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Artigos

 
  • Dentadura, sapato ou emprego

    A grande festa da democracia já está rolando, embora a animação não pareça das mais intensas. Pelo menos para mim, nos cada vez mais escassos momentos em que consigo assistir ao horário eleitoral sem dormir, lembra esses circuitos de Fórmula Um onde as ultrapassagens são quase impossíveis e a corrida se define logo depois das primeiras três ou quatro voltas. Espero não violar nenhuma lei eleitoral, ao endossar a opinião de praticamente todo mundo com quem converso, ou seja, o dr. Serra já perdeu, anda com jeito de perdedor e às vezes a campanha dele dá a mesma impressão que a de um time de futebol em campo apenas para cumprir tabela. Observando-a em andamento, a gente às vezes precisa até de um pequeno esforço, para recordar que se trata de um candidato da oposição.

  • Uma tragédia brasileira

    O Palácio do Catete, no Rio de Janeiro,é um dos mais belos exemplos da arquitetura neoclássica no país. O prédio, luxuosamente decorado, tem entrada pela Rua do Catete,os jardins estendem-se até a Praia do Flamengo e é um prazer caminhar por suas areias, entre a luxuriante vegetação, os espelhos d'água,as estátuas de bronze em estilo europeu.Também se pode visitar o palácio propriamente dito, mas aí a sensação é outra: o terceiro andar foi o cenário terminal de um dos mais sombrios episódios de nossa história : o suicídio  de Getúlio Vargas, ocorrido a 24 de agosto de 1954, o triste final para a tragetória política de repercurssão nacional e internacional, trajetória esta  que se havia iniciado 24 anos antes, quando comandando as tropas na revolução de 1930, Getúlio chegava triunfante, à então capital federal. Afastado do poder em 1945, na onda global de democratização que se seguiu ao fim da II Guerra,Vargas retornou à Presidência consagrado por maciça votação. Encontrou uma tenaz oposição, que conseguiu encurralá -lo, desencadeando um final tão inesperado quanto chocante, um final que só teria alguma correspondência no suicídio de Salvador Allende.

  • A independência do Kosovo e a Corte de Haia

    O fim da guerra fria, ao dissolver polaridades, deu espaço às latentes forças centrífugas da vida social. Daí uma sublevação de particularismos - para falar como Octavio Paz - que hoje se expressa no reivindicar de políticas de reconhecimento e identidade. Uma manifestação disso é o tema do multiculturalismo no plano dos direitos humanos.

  • Como seria bom

    Há muitos e muitos anos, ir à Suécia era o sonho de jovens brasileiros que sobre ela só sabiam que revistas pornográficas lá eram produzidas e vendidas livremente e que as suecas tiravam a roupa assim que avistavam negros e morenos de modo geral, caso da grande maioria de nós. Até já estive na Suécia, ainda mais ou menos nessa época, e receio ter de recordar que meu bronzeado baiano não fez nenhum sucesso. Mas a imagem antiga, diluída em fantasias juvenis, permanecia na memória. De uns tempos para cá, contudo, isso vem sendo substituído por um certo calafrio, quando me bato com uma notícia vinda de lá.

  • Desta vez é despedida mesmo

    Não sou político, mas devo estar aprendendo com o exemplo, porque prometi um par de vezes aposentar definitivamente meu caderninho de implicâncias com a linguagem, até porque não quero ocupar este espaço com mais uma coluna sobre o bom uso de nossa língua, para o que, diga-se a tempo, não sou muito qualificado. Tem bastante gente fazendo isso nos jornais, com competência. Mas não cumpri — aliás, não estou cumprindo agora — as promessas. Peço a indulgência geral e prometo, agora solenemente, que tão cedo não torno a outra. Bem verdade que os políticos também fazem promessas solenes, mas espero não imitá-los no hábito de esquecê-las.

  • Visita à casa dos fantasmas

    Aproveitando a tarde chuvosa, decidi dar uma volta. Geralmente, costumo ir à praia, passear pela orla, mas caía uma garoa miúda e irritante, resolvi me embrenhar em outros bairros, distantes bairros de minha infância, que há muitos anos não visito, em parte por preguiça, em parte (ou no todo) por fastio. Peguei o carro e, sem saber o que fazer, fiz o que não devia.

  • As Guerras Púnicas

    - Há quem admire ou inveje os cronistas que dispõem de espaços na mídia, podendo escrever ou abordar assuntos fora da pauta dos editores e até mesmo das características essenciais do veículo, seja jornal, revista, rádio ou TV.Ledo e ivo engano! Trabalho nesta praia há muitos anos e até hoje não consegui emplacar um assunto de minha preferência: as Guerras Púnicas.

  • Previsões previsíveis

    Na campanha eleitoral que, a despeito das aparências, transcorre no momento, tenho sentido falta de previsões de pais de santo, videntes, astrólogos e outros que enxergam o futuro.

  • O sacerdote e o filho

    Durante muitos anos, um sacerdote brâmane cuidava de uma capela; quando precisou viajar, pediu a seu filho que se encarregasse das tarefas diárias até o seu retorno. Entre essas tarefas, o menino devia colocar a oferenda de alimento diante da Divindade, e observar se Ela comia.

  • Voto e fatalismo cívico

    A fatalidade da vitória de Dilma não acarreta, apenas, um desinteresse crescente à campanha, implica uma completa deserção das temáticas do futuro governo, e leva a candidata até a descartá-los como fator de mobilização do voto para o 3 de outubro. De toda forma, é de se esperar uma manifestação clara sobre a negativa de qualquer Assembléia Constituinte para obter-se a decantada e utópica reforma política nacional.A consciência pública já se deu conta do novo escapismo que representaria a proposta suscitada por Marina, na contramão das prioridades do "que-fazer" brasileiro.

  • Pronúncias daqui e de lá

    O jovem universitário Enio Reis, de Salvador, pede-nos que  explique a razão da pronúncia da variante europeia do português, que em sua opinião é “muito má”. Tal solicitação nos oferece a oportunidade de trocar ideias sobre certas opiniões distorcidas que o falante comum tem de sua própria língua,distorções que o levam a sérios enganos.

  • A candidatura Dilma e a política externa

    “Nunca, jamais, na História deste país” - para evocar o bordão preferido do presidente Lula - um chefe de Estado se dedicou a mobilizar tantos recursos para favorecer a sua candidata numa eleição presidencial. Na campanha, o tema recorrente do presidente tem sido a importância da continuidade do que entende ser a inédita qualidade do seu governo. Essa continuidade a candidata Dilma Rousseff, por ele ungida como um seu Outro Eu, teria o dom de levar adiante, até mesmo em matéria de política externa. Assim, no debate democrático sobre as opções que o País tem pela frente, cabe uma discussão sobre a qualidade da diplomacia lulista.

  • Cartão amarelo

    Na crônica anterior (“A dúvida e a dívida”), lamentei sinceramente a crise que bagunçou o coreto da Casa Civil, já bagunçada por episódios escandalosos até agora não explicados e punidos. Embora não votando nos candidatos principais à sucessão de Lula, eu achava que o eleitorado estava bem servido com Serra e Dilma, que se equivalem em méritos e em moralidade.