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Artigos

 
  • O pão e o circo

    Continuo desmotivado em matéria de eleições, inclusive a sucessão presidencial. Acho sacais as entrevistas, análises e pesquisas que entopem os chamados veículos de comunicação: TV, jornais e revistas. E agora a internet. Uns pelos outros, dão mais palpites do que informações.

  • O plantão do Inspetor Brasílio

    Começo de noite quieto, no Comando Especial de Proteção ao Cidadão. Talvez quieto demais, pensou o Inspetor-Chefe Brasílio, olhando o relógio. Já passava das nove, nenhuma ocorrência marcara o plantão até então modorrento e Brasílio, com um bocejo, se preparava para tomar um cafezinho, quando o telefone tocou e, por alguma razão, ele soube imediatamente que seria uma daquelas noites.

  • O problema da cesárea

    Segundo uma noção muito difundida, o nome cesárea ou cesariana estaria associado ao imperador Júlio César, nascido de um parto operatório. Pouco provável, pois, entre os antigos romanos, esse tipo de intervenção só se justificava pela morte da parturiente, e a mãe de Júlio César, Aurélia, viveu muitos anos após o nascimento do ilustre filho; mais provavelmente o termo vem do verbo latino caedere, cortar. Mas a lenda mostra como a cesárea apela à imaginação. Trata-se de uma operação antiga; no Ocidente ela é praticada regularmente pelo menos desde o século 16. Mas por causa da letalidade, era um procedimento de exceção.

  • O que ainda falta é educação profissional

    No encontro nacional dos Centros de Integração Empresa-Escola (CIEEs), em Florianópolis, discutiu-se a atualidade da educação brasileira, sobretudo o aspecto que se refere ao ensino profissional. Há elementos positivos a comemorar. Um deles é o crescimento do número de escolas técnicas, mas há muita coisa ainda por fazer, como a implantação do sistema federal, que não apresenta a necessária capilaridade. As discrepâncias são grandes, considerando os estados mais e menos desenvolvidos. Faltam professores bem formados e equipamentos especializados, nesta época em que o desenvolvimento científico e tecnológico cresce minuto a minuto (vejam o exemplo da informática).

  • O sumiço do pen drive

    Houve época em que a força bruta era poder. Houve uma época em que a riqueza era poder. Hoje, informação é poder. Quanto mais informados (mas notem, isto não tem a ver necessariamente com conhecimento ou com sabedoria), mais poderosos somos, ao menos teoricamente. Daí esta avalanche, este tsunami de informações. A cotação do dólar, a taxa de inflação, o número de casos de determinada doença, candidatos dos vários partidos, a escalação de times de futebol – nomes e números em profusão, que nos chegam por jornais, revistas, livros, filmes, noticiários de rádio, internet, e que tratamos de armazenar em nossa mente.

  • Onde entra a qualidade?

    O presidente dos Estados Unidos conquistou uma grande vitória em março deste ano, com a aprovação da lei reformulando o sistema de saúde do país, assegurando o acesso ao seguro a 32 milhões de cidadãos. Mas o seu principal desafio ainda está por vir: como reformular o sistema educacional norte-americano, que sofreu um grande baque desde a deflagração da crise econômica mundial.

  • Os bárbaros, de novo

    Quanto mais explicam, menos entendo o que se passa no Rio de Janeiro com a escalada da violência urbana, atribuída genericamente ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

  • Primos

    Uma vez, fui a Brasilia para dar a palestra inaugural num evento literário promovido pela Secretaria de Cultura do DF. O governador Cristovam Buarque estava presente e, ao final, gentil como sempre, convidou-me para jantar. Antes, porém, ele tinha um compromisso: deveria comparecer à inauguração da representação diplomática da Autoridade Palestina no Brasil e sugeriu que eu o acompanhasse. Fomos.

  • Se o Brasil precisar

    De modo geral, pode-se dizer que a convocação feita por Dunga foi bem recebida em Itaparica. A exceção mais notável fica por conta da, no ver de muitos, flagrantemente injusta não-inclusão de Obina entre os convocados. Como sabe qualquer um que acompanhe o futebol, Obina é natural do progressista distrito de Baiacu, situado na contracosta da ilha. Não foram ventiladas suspeitas contra a integridade de Dunga, mas formularam-se as habituais denúncias de discriminação contra nós e o Nordeste. Se bem que Ary de Almiro, que é filósofo e sabe coisas de que Deus duvida, tenha observado que se trata de um problema jurídico.

  • Tramas do óbvio

    O discurso do líder iraniano Mahamoud Ahmadinejad na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o desarme nuclear marca a ponta ou o extremo em que a chance de uma nova convivência internacional pode sair das velhas hegemonias em que vivemos, ainda, um mundo de após a queda do Muro. Num quadro de verdadeiro desarme internacional, o controle efetivo do poder atômico deve se fazer no plano, só, dos donos das ogivas ou competirá de fato a uma autoridade internacional?

  • Trotes eletrônicos

    Quando o uso do telefone tradicional tornou-se comum, ao alcance de quase todos, os mais conservadores temeram que a privacidade de cada um ficasse ameaçada. Afinal, com o número do aparelho num catálogo geral podia-se penetrar na intimidade do lar, da empresa, na vida de todos.

  • A conquista de cada aluno

    O fenômeno se repetiu agora, com outros personagens e a minha impossibilidade momentânea de viajar ao estado do Amazonas, apesar do convite. Foi uma bela iniciativa do governador Eduardo Braga, convidando personalidades, como o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vinícios Vilaça, para a inauguração do primeiro Centro Educacional de Tempo Integral (Ceti), que recebeu o nome de Marcantônio Vilaça 2, como homenagem ao grande incentivador das nossas artes plásticas, precocemente desaparecido, e que é filho de Maria do Carmo e Marcos Vilaça.

  • A fonte do poder

    Já me explicaram mil vezes o que é e como se forma o poder. Eu próprio fucei por ai, lendo entendidos e curiosos que trataram do assunto. Li alemães, que são bons na matéria. Li tratadistas que pleonasticamente trataram do poder e de sua fonte.

  • A misteriosa sabedoria oriental

    Por não saber bem do que se trata, já que existe uma infinidade de culturas e subculturas muito diferentes entre si, mas que podem ser chamadas de orientais, sempre procuro evitar contatos mais aprofundados com a Misteriosa Sabedoria Oriental, particularmente em certas circunstâncias como, por exemplo, nas conferências que alguém sempre faz, quando se vai a um restaurante japonês. De modo geral, explica-se que a Misteriosa Sabedoria Oriental chegou à conclusão de que peixe cru é mais sadio por isso, por aquilo e por aquilo mais. Na verdade, a sabedoria oriental envolvida nisso não tem nada de misteriosa. Os japoneses inventaram maneiras atraentes de comer peixe, legumes e algas crus porque moravam e moram num arquipélago sem combustível, onde até lenha sempre foi escassa. Aí, claro, o pessoal aprendeu a comer cru e elogiar, é natural e compreensível. (Sei que tem gente que encara essa afirmação como sacrílega; cartas indignadas para o editor, por caridade.)