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Artigos

 
  • Um caso banal

    Não foi por e-mail, foi por carta mesmo, daquelas que no envelope já trazem uma bem intencionada mensagem natalina. Era uma carta anônima, mal datilografada, de um cidadão que se declarou comissário de polícia. Ao contrário das cartas anônimas, não continha infâmias nem ameaças, revelava apenas um caso que o missivista achava que deveria ser divulgado.

  • Vil pecúnia

    Para o presidente Lula, as fotos e as gravações do novo mensalão de Brasília não chegam a provar nada. É uma opinião, embora digam por aí que uma imagem vale por 10 mil palavras. Além do fato em si, que se­­ria estarrecedor não fosse razoavelmente rotineiro em nossa vida pú­­blica, há a facilidade com que são registradas as cenas de suborno.

  • Mestres na arte de escrever

    Podem chamar o fenômeno de precocidade, mas o fato é que os jovens alunos da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro deram um verdadeiro show de competência, na arte de escrever, ao participar da Maratona Escolar Euclides da Cunha. Os cinco vencedores foram mestres, escolhidos por um júri da Academia Brasileira de Letras e consagrados em cerimônia presidida pela Secretária Cláudia Costin, no Teatro R. Magalhães Jr.

  • A pandemia da corrupção

    RIO - Na história da humanidade e da civilização jamais foi encontrado antídoto algum contra a corrupção. Já o Código de Hamurabi, que data de 1700 AC, durante muito tempo considerado o primeiro Código Legal da humanidade, fala em punição de governantes corruptos. Cícero e Catão construíram suas histórias políticas martelando contra ela, e em todos os parlamentos existem grupos ou pessoas que fazem sua carreira defendendo a pureza das instituições a que pertencem ou atacando a dignidade de seus colegas.

  • Uma noite no bolero

    Os festivais antigamente eram festejos dos outros. Havia a citação obrigatória: "Em seguida, o festejado autor...". Ora, se Maomé não vai à montanha que a montanha vá a Maomé, donde: se ninguém festeja os escritores, nada de mais que os próprios se festejem. Os latinos tinham para isso uma frase amarga: "Asinus asinus fricat". Se os burros podem se coçar uns aos outros, a analogia é válida: que os inteligentes cocem os inteligentes.

  • O pecado original

    Volto hoje ao assunto de minha última crônica neste espaço: a interferência do poder financeiro em seus diversos escalões, desde as grandes empresas multinacionais até o botequim da esquina que pretende botar mesas e cadeiras na calçada e precisa de uma licença das autoridades municipais: todos têm interesse em colaborar nas campanhas eleitorais, não por afinidade com o programa partidário das legendas nem com as ideias do candidato a vereador, mas simplesmente para ter o político ou o governante como refém de seus interesses.

  • Deus sabe das coisas

    Aqui na ilha, o problema da corrupção nunca foi muito grave. Os maledicentes, despeitados e invejosos, que não engolem a verdade patente de que Itaparica é a rainha do Recôncavo Baiano, tentam tirar-lhe mais esse galardão, alegando que nunca furtaram dinheiro público aqui porque aqui nunca houve dinheiro público para furtar e muito menos privado. Esquecem-se eles até mesmo dos inúmeros períodos faustosos de nossa história, dos quais o mais recente talvez tenha sido o dos petroleiros, no tempo em que produzíamos petróleo. Os petroleiros eram ricos milionários e me lembro de Zenóbio Merdinha (assim alcunhado por causa de um episódio de infância, que melhor estaria se olvidado, até porque Zenóbio sempre foi um cidadão exemplar) mandando botar luz fluorescente na casa toda, inclusive na fachada, a ponto de ter sido veiculada a notícia de que a Marinha ia usá-la como farol. E muitas mais dessas fases esplendorosas eu poderia enumerar, se não corresse o risco de abusar do leitor.

  • O vermelho e o negro

    A última rodada do Brasileirão empolgou os torcedores, que viveram um clima parecido com o de uma final de Copa do Mundo. Mesmo os mais desinteressados em futebol torceram de alguma forma. Foi realmente uma festa, com o Maracanã lotado com uma das maiores torcidas dos últimos tempos.

  • República e democracia

    O ideal republicano entre nós sempre foi indissociável da democracia. Nabuco de Araújo, que tanto e tantas vezes serviu à Monarquia, 20 anos antes da Proclamação da República, denunciava da tribuna parlamentar: “Vede este sorites fatal, este sorites que acaba com a existência do sistema representativo: o poder moderador pode chamar quem quiser para organizar ministérios; esta pessoa faz a eleição; porque há de fazê-la; esta eleição faz a maioria. Eis aí está o sistema representativo do nosso país”.

  • A agulha como símbolo

    Como o Sant’Ana tem comentado, o ano está terminando sob o signo dessa estranha e perturbadora história das agulhas. Primeiro foi o menino da Bahia, e depois o menino do Maranhão, e mais adiante uma gaúcha de 42 anos que tem 12 agulhas no corpo, resultado da brutalidade de um ex-companheiro. Mais: quando se entra em sites médicos, verifica-se que casos semelhantes não são raros. Encontramos o relato de uma mulher chinesa em cujo corpo foram descobertas – por acaso, durante um exame radiológico – várias agulhas. Resultado, supõe-se, da frustração dos avós com o nascimento da menina: na China, como se sabe, casais podem, em geral, ter um filho só, e torcem para que seja do sexo masculino. No Hospital Geral de Teerã, foi recentemente operada uma mulher de 36 anos que tinha uma agulha no coração; de novo, resultado de violência marital. Os autores deste último artigo encontraram na literatura quase 200 casos de lesões cardíacas causadas por agulhas; e isto, obviamente, é apenas o topo do iceberg.

  • O Brasil dos Brics

    A recepção a Ahmadinejad em Brasília ou nosso apoio defunto a Zelaya são riscos da nova e larga mirada internacional que o governo Lula deixará como legado do Brasil potência. Não se precisa insistir sobre o contraste hoje com a América Latina, de cuja moldura saímos, de vez, no peso da população, do PNB e, sobretudo, de um modelo de desenvolvimento sustentado, com nítida desconcentração da riqueza. Nesse destaque das velhas fatalidades geográficas, o Brasil passa a nação dos BRICS, que se livraram da velha canga de um mundo dividido entre centros e periferias neste século XXI. Nosso dinamismo vai à comparação com a China e a Índia. Centramo-nos no mercado interno, na crescente mobilidade coletiva em que o consumo das classes menos favorecidas respondeu tão profundamente pelo escape aos vaticínios e apocalipses do que seria a crise de 2008.

  • Corrupção acima de todas as suspeitas

    Este fim de ano permitiu que se chegasse ao extremo da corrupção política, no que o escândalo Arruda se soma ao affair Sarney e ao velho mensalão. Deparamos com o sistema e o contrassistema, no que o provedor de dinheiro põe à sua mercê, sem volta, o beneficiário. O pagador filma, desde saída, a quem corrompe, e o torna cúmplice forçado de toda a operação, a qualquer tempo de uma denúncia. Pouco importa a desfaçatez das tomadas dos pacotes, nas cuecas, nas meias ou nas bolsas.Ou a naturalidade dos recebimentos em que este montante de paga entrou nos lobbies dos contratos públicos, e não se fale mais nisso. No caso antológico do govemador do Distrito Federal, é o próprio cappo quem reparte as notas, para toda a malha hierárquica dos facilitadores, no maior à-vontade burocrático. Não são atravessadores, a sugerir propinas esquivas, mas agentes em Palácio a dia, hora e pacote de cédulas novas e contadas, de pagamento em espécie, com o timbre dos espaços públicos e a sofreguidão da coleta.

  • Correspondência de Machado de Assis: 1870-1889

    Depois do tomo I, saído em 2008, apresentamos aos leitores o tomo II da Correspondência de Machado de Assis. Com exceção de algumas cartas dos anos 60, descobertas recentemente, o novo volume é consagrado aos decênios de 1870 -1879 e 1880 - 1889. Esses dois decênios estão entre os mais significativos da obra de Machado de Assis. Cada um deles é assinalado por um corte e uma abertura.

  • Os jovens e seu estilo de vida

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem feito um trabalho notável na investigação das condições de vida e de saúde de nossa população. Exemplo disso é a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, realizada em colaboração com o Ministério da Saúde. Foram entrevistados cerca de 60 mil jovens matriculados no último ano do Ensino Fundamental, com idade entre 13 e 15 anos.