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Artigos

 
  • Justiça é feita

    À margem dos comentários e do impacto causados pelas transmissões do STF no julgamento do mensalão, surgiu uma pequena e ociosa questão: valeu a pena o espetáculo em si, os debates, uma ou outra discussão mais violenta a respeito da culpa ou da inocência dos réus?

  • Brasil e corrupção

    Agora mesmo em Berlim, perguntado se havia se surpreendido com as revelações da operação Porto Seguro, o ex-presidente, sempre tão falante, saiu-se com uma resposta lacônica: “Não, não fui surpreendido”, que tanto pode significar que considera normal esse tipo de ação da Polícia Federal, como que sabia o que estava acontecendo na representação da Presidência em São Paulo, que ele frequentava com assiduidade.

  • Solução à vista

    Estamos numa boa em termos institucionais. Com a briga entre o Supremo Tribunal Federal e a Câmara dos Deputados, parece que, desta vez, vamos àquilo que antigamente diziam ser as "vias de fato".

  • Obama diante da tragédia

    O horror de Newtown parece ter chegadoao clímax da tolerância com a violênciaindiscriminada, lavrada noseio da mais rica nação do mundo.Repetiram-se os cenários de Columbine, Wiscosine Arkansas, a fazer das escolas infantis o alvodos repentes do agressor anônimo e delirantementedeterminado. Mais que, ainda, à revulsão, o que vimos foi a entrada de todo o país nomais fundo de sua religiosidade, entre a oração e a busca do consolo, e não há precedentes —acredita-se — do desfile das religiões e suas mensagens na cerimônia de adeus. Não faltaram, sequer, os Bahá'ís e liturgias onde avultavao comando dos luteranos, ao lado da nítida presençados católicos. Teor, por inteiro, ecumênico, o desse encontro da fé, e rematada pelo governadorde Connecticut, a preceder o chefe da Nação.

  • O mundo não vai acabar

    Durante algum tempo, trabalhando na "Manchete", fazia previsões para o primeiro número de cada ano. Já tinham inventado um tal de Allan Richard Way, um indiano que morava em Londres numa casa em estilo Tudor. Acrescentei ao personagem um detalhe esclarecedor: era o único vidente cego da história humana.

  • Gol contra

    Tínhamos tudo para caminhar serenamente, em nosso país, na implantação do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa.  Ele foi aceito por todas as camadas da nossa população, mas no último minuto, quando o jogo parecia ganho, o Governo fez um gol contra, adiando o início para 2016, de forma incompreensível para os brasileiros.                                                   Embora parecesse pacífica a implementação do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, na sua versão de 1990, a comunidade lusófona reagiu de maneira diferente.  O Brasil aderiu com entusiasmo a  essa ideia desimplificação.  A partir de 2013 todos os seus instrumentos de comunicação, como jornais, revistas, livros e emissoras de rádio e televisão obedecerão aos ditames do Acordo, sacramentado pelo ex-presidente Lula, em 2008, numa simpática cerimônia, simbolicamente realizada na sede da Academia Brasileira de Letras.                                                  O mesmo, infelizmente, não está ocorrendo em Portugal e nas nações luso-africanas.  Há fortes reações, com argumentos inaceitáveis: o Brasil estaria exercendo uma forma de neocolonialismo, querendo impor a sua vontade cultural.  Alguns jornais portugueses, como Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, i, Diário Econômico e Jornal de Negócios, além da revista Sábado, desrespeitam o Acordo e agem como se estivessem com a corda no pescoço.  Não existe o consenso social mínimo em torno do assunto.                                           Um bom número de intelectuais protesta contra o que eles classificam como   “empobrecimento da língua portuguesa”.  A Faculdade de Letras de Lisboa está na linha do que se pode classificar como desacordo.  O jornal “Público” anuncia com entusiasmo que o governo brasileiro estaria para dar uma volta e conceder um prazo de mais seis anos para tornar obrigatórios todos os  postulados.  Não é o que se espera.  Livros, jornais e revistas circulam de acordo com as novas regras, com a expectativa de que assim será possível sonhar com a oficialização do nosso idioma na Organização das Nações Unidas, uma velha reivindicação estratégica, que se liga ao pedido para que tenhamos assento permanente no Conselho de Segurança da entidade.                                          O curioso, nessa história toda, é que o Acordo contempla a maioria dos itens da Reforma de 1945, que recebemos de Portugal.  Não se mexe na forma de falar, garantindo-se a individualidade dos sotaques (prosódia).  A  quantidade de palavras mexidas é mínima (menos de 3% dos termos usuais) e a grita pode esconder interesses econômicos  disfarçados: o medo de o Brasil, com isso, procurar a conquista de novos mercados no exterior para os seus livros, por exemplo.                                          O que há de concreto é a decisão política de simplificar o idioma de Camões, aliás, hoje mais fácil de entender pela semelhança com o  português que praticamos.  O ano de 2013 será marcado pela adoção plena, pelos 200 milhões de brasileiros, de uma grafia simplificadora, apesar dos embaraços com que ainda nos deparamos diante dos  hífens  traiçoeiros.  Mas isso é questão de tempo.

  • Dupla escola

    Foi uma cerimônia muito bonita, na Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.  O presidente Antenor Barros Leal e o responsável pela Comissão de Educação da ACERJ, professor Celso Niskier, entregaram a personalidades o Troféu Barão de Mauá, que celebra belos feitos realizados em favor da nossa educação.  Entre eles, o projeto “Dupla Escola” desenvolvido pelo Secretário de Estado de Educação, Wilson Risolia.                                                      Trata-se de uma das jóias da coroa do Governo do Estado, celebrando o crescimento de forma integrada, unindo escolas e empresas do Rio de Janeiro.  O novo modelo, ligado à educação profissional, dá certificados de  ensino médio e propõe aos alunos, ao mesmo tempo, o ideal da qualificação profissional.                                                      Conhecemos desde a origem a parceria do Colégio Estadual José Leite Lopes, na Tijuca, com o Instituto Oi Futuro.  O ensino integra disciplinas  com base na educação profissional e foco voltado para a florescente indústria  de  jogos eletrônicos.  Foi o início de um processo, depois ampliado, abrangendo outras escolas, como o Colégio Estadual Valentim dos Santos Diniz, mantido pelo Instituto Grupo Pão de Açúcar em São Gonçalo, e o C.E. Erich Heine, que recebe subsídios da Thyssen Krupp CSA.  Na primeira instituição os jovens são capacitados nas áreas de Leite e Derivados e Panificação através do Núcleo Avançado em Tecnologia de Alimentos (NATA).  São atendidos cerca de 600 alunos.  De  que maneira se promove o trabalho? A escola cumpre o seu papel e como sempre faltam recursos para a contratação de mão de obra qualificada, as empresas parceiras cuidam dessa parte.  É uma forma de dar nova vida ao ensino médio oficial.   Esse projeto ganhou  divulgação e será ampliado pela SEDUC, como é desejo do titular da pasta da Educação: “Assim, os alunos permanecem mais tempo na escola e passam por momentos agradáveis e produtivos, trocando experiências.”                                                    Outras escolas caminham no mesmo sentido.  A experiência ganhou vida no C.I.E. Miécimo da Silva, em Campo Grande, onde há cursos integrados de Edificações, Informática e Administração, com bons laboratórios, e também no C.E. Dom Pedro II, de Petrópolis, que desenvolve cursos para a produção de vídeo e áudio.                                                   Como o movimento cresce de forma segura, podem ser assinalados êxitos também no C.E. Agrícola Almirante Ernani do Amaral Peixoto, em Magé, no C.E.Infante D. Henrique, tradicional escola de Copacabana, onde há cursos de Turismo e Hotelaria, e no C.E.Agrícola Rei Alberto I, de Friburgo, que ministra Dupla Escola em Administração, além do tradicional curso de Agropecuária.                                                  A consequência de todas essas providências é que os exames nacionais de avaliação da rede pública fluminense assinalam incremento qualitativo, o que  anima bastante os seus dirigentes.  Estão ficando para trás os tempos do desânimo e vive-se uma nova perspectiva de expansão, em todos os sentidos.

  • Porta dos fundos

    Já é um absurdo que deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal continuem exercendo seus mandatos como se nada tivesse acontecido. Há vários casos desses na Câmara em Brasília. Absurdo maior, no entanto, é dar posse a um suplente condenado pela última instância do Judiciário por corrupção ativa e formação de quadrilha. A posse do ex-presidente do PT José Genoino é absolutamente legal, pois o processo ainda não transitou em julgado, mas é totalmente aética e revela, ao mesmo tempo, a falta de compromisso do PT e da própria Câmara com o exercício da política no sentido mais alto, definido como a busca do bem comum, priorizando interesses particulares e corporativos.

  • O romper do ano, decepções e boas catástrofes

    O fim de 2012 discrepa de todo esse advento do futuro, como se pensava, ainda, na abertura do novo século, acreditando na civilização da paz e no avanço acelerado do. O 11 de setembro torna-se, cada vez mais, o marco da ruptura com a crença nessa hegemonia tranquila e crescente dos valores indiscutíveis, até então, do universo, como entendido pelo Ocidente. Enfrentamos a "guerra das religiões" como o terrorismo da fé, a partir da destruição de Bin Laden. Mas a Al-Qaeda permanece, enquanto ameaça latente, descentralizada, verdadeiro suicídio cívico, como mostra a violência pontual no Afeganistão, na índia, ou no Paquistão. Foi, no entanto, a aceleração dos impasses da Primavera Árabe que tornou mais nítido ainda o que se reputava, independentemente dos conflitos culturais, uma conquista da consciência da humanidade, qual a da democracia ou do laicismo, ou da superação, de vez, dos fundamentalismos religiosos.

  • Impasses

    Não é apenas na questão da perda dos direitos políticos dos parlamentares condenados que o Congresso pode ter um enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal. Há outra questão polêmica em jogo no momento, com consequências mais concretas para o país do que a crise institucional que se anuncia caso o futuro presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, mantenha a posição intransigente de seu antecessor e decida não acatar o entendimento do STF de que os mandatos dos deputados condenados no mensalão estão automaticamente cassados.

  • Impressões de viagem

    Nesta época do ano em que todo mundo viaja - inclusive eu, que estou saindo de férias - é bem possível que o distinto amigo e a cativante leitora estejam agora num aeroporto. Não menciono rodoviárias, ônibus ou carros por falta de experiência, pois as estradas me aterrorizam muito mais que os aviões, no que, aliás, acredito que tenho razão, diante da carnificina que costuma deflagrar-se nelas, nos períodos de maior movimento. Sinto grande inveja de quem lê em aeroportos. A única leitura que consigo fazer é a dos monitores que mostram informações e não posso me concentrar em nada, porque tenho certeza de que vão mudar a hora do embarque, depois o portão, depois ambos e, em seguida, vão cancelar o voo.

  • Relações intrincadas

    As manobras contábeis feitas pelo governo brasileiro no fim do ano para tentar tapar o buraco que havia na formação do superávit primário, que serve para amortizar a dívida pública, envolvem os mesmos princípios de manipulação fiscal que vêm sendo adotados pelo Ministério da Fazenda desde a crise econômica internacional que teve início em 2007/2008. Mais uma vez o governo utilizou-se de bancos oficiais – Caixa Econômica Federal e BNDES – para, com a antecipação de dividendos ao Tesouro, cobrir parte do superávit que deveria ter sido poupado.

  • Ainda não vimos nada

    O ano começa com enchentes e apagões. Li, não sei onde, que os temporais que caem sobre nós, fluminenses e cariocas, são produzidos no oceano Pacífico, cujas águas muito quentes formam as nuvens que desabam em Friburgo, Teresópolis e região serrana em geral. Logo, a culpa não é nossa, pertencemos ao tal país abençoado por Deus e bonito por natureza.

  • Um ministro da Justiça

    Conheci o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, num evento sobre meio-ambiente e desenvolvimento sustentável na Academia Brasileira de Filosofia, Rio de Janeiro, na rua Riachuelo (casa que pertenceu ao General Osório), há quase um ano.

  • Prece para um ano novo

    Depois do bife com batatas fritas, das pernas da Claudia Raia e da introdução de "No Tabuleiro da Baiana", do Ary Barroso, a maior criação de Deus foi o Diabo, o próprio, também conhecido como Demônio ou Satanás. E, segundo Guimarães Rosa, o Arrenegado, o Cão, o Sujo, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Tisnado, o Coxo, o Coisa-Ruim, o Marrafo, o Não-Sei-Que-Diga, o Rapaz, o Sem-Gracejos (apud "Grande Sertão: Veredas").