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Artigos

 
  • Arte, loucura, terapia

    A ideia segundo a qual os artistas são meio malucos é antiga. Para os gregos, o impulso artístico resultava de uma possessão, verdade que pelas gentis Musas, mas possessão. E de possessão a loucura vai um passo, o que explica o comentário do poeta inglês Lord Byron: “We, of the craft, we are all crazy”, nós, desse ofício, somos todos loucos. O diagnóstico vale não só para a poesia, mas para todas as artes. Na pintura não foram poucos os casos de franca doença mental. Num ataque de loucura, Vincent Van Gogh cortou uma orelha. O norueguês Edvard Munch, de O Grito, era alcoólatra, sofria de alucinações e foi internado numa clínica psiquiátrica. Andy Warhol tinha um grau moderado de autismo.

  • Cabral e a Oração aos moços

    Bernardo Cabral, ele também um grande orador e jurista de renome, relator dos trabalhos da Constituinte de 1988, fez uma apreciada conferência no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Recordou, com muita propriedade, o que Rui Barbosa representou para o Brasil, nas várias atividades nacionais e internacionais em que se envolveu. Sem dúvida, uma figura estelar, como o jornalista e acadêmico Murilo Melo Filho demonstrou de forma competente no livro “O brasileiro Rui Barbosa”, há pouco editado pelo jornal “A União”.

  • Qual independência?

    O brado de dom Pedro I no 7 de setembro sintetiza um desafio que também aparece em lemas, em canções, em hinos, em poemas: ou a liberdade ou a luta, luta encarniçada, mortal. É algo universal: se vocês entrarem no Google e digitarem a (aproximada) versão em inglês desta expressão, “freedom or death”, aparecerão nada menos de 68 milhões de referências, que incluem o título de um livro do grego Nikos Kazantzakis (autor de Zorba, o Grego), o nome de uma banda, e a inscrição de uma camiseta apreendida no aeroporto de Londres sob a alegação de que incitava ao terrorismo. “Independência ou morte” expressa o indignado desejo coletivo de um país, de um grupo humano; no caso de dom Pedro havia também o drama pessoal, desencadeado pela carta recebida junto ao Ipiranga, em que o pai lhe ordena que retorne a Portugal. O príncipe era muito jovem e tinha emoções à flor da pele – suas paixões eram célebres. Certamente, e quem sabe movido por um sentimento edipiano, tomou a determinação paterna como medida opressora, tirânica. E, aí, sacou a espada e soltou seu brado, aclamado entusiasticamente pela comitiva; o povo, como de costume, não estava presente.

  • Arte e enxaqueca

    Enxaqueca, todo mundo sabe, é um tipo de dor de cabeça que, em geral, é sentido em um lado só do crânio; daí o termo “hemicrânia”, criado pelo famoso médico Galeno de Pergamon há quase dois milênios – o problema, portanto, é muito antigo. De hemicrânia surgiu o vocábulo migraine, em inglês e francês, uma das palavras mais empregadas na linguagem médica, o que não é de admirar: cerca de 10% das pessoas têm esse problema.

  • Jogo roubado

    Há muitos anos, lá em Itaparica, todos os presentes a uma seleta mesa no bar de Espanha mostraram grande surpresa e mesmo incredulidade, quando, convidado a participar de um joguinho de biriba, Zé de Honorina se recusou e fez uma revelação de impacto.

  • A demência do Quixote

    Dificilmente uma obra de ficção terá tido mais repercussão em nossa cultura do que o Dom Quixote, que, em matéria de número de traduções, só é superado pela Bíblia. E no entanto o propósito de Miguel de Cervantes Saavedra ao escrever o livro era relativamente modesto; não pretendia mais do que satirizar os romances de cavalaria então muito populares.

  • Como uma língua funciona

    Helena, que trabalha na área da Engenharia, encantada com Ciências Humanas, nos pede que comentemos como as línguas funcionam. A indagação de nossa leitora nos oferece a oportunidade de dizer algumas coisas de interesse aos demais leitores desta nossa coluna. Comecemos por lembrar que nosso primeiro gramático, Fernão de Oliveira, já em 1536, afirmava que os homens fazem a língua, e não a língua os homens. Isso nos leva a concluir que uma língua é essencialmente um objeto cultural, conquista da inteligência e labor dos seres humanos. Este passo nos pennite lembrar outra lição de Oliveira, que as línguas são o que os homens fazem dela; isto significa, portanto, que as línguas acompanham os acontecimentos históricos, de glória ou de fracasso, por que passam as comunidades que as falam. A língua é patrimônio de cada indivíduo, mas também patrimônio de cada comunidade em que cada um está Inserido. Isto significa que todo Indivíduo tem limitado seu poder de criatividade; seu sucesso vai depender da aceitação do grupo a que pertence, porque a língua é também um fato social. 

  • Um livrão no Planalto

    Há três dias a Fundação Joaquim Nabuco lançou, no Palácio do Planalto, um livro que se destina a ser raro e fazer escola: dois volumes de entrevistas com os chefes de comunicação da Presidência da República, desde JK a Lula. É, no fundo, a primeira publicação sobre os segredos do poder presidencial, como se tomam decisões, e os bastidores de como elas chegam ao público. Foi uma inovadora iniciativa do ex-porta-voz André Singer com fotos de Orlando Brito. As entrevistas são excelentes e revelam a tensão permanente entre o governo e os comunicadores, jornalistas em síntese. 

  • A valorização do ensino técnico

    A leitura do livro do educador paraibano Itapuan Bôtto Targino, "100 Anos do Ensino Industrial Brasileiro", mostra a necessidade de repensar a profissionalização no nosso país, através dos seus fundamentos.

  • Não para a escola,mas para a vida

    Se o jovem médico de saúde pública que um dia eu fui lesse a manchete da Zero Hora do dia 28 de agosto, “IBGE alerta para obesidade de adolescentes na Capital”, simplesmente não acreditaria; rotularia o anúncio como algo do gênero ficção científica. Porque, durante muito tempo, o problema básico do Brasil foi a desnutrição, não a obesidade.

  • O Aleph

    William Blake costumava dizer: "podemos ver o infinito em um grão de areia, e a eternidade em uma flor". Na verdade, basta um simples momento de harmonia interior para que isso aconteça. O grande problema reside aí: quase nunca nos permitimos atingir este estado - o momento presente em toda a sua glória.

  • Satã entre nós

    Diversas vezes comentei neste espaço que os recentes episódios da política nacional continuam dando motivo para a indiferença (ou o nojo) de grande parte da população.

  • Inclusão digital em escolas públicas

    Uma das frequentes observações que se faz, no mundo da educação brasileira, é o fato de que convivemos com realidades rigorosamente distintas.  De um lado, escolas beneficiadas, sobretudo nos grandes centros urbanos, com uma qualidade que nada fica a dever às nações pós-industrializadas. O Enem é bem uma realidade disso.   De outro lado, escolas paupérrimas, principalmente no interior do país, sem condições de contribuir para o desenvolvimento local.

  • Olha, mamãe, sem as mãos

    Esses dias, o ator Francisco Cuoco, da Globo, levou um tombo de bicicleta. Nada grave, ele teve só escoriações, mas seu orgulho provavelmente ficou abalado. Ciclista que se preza não cai da bicicleta nem se acidenta; este é um veículo que, mesmo tendo só duas rodas, a gente consegue controlar, e existe até quem faça nele arrojadas acrobacias.