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Artigos

 
  • Ética e competência continuarão fundamentais

    RIO - Para um jornalista que se aproxima célere dos 75 anos, as mudanças na produção industrial do jornal ocorridas desde a década de 70 do século passado até hoje foram profundas. Para um historiador da imprensa a parte industrializada mudou mais em 30 anos do que 300 dos tempos das impressoras Alauzet e Stanhope que imprimiam os diários do século 17 até hoje.

  • O Educador Paulo Nathanael

    Foi uma cerimônia muito bonita, no auditório do CIEE/SP. Era a posse do educador Paulo Nathanael Pereira de Souza como membro efetivo da Academia Paulista de Letras. Na ocasião, suas varias ações, sobretudo como homem público, foram lembradas pelos oradores, um dos quais, entusiasmado, chegou a chamá-lo de “Santo”.

  • Os irrelevantes

    Se novamente não me atraiçoa a cada vez mais rateante memória, creio que foi o senador Cristovam Buarque quem disse que o Congresso está correndo o risco de se tornar irrelevante. Que é que está nos dizendo, Excelência, mais alguma outra novidade para contar? Aos olhos dos governados, o Congresso já não tem a menor importância, a não ser pelo vasto, mas pequeno em relação à população em geral, contingente que se beneficia, direta ou indiretamente, das esculhambações, roubalheiras, falcatruas, impropriedades e até – sei lá – de uma surubinha ou outra nos feriados, com um dos surubantes portando a chave de um excelente cômodo, de outra forma sem nenhuma serventia. Na internet apareceram umas coisas, não sei se verdadeiras.

  • Os soluços longos do outono

    A crise está feia e forte, acredito que para todos, ricos e pobres, os pobres sofrendo tudo, os ricos começando a pensar, embora em termos decentes: chorar é ruim, mas dentro do próprio Mercedes é mais confortável do que chorar num Fusca ou no meo-fio da rua.

  • Raúl Alfonsín: o amigo e o democrata

    Sou tomado nesse momento por um duplo sentimento de perda: a do amigo e a do homem de Estado. Raúl Alfonsín foi, sem dúvida, uma das maiores figuras humanas que conheci. E foi também o homem que abriu, com sua coragem, a integração latino-americana. Tudo o que fizemos para inverter o processo histórico de hostilidade entre Brasil e Argentina, transformando-o num processo de integração, não teria sido possível sem Alfonsín.

  • Um bom furacão

    A Europa recebeu fascinada o presidente Obama. Era como se fosse uma espécie desaparecida que vinha da América redescoberta. Quase o mesmo sentimento com que em Rouen, em 1562, Carlos 9º recebia entre festas e curiosidades os desconhecidos habitantes do novo mundo. Entre os estragos que George W. Bush fez estava a desastrosa separação com os europeus, seus aliados e ancestrais, pelas divergências que alimentou com seu sentimento guerreiro e sua política de fechar caminhos.

  • Feriados Santos e Profanos

    Deus é testemunha de que nada tenho contra feriados e festejos vários que, de alguma forma, ajudam a humanidade a suportar a barra, os “mil acidentes da carne” lembrados por Shakespeare. Acontece que no Brasil a dose é cavalar. Basta lembrar que neste mês de abril, com apenas 30 dias segundo o calendário gregoriano, tivemos três feriados: Sexta-Feira Santa, Tiradentes e, aqui no Rio, São Jorge. Dois religiosos e um cívico. Repito: é dose.

  • JB e democracia

    RIO - A história dos povos modernos poderá ser contada paralelamente à história da sua imprensa. A imprensa é testemunha da história e também é história. Victor Hugo disse que o seu diâmetro é o próprio diâmetro da civilização.

  • Literatura e álcool

    A história me foi contada pela escritora Lygia Fagundes Telles. Há muitos anos veio a São Paulo o Nobel de Literatura William Faulkner e Lygia foi sua anfitriã. O escritor americano passou quatro dias na capital paulista – constantemente bêbado. Finalmente Lygia foi levá-lo ao aeroporto. Ao se despedir, já na fila de embarque, Faulkner voltou-se para ela e perguntou, na voz arrastada pelo álcool: “Qual é o mesmo o nome da cidade onde estive?”.

  • O acordo é uma chuchadeira

    RIO - Antes de mais nada, devo explicar que o título deste artigo não tem nada a ver com a apresentadora Xuxa, que vi nascer como artista na TV Manchete e hoje brilha na TV Globo. Tenho saudades do Clube da criança.

  • O suicida da Lagoa

    Acordei com um barulho danado em cima de mim. Custei a entender o que era. Aos poucos identifiquei o ruído típico das pás de um helicóptero, que antigamente se chamava “autogiro”, nome mais fácil de entender e menos complicado. Não seria a primeira vez. Voava baixo, na certa estaria procurando traficantes na ladeira dos Tabajaras ou no morro dos Cabritos, onde estão nascendo duas favelas.

  • Para andar a reforma política

    A reforma política entrou na pauta do Congresso Nacional na década de 80 do século passado e nela permanece até hoje. Duas questões envolvem esse tema. O primeiro é delimitar o que se entende por reforma política e quais as razões que nos levam a confundi-la com uma reforma eleitoral. O segundo é o que justifica uma reforma, seja política, seja eleitoral.

  • Vem aí um supervertibular

    Seria uma incoerência do Ministro Fernando Haddad se ele quisesse reformar o ensino médio, de tantos furos, e deixar intacto o vestibular, de tantas queixas de professores e alunos. Sou do tempo em que, para entrar na Faculdade, era preciso também fazer prova oral, com o ponto sorteado na hora, diante de uma banca em geral carrancuda. A massificação acabou com isso e trouxe à tona duas pragas: a prática da “decoreba” e os testes de múltipla escolha, estes depois atenuados quando se passou a exigir também uma prova de redação dos candidatos.

  • Bandeira amarela

    Eram muitos, estavam em todas as partes, usavam uma farda meio esculhambada, um quepe maior do que a cabeça, pareciam carteiros fatigados e tristes, levando uma bandeirinha amarela e uma espécie de regador com creolina para desinfetar possíveis focos de mosquitos. Para os editoriais da grande imprensa, eram “os valorosos soldados de Oswaldo Cruz”. No dia a dia e no dia-a-dia das ruas e das gentes, eram os mata-mosquitos – com hífen ou sem hífen, dava no mesmo.

  • Enrolação que não cola mais

    Meu primeiro emprego foi em redação de jornal e, no dia-a-dia da imprensa, já fui desde repórter (esforçado, mas ruim) a chefe de redação (não tão esforçado, nem tão bom). Bom mesmo, ou pelo menos mediano, acho que só como copidesque, no legendário tempo dos copidesques e seus desafios himalaicos, tais como botar em meia lauda o essencial de uma conferência de duas horas – não tenho muita saudade. E editorialista, creio que razoável. Mas o pouco brilho de minha carreira não impediu que tenha vivido praticamente todo tipo de situação por que pode passar a imprensa em geral e um seu órgão em particular. Ou seja, assim ou assado, manjo jornal, o mundo jornalístico e seus valores, conheço suas boas qualidades e seus defeitos e acompanho a imprensa brasileira há mais de meio século.