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Artigos

 
  • A Flip vem aí

    Que o Brasil está mudando para melhor não pode haver dúvida. É só consultar os números: os indicadores econômicos, os indicadores de saúde e bem-estar social (a mortalidade infantil diminuindo, a expectativa de vida aumentando, o analfabetismo caindo, pessoas saindo da faixa da pobreza absoluta). E isso se manifesta também na área cultural: o mercado livreiro está crescendo, a rede de ensino está introduzindo os jovens à literatura e, detalhe interessante e significativo, aumenta o número de eventos livreiros-literários.

  • A força da arena acadêmica

    O gesto de premiar, que nos premia também, pois, como ensinou Nabuco, nós somos quarenta, mas não somos os quarenta. É meritório reconhecer os valores que não são os da casa. Isto, mais que uma obrigação ética, é uma satisfação para os acadêmicos. Anotemos que entre os premiados há valores de muitos brasis e de diferentes gerações, selecionados em votação nas comissões e no plenário, a partir de pareceres subscritos por acadêmicos. Isto, em relação ao gesto de premiar.

  • A volta do caderno rabugento

    Não sei se vocês se lembram de quando lhes falei, acho que no ano passado, num caderninho rabugento que eu mantenho. Aliás, é um caderninho para anotações diversas, mas as únicas que consigo entender algum tempo depois são as rabugentas, pois as outras se convertem em hieróglifos indecifráveis (eu sei que o recomendado é “hieróglifo”, mas sempre achei que quem diz “hieróglifo” está tentando descolar alguma coisa dos dentes), assim que fecho o caderno. Claro, é o reacionarismo próprio da idade, pois, afinal, as línguas são vivas e, se não mudassem, ainda estaríamos falando latim. Mas, por outro lado, se alguém não resistir, a confusão acaba por instalar-se e, tenho certeza, a língua se empobrece, perde recursos expressivos, torna-se cada vez menos precisa.

  • Anticlímax e eleições sem surpresas

    O nítido anticlímax eleitoral tomou conta das primeiras semanas de campanha. Seu pano de fundo são os 77% de apoio ao atual governo e as dificuldades de uma oposição clássica para o confronto. E o ativo político do país hoje é desta consciência profunda da mudança acelerada nesta década, a assentar uma visão difusa, mas não menos certeira do voto-opção.

  • Como é boa a hora do reconhecimento

    Todos sabem que a profissão do magistério traz imensos benefícios. Seria falso, no entanto, afirmar que não tem lá suas compensações, que costumamos valorizar quando elas se casam com o exercício pleno de uma verdadeira vocação.

  • Cony de corpo inteiro

    Ele insiste em não querer se apresentar por completo aos seus leitores. Uma forma dissimulada de modéstia ou de fazer aquilo que no esporte se chama "esconder o jogo". Assim é o escritor e acadêmico Carlos Heitor Cony, de quem somos amigos há mais de 30 anos. Primeiro escreveu o seu antológico "Quase memória". Não contou tudo, mas deixou claro o afeto pelo pai, jornalista da velha guarda, além do apreço pelos balões hoje proibidos.

  • Da presunção

    Não sei que pessoas fazem parte das consultas do economista-chefe do maior banco do país, que diagnosticou que a 'bolha que nos ameaça é a bolha da presunção' e não os escolhos da economia. Ninguém pode negar a autoridade técnica do entrevistado, mas sua afirmação surpreende. Ainda mais sabendo que os banqueiros lidam com números e não brincam com as palavras.

  • De que morreu Simon Bolívar?

    Dificilmente haverá, na história da América Latina, uma figura mais importante do que Simon Bolívar (1783-1830), o Libertador, líder político e militar venezuelano que, juntamente com José de San Martín, desempenhou papel importante na luta contra o domínio espanhol. Foi ele quem conduziu à independência Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá e Peru.

  • Deng e Bolívar

    A autoestima volta. E isso que nos diz o Latinobarometro, que faz periodicas afericoes sobre a America do Sul, com a bencao da ONU, atraves do PNUD. Certa vez escrevi aqui a perplexidade em que o barometro nos colocava ao mostrar que o nosso povo nao aprovava a democracia e preferia um governo autoritario que lhe desse boa vida.

  • Desvio de recursos na educação

    Nada menos de 21 estados brasileiros deixaram de aplicar R$ 1,2 bilhão de reais no ensino básico, em 2009. A acusação é do Ministério da Educação. Esses recursos não foram repassados ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Foram desviados para outras atividades, possivelmente menos prioritárias.Não é pouco dinheiro: no Rio foram 28 milhões, mas em São Paulo a irregularidade foi superior a 600 milhões. Se isso acontece e é denunciado publicamente, pode-se inferir que a perda é da própria educação, no seu conjunto. Devemos louvar o esforço do Ministro Fernando Haddad. Ao falar no “Seminário Internacional de Avaliação de Professores da Educação Básica”, no Rio de Janeiro, foi bastante enfático na defesa da cultura da avaliação, de que andamos divorciados por tanto tempo. Mostrou que o Ideb representa um avanço considerável, com a radiografia, hoje, de 50 mil escolas e mostrou, sob aplausos, que “Não há boa educação sem professores altamente qualificados.” É claro que isso também envolve salários compatíveis com os de outras profissões. Por essa razão, o MEC criou, de forma inteligente, as Bolsas de Iniciação Docente, que este ano chegarão ao número de 20 mil. É uma reação que não pode passar despercebida.

  • Entre o mar e o rochedo

    Médico de saúde pública, trabalhei numa vila popular na periferia de Porto Alegre, lugar paupérrimo, e, como seria de esperar, violento; pessoas de fora não se atreviam a ali entrar. Mas uma professora da escola local garantiu-me que esse problema para ela não existia; podia andar por toda a vila, sem receio, porque tinha a proteção dos moradores. E ela não era exceção. O mesmo acontecia com funcionários da escola e do posto de saúde.

  • Exercícios para o corpo, exercícios para o cérebro

    Nos últimos anos, ficou claro que, para evitar os problemas da doença de Alzheimer e de outras formas de senilidade, era preciso exercitar o cérebro. Mas parecia óbvio que falar em exercício para o cérebro era uma metáfora, era força de expressão. Isto porque o cérebro não tem músculos, não tem articulações; o exercício cerebral consistiria, pois, em estimular os neurônios a fazer conexões. Como? Por meio da leitura, de palavras cruzadas, de testes variados.

  • Furto nas alturas

    "Senhores passageiros, sejam muito bem-vindos ao nosso voo. Como informou o nosso comandante, estamos prontos para decolar. Peço, pois, que afivelem seus cinturões, retornem o encosto da poltrona para a posição vertical e mantenham travada a mesinha à sua frente. A partir desse momento, todos os equipamentos eletrônicos deverão ser desligados.

  • Fazer o quê? O que fazer?

    Quando o Brasil foi eliminado da Copa, ouviram-se comentários irritados contra Dunga, contra jogadores, contra a CBF. Mas a frase mais comum foi o clássico Fazer o quê?, marca registrada do fatalismo brasileiro. Perdemos, fazer o quê? Poderia seguir-se o igualmente habitual seja o que Deus quiser, mas, considerando que o Senhor está um pouco acima das misérias do futebol, as pessoas resolveram, ao menos nesse transe, deixá-Lo em paz.

  • Futebol e marginalidade gloriosa

    Zico, em entrevista, finalmente cobrou as consequências do que ora vê o Brasil, no horror do crime de Bruno e seus asseclas. Dá-se conta o país do quanto a marginalidade infestou o cotidiano dos jogadores do esporte sumo. Mais, ainda, permitiu-lhes a sensação de impunidade, em que o goleiro surge, na sequência de outros astros frequentadores de drogas, nas paradas sexuais da Barra, ou na farra permanente. Não testamos, ainda, o quanto esta nossa preguiçosa tolerância engole a consciência, diante da abominação.