
Artigo
A morte do mal
Diário do Comércio (São Paulo), em 12/05/2005Faz sessenta anos que um soldado do Exército Vermelho hasteou a bandeira sobre as ruínas do Reichstag, em Berlim, quase toda destruída pelos bombardeios, e se despediu do mundo que ele queria dominar o monstro Hitler, um desses seres humanos que, como se lê em Jó, no Velho Testamento, fora melhor não ter nascido.
O sarcasmo do Judeu
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 11/05/2005O Tribunal do Santo Ofício, abominável em sua essência, operou no Brasil cerca de 240 anos, com a matriz situada em Portugal, onde teve mais de 280 anos de existência. Foram várias as injustiças cometidas contra os judeus, com processos infames e descabidos. Com isso, muitos foram sacrificados e outros viveram na clandestinidade, sem poder professar claramente a sua fé original.
A crise na mídia
Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/05/2005É comum a lamentação de que os jovens não gostam de ler revistas e jornais a não ser aqueles diretamente ligados ao seu universo específico. Além disso, a população madura vai também, aos poucos, questionando a oportunidade ou a necessidade de se informar na leitura diária e constante de um meio tradicional que hoje encontra novos e surpreendentes recursos de comunicação.
Falta sem punição
Diário do Comércio (São Paulo), em 11/05/2005Em artigo publicado domingo passado no O Estado de S. Paulo , o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou os cinco anos de vida da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, segundo noticiário a respeito, muitos foram os faltosos e nenhum foi punido pela falta cometida contra os dispositivos dessa lei, a melhor de autoria do ex-presidente.
O mar de pessoa
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 10/05/2005Seguir a trajetória de Fernando Pessoa no livro de Maria José de Lancastre, que tem o subtítulo de "Uma fotobiografia", é ter a oportunidade real de surpreender os momentos em que o poeta optou por uma escolha, abandonou uma tendência e fixou os rumos de sua vida. Tendo sido criado em Durban, na África do Sul, tornou-se aluno de língua inglesa, idioma em que também escreveu seus primeiros poemas e ensaios.
Paixão pela palavra
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 18/05/2004Realiza a Academia Brasileira de Letras, nas ocasiões oportunas, sessões de efemérides, dedicadas a datas referentes a antigos acadêmicos. Um dos que tiveram sua memória homenageada este mês foi Alberto de Oliveira. Nasceu o poeta quando o Brasil autônomo completava 35 anos de idade.
Das Torres ao polegar da infâmia
A foto da dupla de beleguins-soldados, polegar ao alto, frente à pirâmide da nudez retorcida dos detentos de Bagdá vale a da menina de My Lai do desamparo total, fugindo do napalm, no Vietnam, há 30 anos. Empatam no horror que vira, por insuportável, uma página da crueldade dos homens. Esse toque de repulsa definitivo é o de uma saturação que chega ao inconsciente social generalizado de nosso tempo. O riso da soldado England, vinda de Fort Ashby, cidadezinha da América profunda, voluntária da cruzada de Bush, é, de saída, o do prazer perverso, de posar frente à pilha dos corpos nus e roliços, superpostos à sua frente, carne cega e submissa. Mas a gargalhada que se segue é de um desfrute do poder ou da impunidade sem limites, nascido das star wars, de suas máquinas apocalípticas de devastação, impelidas ainda pela forra das torres de Manhattan pelo povo eleito - como salienta o presidente Bush -, que não tem mais contendor para as guerras que fizer e pelo tempo que exigir o senhorio da Casa Branca.
Empregabilidade - 1
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 17/05/2004Participamos, em São Paulo, do 7º Seminário CIEE sobre Empregabilidade/3º Setor, na Gazeta Mercantil. Foi um encontro promissor, do qual resultaram inúmeras recomendações e consideramos pertinente ressaltar, algumas,para fins de reflexão.
A face atual de democracia
Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 17/05/2004Supuseram a mídia e os governos estrangeiros, tanto quanto os milhões que votaram em Lula, que teríamos uma nova democracia, expurgada de seis erros antigos e, na linguagem do presidente, ex-purgada, também, da herança da sucessão, contra qual não se cansam os petistas de articular as maiores objurgatórias. Tudo seria novo, e a democracia luliana, seria, essa, sim, melhor do que as anteriores que tivemos, inclusive a melhor de todas, a do Império.
Pequena entrevista imaginária
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 16/05/2004- General McBlaster, muito obrigado por sair de seu descanso na reserva para dar uma opinião sobre a participação do Exército brasileiro na repressão do crime na cidade do Rio de Janeiro. Um homem com sua experiência certamente terá muito a dizer.
Gengis Khan e seu Falcão
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 16/05/2004Em recente visita ao Cazaquistão, na Ásia Central, tive a oportunidade de acompanhar caçadores que usam o falcão como arma. Não quero entrar aqui no mérito de discutir a palavra “caçada”; apenas dizer que, neste caso, é a natureza cumprindo o seu ciclo.
Aula de catecismo
Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/05/2005Entrevista de um teólogo nacional, que, pouco antes do último conclave, soltou verbo e barbas sobre a eleição do novo papa, satanizando o cardeal Ratzinger e considerando-o o grande inquisidor, o homem das trevas. Em recente entrevista, descobriu a pólvora, reconhecendo que o papa Bento 16 é diferente do cardeal que ele considerava a besta-fera dos tempos modernos.Por Júpiter! Com a idade que tem, com os ensinamentos que deve ter recebido na ordem religiosa que abandonou, na pura e simples escolaridade profana, ele deveria saber que não apenas um papa mas qualquer governante de um Estado, de um governo, de uma instituição ou de uma empresa, ao ser nomeado ou eleito presidente ou chefe, é obrigado a subordinar suas opiniões pessoais aos interesses gerais do órgão que passará a dirigir.
Saudades da velha dominação
Reuniu-se em Alexandria, por iniciativa estrita de uma entidade da intelligentsia, a Academia da Latinidade, um conjunto de pensadores ocidentais e islâmicos para a crítica do diálogo internacional transformado em retórica política, senão em impostura assumida diante da brutalidade do conflito pós-queda das torres em Manhattam. Não se trata mais de invocar-se o lugar comum do choque e seus vaticínios acadêmicos, mas do entendimento do que seja, de fato, a partir de uma “civilização do medo”, o começo de um universo hegemônico, mal raiado o novo milênio. Não se cogita mais também de discutir o cenário do mundo unipolar, como mera exasperação dos colonialismos, ou das dominações conhecidas, ou repetir os paralelos entre impérios, ao fio todo da história, como a conhecemos até hoje. É escapar a realidade do que agora começa, recorrer-se a comparação entre Roma e Washington ou acreditar que o poder universal como o que constrói o Salão Oval tende a se afrouxar, necessariamente, a largo prazo, e exaurir-se pela própria inércia.
Napoleão e o cachorro do Marcelo
Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 14/05/2004Citação é uma coisa perigosa que necessita de oportunidade e memória. Às vezes, abusamos da oportunidade e muitas vezes podemos ter falhas de memória.