Foi um gol de letra do presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça. Convidou a diretoria do Flamengo para um almoço na Casa de Machado de Assis, com pelo menos três grandes atrações: o craque Ronaldinho Gaticho, o técnico Wanderley Luxemburgo e a presidente Patrícia Amorim. Para valorizar o evento, Vilaça comemorou os 110 anos de José Lins do Rego, escritor paraibano que era torcedor fanático do "Mengão", como pude observar nos tempos iniciais de jornalista esportivo. Era um consagrado romancista, com o seu clássico "O menino de engenho", mas escrevia com toda paixão a respeito do Flamengo e seus craques da época, entre os quais o inesquecível Zizinho. Aliás, não perdoou o grande atacante quando este se transferiu estranhamente para o Bangu. Zé Lins escreveu contra ele, desdizendo tudo o que, antes, era uma profunda e aparentemente definitiva admiração. Voltemos ao almoço na Casa de Machado de Assis.Ronaldinho foi perguntado por um repórter se agora era "carioca". Agradeceu delicadamente a gentileza e disse que seria "gaúcho" até morrer, mas estava amando o Rio e a receptividade do seu povo. Depois, outro repórter quis saber qual o último livro lido por ele. Ronaldinho ficou sem jeito, disse que não lembrava, mas que iria pedir conselhos aos imortais presentes. Aí, Vilaça mandou descolar um livro de Zé Lins sobre o Flamengo e deu de presente ao craque. "Assim você pode iniciar a sua vida de leitor, porque terá a necessária motivação."