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Artigos

 
  • Política é o diabo

    Franco Zeffirelli passou temporadas no Rio e numa delas montou uma ópera no Municipal. Convivi com ele, naquela ocasião. A ideia original era uma apresentação de "Tosca", mas ele preferiu "A Traviata", que é uma adaptação da "Dama das Camélias". Insisti pela ópera de Puccini, embora nada tivesse contra a obra de Verdi.

  • Descobrindo o verdadeiro medo

    Um sultão decidiu fazer uma viagem de navio com alguns de seus melhores cortesãos. Embarcaram no porto de Dubai e seguiram em direção ao mar aberto. Entretanto, assim que o navio se afastou da terra, um dos súditos – que jamais tinha visto o mar e passara grande parte de sua vida nas montanhas–, começou a ter um ataque de pânico.

  • A coisa

    Que está complicado, está. Com poucos meses no poder, o atual governo dá a impressão de que não sabe o que está fazendo em Brasília. Justamente neste arranco inicial, quando é habitual a lua de mel dos novos mandatários, a coisa parece embananada, e pior do que embananada, suspeita de complicações maiores.

  • Observações de um usuário

    A língua inglesa nunca teve academias para formular gramáticas oficiais e certamente seria afogado no Tâmisa ou no Hudson o primeiro que se atrevesse a tentar impor normas de linguagem estabelecidas pelo governo. Sua ortografia, que rejeita acentos e outros sinais diacríticos, é um caos tão medonho que Bernard Shaw deixou um legado para quem a simplificasse e lhe emprestasse alguma lógica apreensível racionalmente, legado esse que nunca foi reclamado por ninguém e certamente nunca será, apesar de algumas tentativas patéticas aqui e ali. Ingleses e americanos dispõem de excelentes manuais do uso da língua, baseados na escrita dos bons escritores e jornalistas – e, quando um americano quer esclarecer alguma dúvida gramatical ou de estilo, usa os manuais de redação de seus melhores jornais.

  • Plurais e outros fatos de língua

    Diretor de importante instituição nos envia pergunta sobre plural de compostos, que é, em nossa língua, um fato nem sempre sistematizado, quer na tradição de nossos melhores escritores, quer no uso oral e escrito dos usuários da língua.  

  • Big Bang

    Reportagem de capa da revista "Época" revela o que foi possível saber sobre o estado de saúde da presidente Dilma. Nada preocupante aos olhos de um leigo, mesmo assim, são necessários exames e procedimentos de rotina, como acontece a qualquer adulto acima dos 50 anos.

  • Pirateiem meus livros

    Em meados do século 20, começaram a circular na antiga União Soviética vários livros mimeografados questionando o sistema político. Seus autores jamais ganharam um centavo de direitos autorais.

  • A educação não floresce sem cultura

    A Educação não pode estar separada da visão da Cultura. Nem vice-versa. E falta na segunda, o que existe na primeira - uma Lei de Diretrizes e Bases da Cultura Brasileira. A atual Constituição move-se entre generalizações. E embora ressaltando a responsabilidade do Estado a respeito da cultura, nada de concreto apresenta concernentemente a ela. Num mundo de valores, esquecer tal dimensão é esquecer-se.

  • Interesse público

    Estamos diante de uma situação típica de governo de visão política autoritária, que considera que certas informações não são do interesse público, como se coubesse ao governo definir que informações a opinião pública tem o direito de saber.

  • Recomeço

    O mais importante na substituição do ex-ministro Antonio Palocci foi a tentativa de retomada do controle da situação pela presidente Dilma. Mesmo tendo se aconselhado com o ex-presidente Lula, o que a enfraquece aos olhos da opinião pública, não aceitou sua sugestão para que mantivesse o ex-ministro Antonio Palocci na Casa Civil e apenas comunicou-lhe que escolheria a senadora Gleisi Hoffmann para substituí-lo, deixando a sua marca com a escolha de uma mulher para o primeiro escalão de seu Ministério.

  • O precioso líquido

    Quando o assunto é corrupção, o exemplo mais banal que nos ocorre é o de Al Capone. Ele só foi punido por uma questão do imposto de renda. Seus múltiplos crimes, incluindo assassinatos, não deixavam pistas -ele chegava a ser um perfeccionista, sabia o que fazia.

  • As amazonas petistas

    A simples informação de que a presidente Dilma Rousseff pensa em colocar na articulação política a ex-senadora Ideli Salvatti, atualmente no Ministério da Pesca como compensação pela derrota que teve na disputa do Senado em Santa Catarina, mostra qual o perfil que ela pensa para um governo que tenha "a sua cara". A confirmação da escolha trará duas informações importantes: a presidente está resistindo a grupos de pressão do PT e do PMDB e está montando uma assessoria direta de mulheres que têm como característica marcante a rispidez no trato, à sua imagem e semelhança.

  • Da Praça Tahrir à democracia dos indignados

    O conjunto de levantes na praça, simbolizados pela aglomeração na Praça Tahrir, no Cairo, vai à senda mais funda do seu efeito dominó, para além do Oriente Médio e da primavera árabe. Lá estão, em Madri, e na Praça da Catalunha, em Barcelona, ajuntamentos determinados a ficar, dia e noite, na visibilização deste poder emergente do povo na praça, em maratona incansável do protesto. É a réplica a toda comunicação a distância, que já socializou tão profundamente, pela internet, o debate político e a formação de uma nova consciência coletiva. É o corpo a corpo em que a conquista da coesão fala mais, inclusive, que a própria temática dos " seus múltiplos recados e protestos. Tal como se deparássemos, de vez, não só ,a exaustão das mecânicas de representação política e, mesmo, a dos próprios plebiscitos que pareceriam ser a sua imediata derivação.

  • Peru à brasileira

    O Peru, como o Brasil, teve em sua história recente comuns atropelos com os militares e divisões pseudoideológicas a pregar reformas de base esotéricas, xenofobias desesperadas e populismo anárquico. Tal fase, para eles, só acabou em 1985, com o término do mandato de Belaúnde Terry e a eleição de Alan Garcia (em seu primeiro governo). A política peruana sempre foi comandada pela aristocracia crioula de Lima ou pelos "incas", militares que comandavam, como Velasco Alvarado, ideias autoritárias cora base ideológica. Era frágil a estrutura democrática e o interior permanecia com a população indígena mergulhada na miséria absoluta. Como complicador inesperado, surgiu essa inacreditável cunha chamada Fujimoria quem recusei receber em meu primeiro mandato como presidente do Senado, em 1996, por ter fechado o Congresso peruano—, que ainda resiste com sua filha Keiko, herdeira do populismo, candidata nas últimas eleições.  A disputa no Peru se processou, como na eleição de Lula em 2002, sob dicotomias: "medo e esperança", "medo e populismo", "medo e moral". Ollanta Humala, o primeiro "cholo" puro a romper a tradicional divisão do país, outrora radical e partidário da violência, converteu-se à realpohtik. Respeito aos mercados, estabilidade fiscal, promessas de inclusão social e distribuição de renda. O Peru vive uma fase de crescimento; o problema de Humala será mais fácil, pois não precisa, como no Brasil em 2002, retomá-lo, mas mantê-lo com justiça social. Pesa sobre a população a herança da guerrilha do Sendero Luminoso e a profunda divisão entre o interior e a capital. Basta ver que Keiko Fujimori teve 57% dos votos na grande Lima e foi o apoio maciço do interior a Humala que decidiu a eleição.