Este fim de ano permitiu que se chegasse ao extremo da corrupção política, no que o escândalo Arruda se soma ao affair Sarney e ao velho mensalão. Deparamos com o sistema e o contrassistema, no que o provedor de dinheiro põe à sua mercê, sem volta, o beneficiário. O pagador filma, desde saída, a quem corrompe, e o torna cúmplice forçado de toda a operação, a qualquer tempo de uma denúncia. Pouco importa a desfaçatez das tomadas dos pacotes, nas cuecas, nas meias ou nas bolsas.Ou a naturalidade dos recebimentos em que este montante de paga entrou nos lobbies dos contratos públicos, e não se fale mais nisso. No caso antológico do govemador do Distrito Federal, é o próprio cappo quem reparte as notas, para toda a malha hierárquica dos facilitadores, no maior à-vontade burocrático. Não são atravessadores, a sugerir propinas esquivas, mas agentes em Palácio a dia, hora e pacote de cédulas novas e contadas, de pagamento em espécie, com o timbre dos espaços públicos e a sofreguidão da coleta.