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Artigos

 
  • Visão social

    A começar pela diretora-geral do FMI, Christine Lagarde - que dedicou seu discurso a “duas moças”, Malala Yousafzai, a jovem estudante paquistanesa que quase morreu atacada por talibãs, e “sua irmã indiana” de 23 anos que morreu depois de ter sido atacada em dezembro por uma gangue de estupradores na Índia -, nunca se viram em Davos sessões tão drasticamente voltadas a questões como desigualdade, responsabilidade e valores morais como objetivos de medidas econômicas muitas vezes impopulares, mas que têm a finalidade de melhorar as condições sociais dos países.

  • Nuvem de livros

    Trata-se de projeto original, que focaliza um verdadeiro buraco negro na cultura brasileira: a ausência de um número sequer razoável de bibliotecas escolares em todo o país.  O Brasil tem hoje cerca de 200 mil escolas de educação básica.  Desse total, 130 mil escolas não têm bibliotecas dignas desse nome, ou seja, 65%.  Pode-se inferir que aproximadamente 15 milhões de alunos não utilizam biblioteca, embora a Constituição de 2008 preveja que até 2020 todas as escolas, públicas e particulares, deverão ter pelo menos uma biblioteca.  E cada uma delas deverá ter, no mínimo, um livro por aluno matriculado.                                                   O projeto “Nuvem de livros”, elaborado pela Gol Mobile, parte do princípio de que há quase 250 milhões de linhas de celular em operação no Brasil e que estamos em 3º lugar no ranking mundial do mercado de computadores, com 58 milhões de conexões banda larga.  É a grande chance de criar uma biblioteca on-line, para ser acessada de dispositivos conectados à internet.                                                   Os conteúdos das obras selecionadas por peritos de primeira ordem podem ser alcançados por milhares de usuários simultaneamente, despertando um interesse inusitado pela riqueza do que se contém nos livros existentes.  Segundo o publicitário Roberto Bahiense de Castro, diretor de relações institucionais do Grupo Gol, estamos próximos de alcançar a desejada democracia do conhecimento, igualando, nesse potencial, escolas públicas e particulares.                                                   A variedade de ofertas é quase infinita, abrangendo dicionários, vocabulários, livros didáticos de todas as matérias da grade curricular, romances, ensaios, livros de poesia etc.  A “nuvem” estima ainda a existência de reforço escolar, visitas guiadas, salas temáticas, salas do professor e livrarias propriamente ditas, onde o usuário encontrará obras inimagináveis.  Se o aluno estiver interessado em trigonometria, por exemplo, encontrará todas as lições de reforço, para sanar as suas dúvidas.  O mesmo, é claro, com as outras matérias da educação básica.                                                   Dará ao professor a oportunidade de oferecer visitas guiadas aos nossos grandes museus ou chegar até a Biblioteca Nacional, sem sair de casa ou da sua sala de aula.  Pela “nuvem” o professor consulta os relatórios de acompanhamento das suas turmas e toma conhecimento, para transmitir aos alunos, das recomendações de leitura, numa incrível variedade.                                                   A riqueza desse instrumental vai além e chega aos cursos de idiomas e oferece ainda a sonhada formação continuada de professores, com bibliografia específica e o incentivo ao emprego de novas tecnologias na escola.  Nada mais moderno.  É claro que o público-alvo não se esgota no ensino médio, alcançando também as Universidades, com as suas bibliotecas temáticas (Arquitetura, Administração, Direito, Medicina, Educação etc).  Muitas editoras (cerca de 80) já se associaram ao empreendimento, garantindo a qualidade de tudo o que se está oferecendo.  Estamos certos de que muito se ouvirá falar da “nuvem de livros”, que ora surge como inovação. 

  • O futuro da Europa

    O tema central nas preocupações do Fórum Econômico Mundial aqui em Davos é o futuro da Europa, e por isso mesmo a decisão do primeiro-ministro David Cameron de submeter a um referendo a permanência da Inglaterra na União Europeia dominou os debates de ontem. A primeira reação, no dia do anúncio, fora de desinteresse, e o Primeiro-Ministro italiano Mario Monti colocou um caco em seu pronunciamento para dizer que a União Europeia não precisava de membros que não quisessem permanecer.

  • Mais três anos, para nada

    Estamos vivendo uma falsa guerra de notícias sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Mais, até, em Portugal do que propriamente no Brasil. Diversos escritores do outro lado do Atlântico criticam ferozmente a existência da proposta de unificação ortográfica, alguns utilizando uma virulência desrespeitosa em relação a nós.

  • Qual o caminho?

    O Brasil já passou por várias situações aqui em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Já foi o destaque da semana, nos tempos do Plano Real e em alguns anos do governo Lula. O próprio ex-presidente já foi a grande estrela de Davos, mas em anos de baixo crescimento já houve até quem sugerisse que se retirasse a letra B do acrônimo BRICS, deixando para a Rússia, Índia, China e agora a África do Sul as glórias de liderarem os mercados emergentes. Mas este ano está diferente, não há uma compreensão exata da situação do Brasil.

  • A busca da felicidade

    Ao mesmo tempo em que discute os temas econômicos mais atuais, o Fórum Econômico Mundial abre espaços há alguns anos para debates paralelos, e este ano um deles se dedicou a discutir como incluir a felicidade e o bem-estar dos cidadãos na medida da prosperidade de um país, para além do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Entre os debatedores, os economistas Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, e o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, além de Laura Chincilla, presidente da Costa Rica, um dos países mais felizes do mundo de acordo com pesquisas ainda incipientes sobre o tema.

  • A incerta Primavera Árabe

    A operação militar da França no Mali contra os terroristas, alguns ligados à Al Qaeda, que dominavam parte do seu território chega a mais uma vitória com a retomada do controle da cidade histórica de Timbuktu, mas a ação de curto prazo não representa uma solução para aquele país do norte da África, cujo maior desafio é a superação de problemas econômicos crônicos. Uma situação que demanda ação humanitária urgente por parte da comunidade internacional. Se a França não tivesse intervindo, a situação teria chegado próximo a uma catástrofe.

  • O ambíguo legado europeu ao século XXI

    Abre-se, em Paris, a XXVI Conferência da Academia da Latinidade, dedicada ao estudo do legado europeu no mundo, após a Primavera Árabe e a emergência da nova globalização. É largo o caminho, desde 1968, que levou a Academia a reuniões bianuais, e a começar por Teerã, Alexandria, Istambul, Baku, Cairo, Rabat. De par desdobrava-se o debate dos perigos, também, dos fundamentalismos ocidentais, tanto nos EUA, após o 11 de setembro, quanto na América Latina, na discussão da verdadeira autenticidade cultural pré-colombiana, levando aos debates de Nova York, Lima, Quito ou Mérida.

  • O tigre e a jaula

    Dois anos depois da eclosão da Primavera Árabe, o caminho para a democracia na região continua difícil e imprevisível e está longe de estar garantido, concluiu o âncora da BBC Nik Gowing depois de uma mesa redonda em Davos sobre o atual estágio do desenvolvimento da democracia nos países árabes afetados pelos processos revolucionários que derrubaram ditadores na Libia, na Tunisia, no Egito, no Iemem, países hoje governados por líderes escolhidos em eleições democráticas impensáveis anos atrás.

  • Os riscos do relaxamento

    As vantagens de curto prazo da política de flexibilização monetária (quantitative easing) adotada em praticamente todo o mundo para enfrentar a crise econômica de 2009 superam os riscos de longo prazo? Num painel do Fórum Econômico Mundial em Davos de que participaram economistas como Nouriel Roubini, professor de economia e negócios internacionais; Stanley Fischer, presidente do Banco Central de Israel; Victor Halberstadt, Professor da Leiden University da Holanda, Leonard N. Stern da Business School da Universidade de Nova York, e Davide Serra, fundador e sócio-gerente da Algebris Investments do Reino Unido e Adam S. Posen, presidente do Peterson Institute para Economia Internacional, dos Estados Unidos, discutiu-se o tema, muito importante para o mundo e, especificamente, para o Brasil.

  • A perda de um irmão

    O domingo cinzento era um dia triste.  O cenário do cemitério israelita de Butantan, em São Paulo, mesmo que muito bem tratado, era mais triste ainda.  Quem pode se conformar com a perda de um irmão, mesmo que seja o mais velho, e que tenha tido uma longa e proveitosa existência de 88 anos?                                         Era o enterro do Sylvio, que se notabilizou  em São Paulo por duas atividades essenciais: engenheiro de méritos indiscutíveis e professor brilhante com destaque para os 25 anos de atividades  na Universidade Mackenzie, onde se formou  em engenharia na década de 40.                                   Na cerimônia  religiosa, ao lado  esposa Judith (quase 60 anos de bodas felizes), das filhas  Eliane e Sheila, além de netos e amigos, Sylvio foi homenageado por um dos rabinos presentes. Ao falar das suas virtudes, fez questão de ressaltar especialmente a retidão de caráter.  Nada mais importante para quem amou a sua condição de mestre, que foi também no Instituto Mauá de Tecnologia, na FAAP e na Politécnica. Era um sábio.                                Com uma particularidade sobre a qual ouvi elogios intensos, em outros tempos, da professora Esther Figueiredo Ferraz, sua amiga, e que foi reitora do Mackenzie e primeira mulher a ser ministra da educação do Brasil: “É incrível a paixão do Sylvio pela geometria descritiva.  Há uma corrente achando que os futuros arquitetos e engenheiros não precisam mais dessa matéria, mas ele defende com unhas e dentes a sua utilização – e eu fico impressionada com os seus argumentos.”                                Sylvio foi muito querido e respeitado pelos seus milhares de alunos.  Suas filha  Eliane e Sheila têm uma explicação: “Além de conhecer profundamente a matéria, foi dono de um bom-humor permanente.  As aulas eram muito agradáveis.”                            Quando ainda no Rio, com toda a família, foi aluno do Colégio Independência, na rua Barão do Bom Retiro, sempre primeiro da turma.  Uma das características marcantes da sua personalidade foi o profundo amor pelos livros.  Era um leitor apaixonado, com  especial predileção pela filosofia da matemática.  A família, que viveu em São Paulo entre 1944 e 1946, voltou para o Rio, mas ele não conseguiu transferência para a Escola Nacional de Engenharia.  Vindo de uma faculdade particular (Mackenzie) era praticamente impossível obter uma vaga na ENE, embora tivesse notas excepcionais.  Éramos desprovidos de pistolões.                             Sylvio nunca perdeu o espírito carioca.  Vinha passar as férias no Rio e escolhia especialmente a época de Carnaval, que adorava.  Morávamos na Tijuca.  Uma das suas grandes alegrias era vestir-se de “sujo”, solitariamente, sair de casa todo disfarçado, pegar o bonde Tijuca (66) e dar uma volta  pela cidade, muitas vezes no estribo, se deliciando com a reação das pessoas.  Depois de casado com a sua amada Judith, procurou novamente a praia e fez de Peruíbe o seu paraíso, para onde  ia nos finais de semana, pouco se importando  com as horas perdidas na  estrada sempre cheia.  Os dias e as horas vividos na cidade paulista  de Peruíbe (onde fez algumas construções) valiam a pena.  Este é o  bom Sylvio que perdemos.  Jamais será esquecido.

  • Sem argumentos

    O melhor argumento do senador Renan Calheiros para o retorno à presidência do Senado, sete anos depois do escândalo que o apeou do mesmo cargo, era que já havia sido absolvido pelo Conselho de Ética e que nenhuma denúncia da época havia prosperado, por falta de base. Era inocente, portanto, e tinha o caminho livre para reassumir o cargo que lhe fora tirado indevidamente.

  • Apesar de tudo

    Como a vitória do senador Renan Calheiros era tida como inevitável, o importante é entender por que uma candidatura tão polêmica, para dizer o mínimo, que pode levar o Congresso a um enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal, teve passagem tão fácil entre seus pares. A primeira constatação é que a oposição ao que ele representa ficou abaixo do prometido aos organizadores da anticandidatura do senador Pedro Taques, do PDT.

  • O terrorismo vai à guerra

    A XXVI Conferência da Academia da Latinidade, em Paris, deu especial atenção à nova e inesperada revivescência do terrorismo islâmico. Não foi outra a surpresa dos acontecimentos do norte do Mali e da Argélia, tendo forçado a intervenção militar e peremptória do governo francês, agora seguida de vacilantes, ainda, concursos das Forças Armadas de vários países europeus. Tal como avançou na conferência o professor Al-Salimi, de Oman, o que está em causa não é a mera ocupação do vácuo de Bin Laden, mas a emergência de uma nova geração do confronto islâmico. É a liderança, já, de Mokhtar Belmokhtar, amadurecido em conflitos pontuais no Afeganistão, que vem ao comando do que parecia uma provocação terrorista, rapidamente erradicada. O que se vê é um choque frontal no terreno com forças armadas rebeldes, e treinadas, a assentar-se num território e não mais a buscar apenas o atentado pontual, típico dos homens-bomba.

  • Um doze avos

    Em números redondos, já atravessamos um doze avos do ano que será o laboratório para a próxima sucessão presidencial. A classe política, com seus anexos na economia e nas instituições que dependem do poder, já está mergulhada na composição de um quadro do qual emergirão os candidatos que potencialmente disputarão o topo da pirâmide nacional.