de Marina. Mais uma semana e ela poderia entrar no segundo turno.

  • Os estudantes fogem da escola

    Foi uma comemoração singela, de acordo com a personalidade da homenageada. A professora Edília Coelho Garcia, ao completar os seus primeiros 90 anos de vida, como se disse no belo cartão que lhe foi entregue, na Casa de Julieta Serpa, no Rio, falou um pouco sobre as lembranças e as esperanças que ainda tem em relação a educação brasileira. Não escondeu o seu tradicional e conhecido espírito crítico: “Se não forem feitas mudanças substanciais, será difícil encontrar o caminho que nos leve ao crescimento desejado.”

  • O Papa do dissenso democrático

    O Papa acaba de realizar na Inglaterra viagem exemplar para dizer da sua lição sobre modernidade e secularização. Bento XVI, pouco dado a viagens, ao contrário de seu antecessor, tem buscado lugares canônicos para desenvolver esta visão contemporânea da Igreja, diante dos conflitos culturais emergentes da "guerra de religiões" ou, sobretudo, do confronto entre ciência e crença centrado na profunda discussão sobre o relativismo contemporâneo e os novos embates entre a fé e o conhecimento.

  • Os livros sublinhados

    Nem sempre escolho os livros que devo ler. São eles que me escolhem, me chamam da prateleira de uma livraria, e muitas vezes os compro sem saber qual a razão; mas cada um deixa sempre algo importante. Recentemente abri ao acaso alguns volumes de minha pequena biblioteca, e copio trechos sublinhados;

  • A renovação de uma língua

    Companheira dos usuários, a língua participa dos acontecimentos e mudanças históricas por que eles passam, sucessos ou fracassos. A língua portuguesa, transplantada à América por nossos descobridores e colonizadores, chega ao Brasil no século 16 num momento promissor.

  • Agora, é sem sorrisos

    Até ontem, o DMLU já tinha recolhido mais de 80 toneladas de cartazes, de santinhos, de panfletos diversos, um reflexo do peso do marketing político na campanha eleitoral. Pode ser um alívio, mas algumas coisas talvez deixem saudade. Por exemplo: as fotos dos candidatos sorrindo.

  • Carlos Chagas Filho e a ciência brasileira

    Há uma série de comemorações dos centenários de figuras ilustres da vida brasileira. Depois de Rachel de Queiroz e Aurélio Buarque de Holanda, agora é a vez de ser relembrado o que Carlos Chagas Filho representou para a nossa ciência. Foi o que fizemos, na Academia Nacional de Medicina, a convite do seu presidente, Pietro Novellino.

  • A polêmica do e-book

    Em primeiro lugar porque, ao que tudo indica, será um sucesso de vendas. Segundo recente matéria do The Wall Street Journal, os e-books já respondem, nos Estados Unidos, por cerca de 8% do faturamento total da venda de livros, o dobro do ano passado. Especialistas no mercado editorial acham que poderão representar 20% a 25% do total de vendas até 2012. Paralelamente, caem as vendas de livros de papel: nos Estados Unidos foram vendidos, em 2008, 1,63 bilhão de unidades (excluindo volumes educativos e técnicos), mas neste ano de 2010 o total deve diminuir para 1,47 bilhão (e para 1,43 bilhão em 2012). Pergunta: como vai repercutir esta tendência no meio editorial? E em relação aos autores? Questão complexa. Para começar, temos o assunto dos direitos autorais. Tradicionalmente, o autor recebe uma porcentagem que pode variar entre 5% e 15% do preço de capa (10% é a cifra mais comum). Mas isso vai mudar.

  • Fome de verdade

    Há uma cegueira que se tornou, praticamente, coletiva, bem maior do que a ensaiada por José Saramago, no seu conhecido livro, seja na política em que desapareceu a verdadeira oposição, fundamental no jogo democrático, ou nos deixa sem possibilidade de opção, seja nas artes que se fechou em cerebral experimentalismo, seja na literatura, onde se extravia, lentamente, a consciência cultural.

  • Dedicação a Pernambuco

    Fiz de minha vida uma missão: pôr-me sempre a serviço de Pernambuco e do povo pernambucano. Por mais universal que seja a vocação de cada um, como foi a de Joaquim Nabuco, é na terra em que nascemos que buscamos força, inspiração e alento. Devo a Pernambuco e ao povo pernambucano não apenas o que sou, mas tudo quanto, ao longo de minha existência, conquistei no exercício de sucessivos mandatos que sempre me foram concedidos. A esta generosidade não poderia responder senão com empenho e trabalho. Podemos divergir e a divergência é prova de vitalidade política e da natureza apaixonada de nossas convicções. Somos uma parcela do povo brasileiro que nada negou ao Brasil. Aqui não se forjou apenas o sentimento da nacionalidade. Aqui fincamos as raízes do nosso amor à liberdade. Regamos com sangue de nossos mártires e heróis as virtudes cívicas de todo o nosso povo. Tenho orgulho de ser parte desta herança que Pernambuco legou ao Brasil e a ela tenho procurado ser fiel.

  • Política e má consciência religiosa

    O balanço do processo eleitoral e a iminente vitória de Dilma já levam a inevitáveis revanchismos, todos a escrutinar possíveis contradições na personalidade da candidata. Ou inquirir sobre a sua religião, como condição "sine qua non" para o programa de governo.