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Artigos

 
  • Em Cuba, com John Lenon

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/02/2004

    Quando o poeta Gerardo Mello Mourão regressou de Pequim, onde passou dois anos na condição de correspondente da Folha de S. Paulo, os amigos cobraram dele um livro sobre a China. Com a sabedoria de um mandarim cearense, ele respondeu que, se um jornalista brasileiro vai à China e passa uma semana, na volta escreve um livro. Quando a viagem dura um mês, o sujeito desconfia que há um mundo para ele desconhecido e então só escreve um artigo. Mas se a permanência for de dois anos, no regresso ele não escreve nada; em dois anos dá para perceber que para explicar o planeta China é indispensável viver lá pelo menos dez.

  • Presença de Laudelino

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/02/2004

    A beleza do idioma de Portugal e do Brasil teve pouquíssimos cultores que a realçassem com o amor, a competência, o conhecimento da matéria e a constância de Laudelino Freire. À língua portuguesa dedicou ele o seu tempo de vida, a sua inteligência, o seu bom gosto, o seu senso de ritmo. Servia a ela, com a inteireza de um apaixonado lúcido.

  • É preciso ter coragem

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 16/02/2004

    A universidade brasileira mal chegou aos 80 anos de conturbada existência. Ela deve competir com outras, em diferentes partes do mundo, que têm cinco ou seis séculos. Tradição pesa - e muito - nesse caso.

  • Uma vitória do marketing

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 15/02/2004

    Depois de minha extenuante temporada na Denodada Vila de Itaparica, eis-me de volta ao Rio de Janeiro, entre os confortos e encantos da cidade grande. A readaptação tem exigido algum empenho, mas nada que umas duas dúzias de tranqüilizantes não resolvam, até porque as novidades são escassas. Tudo parece continuar na rotina de sempre. O assalto da semana, como de hábito escolhido em votação democrática pela minha turma de boteco, não chegou a empolgar e terminou na patética condição de apenas mais um item obscuro da pauta. Parece faltar criatividade aos assaltantes, que correm o risco de desgaste junto ao consumidor. A continuar assim, logo os modelos hoje em prática sairão da moda e serão varridos pelas aceleradas mudanças atuais, ninguém agüenta mais essa mesmice.

  • Calamidade do ensino no país

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 14/02/2004

    A maior crítica que faço ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de Educação é a criação inexplicável de precários estabelecimentos de ensino superior e de universidades fajutas nestes últimos anos, elevando-se para 544 o número dessas entidades entre novembro de 2001 e julho de 2003.

  • Garoa do meu São Paulo

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 13/02/2004

    Como os paulistas, tenho as minhas nostalgias nestes 450 anos de São Paulo. Vi a cidade, pela primeira vez, em 1950, no Congresso da UNE, realizado no auditório do Hospital das Clínicas, quando os arranha-céus pipocavam e a velha vila de Piratininga procurava evitar sua morte nos espaços que se escondiam nos velhos bairros. Tive minhas noitadas de estudante na Major Sertório e experimentei o fascínio da visão vertical nos miradouros do alto dos prédios.Na minha cabeça estava a poesia do São Paulo da garoa, os versos da Paulicéia Desvairada de Mário de Andrade, memorizados quase todos.

  • Defuntos errados

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 12/02/2004

    Há um mundão de piadas sobre equívocos sociais que todos cometemos, uns mais, outros menos. Trocar nomes ou ofícios de pessoas talvez seja o mais comum, criando embaraços para as duas pontas em questão. Bem verdade que há sempre um jeito de consertar as coisas, educadamente, aliviando o inicial constrangimento provocado pelo engano de pessoa ou de ofício.

  • O idioma pede socorro

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/02/2004

    A Academia Brasileira de Letras desfraldou recentemente uma nobre bandeira: a da defesa da língua portuguesa. A verdade é que ela está correndo sérios riscos, desde quando, nos currículos escolares, foram extintas disciplinas que enriqueciam a cultura dos nossos estudantes.Assim, primeiro foi a vez do latim, que é a nossa origem e a nossa matriz. Depois, riscado o ensino do idioma francês. Agora, estão abolindo o ensino da Literatura. Já existem gramáticas, e até mesmo professores, que estão cortando a segunda pessoa do singular e do plural - o tu e o vós - na conjugação de alguns verbos.

  • Estranhos acontecimentos do cotidiano

    O Globo (Rio de Janeiro) em, em 08/02/2004

    Como sabem os bem informados, Itaparica já registrou inúmeras descobertas de relevante interesse científico, em todas as áreas do conhecimento. As de maior impacto, sem dúvida, se relacionam com a reprodução animal. Rezam ultrapassados ditames da zoologia tradicional, por exemplo, que animais de espécies diferentes, a não ser no caso de algumas muito próximas, não podem acasalar-se e produzir descendentes - os mais notáveis dos quais são os burros e mulas em que a ilha sempre abundou, frutos do amor entre jegues e éguas. Ignoram os sábios apegados a essa convicção os fatos, a toda hora testemunhados, com que os bichos daqui a desmentem.

  • O jogo das inverdades

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) em, em 06/02/2004

    Estamos todos na simulação de que somos patetas, e não somos. Bush diz que fez a Guerra do Iraque porque a CIA lhe informou que o Iraque tinha um arsenal de máquinas mortíferas de guerra biológica, química e nuclear capaz de destruir o mundo. E tinha feito tudo isso às escondidas, sob embargo das Nações Unidas, privado de vender o seu petróleo. Vem o secretário Paul O'Neil, do Tesouro americano, que participava desde o início do governo Bush das reuniões mais fechadas, e diz que o presidente americano logo nos primeiros encontros disse que ia invadir o Iraque, o ''império do mal'', onde existia um demônio chamado Saddam que ''quis matar papai'' (palavras literais). Não falou em armas de destruição em massa nem nada. Era a simples vendeta texana.

  • Condição de mulher

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro) em, em 04/02/2004

    Muitas mansões tem a ficção, e em todas pode estar uma obra de arte. Nem sempre o romance e o conto se manifestam simplesmente como contadores de histórias, embora esta seja uma de suas mais altas prerrogativas. Existe a ficção percuciente, a que penetra no chão das emoções primitivas e não admite meias medidas no julgamento de seus personagens, a começar pelo retrato que possa traçar de si mesma, isto é, da história narrada e ao mesmo tempo daquele ou daquela que se responsabiliza pela narração. Assim vejo os contos de Beyla Genauer em seus três livros de páginas também confessionais.

  • O velho lobo

    O Globo (São Paulo - SP) em, em 01/02/2004

    No momento em que remeto mais este despacho, diretamente da Denodada Vila de Itaparica, ainda nos encontramos sob o acabrunhante impacto do desempenho da chamada seleção pré-olímpica frente ao Paraguai. Nessas questões patrióticas, a ilha sempre foi muito rigorosa e vai ser difícil a gente esquecer a vergonheira. A opinião geral é de que nenhum time daqui, inclusive o glorioso Papo (Pernetas do Alto das Pombas, informo a quem não acompanha direito o panorama futebolístico brasileiro), teria desonrado a nação de maneira semelhante e que um bom regime soviético até podia mostrar alguma serventia nesse particular.

  • Os legados de Norberto Bobbio

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 31/01/2004

    Quando, em 1983, Norberto Bobbio veio ao Brasil, a convite da Universidade de Brasília, coube-me a honra de saudá-lo em nome dos pensadores brasileiros. Lembrei, de início, que tivera a iniciativa, na década de 1960, de tornar mais conhecido seu pensamento entre nós graças à inclusão, na Coleção Direito e Cultura, por mim dirigida na Editora Saraiva, de bem escrita monografia de autoria do padre Astério de Campos sobre suas teorias.

  • Cara e coragem

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 29/01/2004

    O Zé Dirceu está sendo vítima de uma choradeira geral. Ministros, ex-ministros e interessados nisso ou naquilo reclamam que o chefe da Casa Civil é quem está realmente mandando. Ora, pois, qual é a novidade nisso?

  • Idéias não faltam

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 26/01/2004

    Somos testemunhas da existência de uma cultura elitizada, para uns poucos. A indispensável popularização da cultura (massificação) é assunto para debate, por imperiosa necessidade.