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Artigos

 
  • Em perigos e guerras esforçado

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 12/10/2003

    Algo me diz que já escrevi um ou mais textos com o título acima, talvez publicados aqui mesmo. Sabemos que Algo mente muito, mas é também freqüente que lhe assista razão, como suspeito ocorrer no presente caso. Disponho da desculpa meio esfarrapada de que são palavras de Camões e, portanto, sujeitas a freqüentes repetições, mas estaria mentindo se a usasse, porque o fato é que não me lembro e, assim, devo desculpas ao leitorado, que pelo menos tem o direito de não se defrontar, volta e meia, com a mesma coisa. Mas creio que a repetição se limita ao título. Bem verdade que, como vou fazer em seguida, falarei de novo na malha médica que me sitia. Mas é que tenho novidades. Não é que, inopinadamente, a dita malha médica acaba de aumentar? É o que estou lhes dizendo; sei que parece impossível, mas é a pura realidade. Estou agora de fisiatra e fisioterapeuta. Meu joelho esquerdo pifou e o direito parece disposto a seguir-lhe o exemplo. Ainda consigo andar, mas com a elegância de um pato caquético e sob a ameaça, em minha cabeça sempre delirante, de que ambos despenquem enquanto eu atravesso uma rua aqui perto de casa chamada pelos mais íntimos de Roleta Russa, dado o empenho com que os motoristas dos carros que nela entram procuram atropelar os passantes.

  • Função social da família no código civil

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 11/10/2003

    É sabido que a maioria das alterações pertinentes ao Direito de Família, no novo Código Civil, provém da Constituição de 1988, a qual determina a igualdade absoluta dos cônjuges e dos filhos, não havendo mais diferenças de direitos e deveres entre o marido e a mulher, bem como entre os filhos havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, tendo os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.Também no que se refere à guarda, manutenção e educação da prole, são estabelecidas normas bem diferentes das vigentes na legislação anterior. Em primeiro lugar, desaparece a figura do "pátrio poder", o qual, por proposta por mim formulada, passa a denominar-se "poder familiar", que cabe igualmente a ambos os cônjuges. Havendo divergência, qualquer deles poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração tanto os interesses do casal como dos filhos.

  • Laranjas e livros

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 08/10/2003

    Nos tempos em que ia para Rodeio, nas velhas marias-fumaças, de repente deixávamos de sentir o cheiro do carvão queimado na caldeira da locomotiva. E um gostoso cheiro de laranja invadia os vagões. Joaquim Pinto Montenegro, meu tio, com a autoridade de quem se julgava dono de todos os dormentes, trilhos, equipamentos da antiga Central do Brasil, anunciava com a alegria severa de quem sentia aquele perfume todos os dias:

  • Compromisso com a natureza

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 06/10/2003

    Tivemos no Brasil uma longa fase amadorista no trato da questão ambiental. Era bonito ou feio tratar dessa ou daquela maneira o que se referisse ao meio ambiente, até que se tenha passado à fase profissional, séria, com o convencimento de que a preservação da natureza é essencial à vida. Veja-se o caso de Furnas, uma grande empresa, que criou este ano a Superintendência de Gestão Empresarial, elevando os cuidados do tema dentro e fora da empresa. Isso integra o seu esquema de responsabilidade social.

  • Sob o signo da música

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 30/09/2003

    A música, de qualquer gênero e para qualquer instrumento, a voz humana inclusive, é um mundo à parte, algo separado no alforje das coisas. Há nela um mistério que um Proust de vez em quando tenta explicar, através de uma sonata, inventada contudo real, de um Vinteil imaginado que se torna imortal.

  • Cada vez mais protegidos

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 28/09/2003

    Já foi moda chamar o Brasil de "país dos bacharéis". Mas as novas gerações, aparentemente, ficaram com os economistas, porque essa profissão, outrora pouco prestigiada, virou a nossa mentora mais visível. Temos sofrido, nas últimas décadas, todos os tipos de astros da ciência econômica.

  • A sociedade simples e a empresária no código civil

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 27/09/2003

    Uma das modificações básicas do novo Código Civil se refere ao Direito Empresarial, que constitui o objeto do Livro II de sua Parte Especial. Na realidade, a alteração começa na Parte Geral, com a distinção do artigo 53 entre sociedade e associação, aquela constituída pela união de pessoas que se organizam para fins econômicos e esta por terem outras finalidades.Abandonada, porém, essa sinonímia do código revogado, surge uma distinção essencial entre sociedade simples e sociedade empresária. Não define a nova Lei Civil o que seja "sociedade empresária", mas seu conceito resulta da definição dada à figura do empresário, assim considerado "quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços" (artigo 986).

  • MST e transgênicos

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 26/09/2003

    O Brasil está como o Criador o fez e a geografia o consagrou. Sua diversidade não é somente bio, mas política, cultural e surpreendente. Do futebol ao samba, somos todos naturais.

  • O cavalo na chuva

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 24/09/2003

    Como estão cansados de saber, não há almoço grátis, quer dizer, tudo tem o seu preço. São duas verdades óbvias que entram pelos olhos de todos nós, mas volta e meia aparece gente querendo comer de graça e não pagando o preço das coisas que consome - muitas vezes sem precisar.

  • Ensino médio: ainda órfão?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 22/09/2003

    O Brasil costuma dar saltos (às vezes no escuro) quando se trata do que se chamou ensino secundário, depois 2º grau e hoje é o ensino médio. Com tudo o que tem de implicação com a parte profissionalizante, laboratório de mirabolantes experiências pedagógicas. Não foi à toa que Anísio Teixeira, há pelo menos 40 anos, batizou de órfão o ensino médio. É preciso dar-lhe um tapa de modernidade.

  • As grandes vitórias

    Jornal do Comercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 16/09/2003

    A parcial vitória do Governo na aprovação da reforma tributária está sendo comparada a uma dessas conquistas definitivas de um grupo sobre outro, de um exército sobre outro. De repente, o Palácio do Planalto virou um ninho que abriga os novos Alexandres, os novos Césares, os novos Napoleões: vencem todas - ou quase todas.

  • Nada como um dia depois do outro

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/09/2003

    Acho que, por certas coisas, a gente paga a vida toda. O pugilo de bravos que lê esta coluna há algum tempo deve lembrar que já mencionei aqui o fato de que, durante uma fase mais ou menos breve de minha juventude, fiz grande força para ser comunista. Incluo-me até mesmo entre os raríssimos heróis que já encararam O Capital e tentaram lê-lo até o fim. Achei, em emocionante caça clandestina, um exemplar em espanhol que até hoje está comigo, em algum lugar do pandemônio de livros do meu gabinete e fingi não haver sido intimidado por suas mais de 1.600 páginas. Não cheguei ao fim, confesso. Mas fui mais longe do que a maioria dos que tentaram a temerária empreitada, embora, verdade seja dita, não me recorde de nada, ou quase nada.

  • A força da cultura

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 09/09/2003

    Realizou-se este mês, em Salvador, uma reunião de âmbito continental que vale a pena que seja registrada e comentada. Foi um seminário-espetáculo denominado "Xangô na África e na diáspora". Grupos do Rio de Janeiro, de Porto Alegre, Recife, do Maranhão, lá estiveram com seus tambores e cânticos. A novidade foi a presença de uma delegação americana, representada por tocadores de atabaques e cantores de Nova York, em que se achavam Andrew Apter e Isamur Flores, que cantaram em iorubá, exatamente como os brasileiros.

  • De quem é o sotaque?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 08/09/2003

    O ator português Raul Solnado costumava contar uma piada que tem o seu toque de realismo: "Nós é que demos a língua a vocês e agora o sotaque é nosso..." Claro que, nessa história, pesa muito a população de 174 milhões de brasileiros.

  • A pátria amada

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 07/09/2003

    Hoje, por ser domingo e não se trabalhar de qualquer jeito, creio que pouca gente vai lembrar que é o 7 de Setembro, antigamente muito chamado, mas hoje pouco, de Dia da Pátria. Recebo cartas e sugestões de amigos e leitores, parecem que esperam de mim uma crônica ou artigo de grande impacto e veemência, em nome do aniversário, ainda que contestado por alguns, do nosso país, ou "deste país", como gosta ou gostava de dizer o presidente Lula. Há até quem espere que eu exponha dados, que por sinal não tenho, sobre a sugestão de que há e sempre houve sabotagem de fora no programa espacial brasileiro e aclare tudo de forma definitiva, como prova de que precisamos cada vez mais de união, porque o Brasil tem inimigos por toda parte. Há mesmo quem ache, que, neste espaço, eu posso resumir análise e opinião abrangentes sobre nossos problemas e nosso futuro.