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Artigos

 
  • O preço da felicidade

    Para saber até que ponto dinheiro compra felicidade, estatísticos analisaram um banco de dados gigantesco. A renda é um dos fatores que tem aí peso importante. Diz Daniel Kahneman, da Universidade Princeton: "Uma renda pequena exacerba as dores emocionais associadas a problemas como divórcio, doença ou solidão". As condições para a felicidade são: ser religioso, não ser jovem, ter plano de saúde, ter curso superior, ser casado, ter filhos, e ganhar mais de R$ 6.800 por mês.Folha.com

  • As aparências enganam. E muito.

    No excelente Milênio (GloboNews), Lucas Mendes recentemente entrevistou Paul Bloom, psicólogo norte-americano, professor da Yale, cuja área de interesse é muito atual, e pode ser sintetizada no título de um de seus livros: How Pleasure Works: The New Science of  Why We Like What We Like (Como Funciona o Prazer: A Nova Ciência de por que Gostamos Daquilo que Gostamos).Ao contrário do dito popular, o professor Bloom acha que gosto se discute, sim, e quer saber o que está atrás de nossas escolhas em várias áreas, que vão desde a arte até as coisas do cotidiano. 

  • O livro dos livros

    Embora contra a vontade, respondo a um amigo que me pede uma relação de livros que eu gostaria de reler, caso dispusesse de tempo. Em minha resposta, incluiria alguns livros que realmente gostaria de reler — não por serem bons ou necessários, mas apenas por fidelidade pessoal. Estanharam que eu incluísse Michel Zevaco e Alexandre Dumas, deixando de relacionar Shakespeare, Homero ou Dante. Ora, senhores, livros há que necessariamente obrigam a que se arranje tempo e vontade para a releitura. No caso de Shakespeare, por exemplo, qualquer folga na minha rotina e eu pego o "Otelo". Por modéstia, não vou dizer aqui os livros que obrigatoriamente leio todos os anos. Posso adiantar alguns, como "Tartarin de Tarascon", "Asia", "Memórias de um Sargento de Milícias", a Constituição do Brasil e o Código Nacional de Trânsito. São leituras pias e úteis, a que me obrigo por dever e gosto, tentativas frustradas de me tomar um bom cidadão. Stendhal lia todas as semanas o Código Civil em busca de um estilo seco, despojado, perfeito.

  • A vã e ingênua reforma política

    Fenômeno inédito depois do disparo de Dilma é a desaparição de Serra nos cartazes de candidatos de oposição. Aí estão imagens novinhas, despojadas do nome do presidenciável tucano. Mas esse quadro de abandono das esperanças ao Planalto não se acompanha de subida da onda petista capaz de abalar as duas candidaturas decisivas na composição do poder político após as eleições. Por mais que dobre o apoio a Mercadante, a vantagem final de Alckmin parece garantida, e Anastasia já se antecipa ao candidato petista em Minas. O efeito Aécio parece equilibrar a longo prazo uma hegemonia de Dilma no Planalto.

  • A alternativa

    Não parece, mas a crônica anterior, publicada na quinta-feira, sobre as Guerras Púnicas, gerou inesperado retorno dos leitores, que se manifestaram em e-mails, todos a favor. Menos um, que preferia assunto mais recente e mais empolgante, como o caso da Receita Federal versus a filha do Zé Serra.

  • A agonia do JB

    O Jornal do Brasil nasceu em 1891, fundado por Rodolfo Dantas, filho do Conselheiro Dantas, lendária figura do Império, para combater a República. Eram os viúvos da Monarquia, como dizia Nabuco, que formavam sua equipe de enfrentamento.

  • Onde estava o povo?

    Mesmo antes da fotografia, cenas importantes da história dos povos eram retratadas por artistas famosos. Que usavam tanto o conhecimento do que havia acontecido como sua própria imaginação. A distorção da realidade era inevitável, mas, de qualquer modo, trata-se de obras importantes. No caso do Brasil, permitem uma sempre oportuna reflexão sobre a relação entre povo e poder. Três quadros são, neste sentido, paradigmáticos, a começar por A primeira missa no Brasil, do catarinense Victor Meirelles de Lima (1832-1903). De origem humilde, Victor Meirelles teve, no entanto, seu talento logo reconhecido, tornou-se aluno da Academia Imperial de Belas Artes, aperfeiçoou-se na Europa, especializou-se em pintura histórica. Seu quadro mostra a primeira missa rezada em nossa terra. Vemos ali, diante de um improvisado altar, um padre, no momento em que eleva no ar o cálice com o vinho. Próximos a ele, frades e os descobridores, alguns com couraça e armas. Na periferia, sentados no chão, ou sobre árvores, os índios, aparentemente espantados com o que estão vendo. O segundo quadro é obra do artista paraibano Pedro Américo, que, como Victor Meirelles estudou em Paris e era um respeitado representante da arte acadêmica no Brasil. Em 1888, e a pedido do governo imperial, pintou uma gigantesca tela, de quase 8 metros de largura por 4 metros de altura, que atualmente está no salão nobre do Museu Paulista da USP. A denominação original era Independência ou Morte, mas a obra ficou conhecida como O grito do Ipiranga. Além de Dom Pedro, os personagens principais são os garbosos cavaleiros da comitiva; formam um semicírculo à direita e à frente do grupo principal. À esquerda, Pedro Américo não colocou cava leiros; mas, e até por questões de simetria, algo, ou alguém, tinha de aparecer ali. O artista então optou por uma solução que, se não chega a ser inusitada, pelo menos chama a atenção. O que temos ali, à esquerda, é um homem do campo, conduzindo uma carreta com toras, um espectador absolutamente casual que olha a comitiva com óbvia curiosidade e até espanto.

  • A vida e a história

    "É o final de um dos romances de Émile Zola, "A Fecundidade". Ao terminar o gigantesco projeto dos Rougon-Macquart ("História Natural e Social de uma Família sob o Segundo Império"), Zola escreveria o que chamou de seus quatro evangelhos: a fecundidade, o trabalho, a justiça e a verdade. O primeiro deles termina com o grito de uma jovem camponesa varando a tarde e o campo: "A vaca pariu um bezerro!"

  • A formação do povo político

    Falar em democracia política é falar do governo do povo. Segue-se que a condição da existência da democracia é a presença de um povo político. Povo político, por sua vez, é aquele que dispõe de todas as condições, materiais e intelectuais, para participar conscientemente e eficazmente da vida pública de maneira direta ou indireta. É aquele que pode votar, aderir a partidos, manifestar-se nas ruas e na mídia, apoiar, protestar, rebelar-se. Povo político é a cidadania ativa.

  • A canoa do corpo

    Remo com força para a direita. A canoa é um pouco mais que o corpo.A canoa é o corpo; o rio, alma. A voz das águas tende a vir pelas narinas do sono.

  • Comer para emagrecer

    A obesidade é uma patologia. Assistíamos de longe aos esforços de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, para combater o fenômeno que atinge especialmente a sua juventude. Agora, isso nos toca de perto. Cerca de 30% dos nossos jovens padecem do mal, sobretudo nas regiões desenvolvidas do país, provando que não nos livramos dos contrastes que marcam a nossa história: de um lado, no Norte e Nordeste, ainda há marcas evidentes da desnutrição que causa a fome, como comprovou o cientista Josué de Castro. No Centro-Sul e no Sudeste, produtos industrializados (frituras, doces e refrigerantes), um grande mal.

  • Sabedoria de Athayde

    Até hoje, o nome de Austregésilo de Athayde é pronunciado com muito respeito na seara cultural. Foi um belíssimo orador, valorizando a arte de falar, que dominou como poucos. Tinha um poder especial sobre as plateias que o ouviam, com um certo embevecimento, pois construía frases de efeito utilizando, em geral, o seu vasto conhecimento sobre a Grécia e os seus mitos. De uma feita, homenageado em São Paulo, pediu a palavra antes do jantar e se prolongou muito, para desespero da dona da casa. Com delicadeza, chamei sua atenção. A resposta foi dada para que todos pudessem ouvir: “Não vim aqui para comer. Podem começar a servir que eu vou continuar falando até cansar...” Praticamente, perdeu o delicioso jantar. Um dos privilégios da minha vida foi ter convivido, por muitos anos, com o grande presidente da Academia Brasileira de Letras, jornalista Austregésilo de Athayde. Dele recebi admiráveis lições, que não saem da minha memória. Uma delas foi a tolerância com os detratores da instituição, muitos deles escritores frustrados. Quando lhe perguntei a causa dessas críticas, ele me olhou com a complacência dos mais velhos, e disparou: “Não se preocupe com isso, meu filho. Assim que eles entram para a Academia, mudam de opinião.”

  • Maquiavel,Serra e a oposição

    A aguda crítica de Demétrio Magnoli à campanha de Serra é também antológica quanto ao equívoco que marca a próxima ida às urnas. Não se trata mais de uma escolha entre situação e oposição, em nome de um metafísico direito de voto. O “berro da realidade”, a que se refere o analista, é de uma tomada de consciência nacional quanto ao nosso rumo político: ratificar, ou não, a continuidade do que está aí, como o único e desejável caminho do desenvolvimento sustentado.

  • Que cargo...

    Depois que a evolução política da humanidade criou o presidencialismo como uma das mais altas conquistas da democracia, a eleição presidencial passou a ser o mais importante evento do exercício democrático. O voto é a síntese de toda construção que se processa no sistema político. Uma eleição presidencial é uma soma de ambições, que vão das mais legítimas até à do poder partidário, que se resume no direito de proporcionar mandos menores.

  • Guerra e sigilo

    Clausewitz, o maior filósofo da guerra, afirmou ser ela uma continuação da política por outros meios. No Brasil Colônia (séc. 16 e 17), no enfrentamento com os índios, até os padres falavam em guerra justa, destinada a salvar as almas dos indígenas do diabo. Anchieta foi um encabulado adepto dessa linha.