Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Artigos

Artigos

 
  • A catástrofe anunciada

    A notícia que se tem, depois da tragédia, a maior na história carioca, com desolação e a morte de ricos e pobres, com mais de 500 vítimas, além da perda de casa e automóveis - em Petrópolis, Teresópilis e Nova Friburgo - é  que o governo do Estado do Rio sabia, desde 2008, dos riscos na região da catástrofe.

  • Insensata educação

    Para matar as saudades, recorri ao Dicionário da Língua Portuguesa, do filólogo Antenor Nascentes, para obter o registro preciso do adjetivo insensato. É tudo que é contrário à razão ou ao bom senso. A novela "Insensato coração", de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, começa a fazer sucesso e, por uma inexplicável associação de ideias, ocorreu-me aplicar o título à precária situação da educação brasileira. Tem muita coisa que se custa a entender, apesar dos reiterados diagnósticos que são feitos no setor. Assim como se discute o valor do salário mínimo, há diversas versões para o percentual do PIB a ser destinado à educação, com uma certeza absoluta: os atuais 5,2% são rigorosamente insuficientes. Na campanha presidencial, falou-se em 7% e agora, de forma aparentemente irresponsável, existem os que defendem 10%, sem esclarecer de onde sairiam os recursos.

  • Ser ou não ser universidade

    É provável que a expressão Educação Corporativa seja originária do modelo norte-americano, povoado de escolas com características inovadoras, servindo sobretudo às grandes empresas. Uma forma evidente de aperfeiçoar a política de recursos humanos.

  • “Morram os vivos”

    “Venhamos ao presente. O presente é a chuva que cai, menos que em Petrópolis, onde parece que o dilúvio arrasou tudo ou quase tudo, se devo crer nas notícias; mas eu creio em poucas coisas, leitor amigo. Creio em ti, e ainda assim é por um dever de cortesia, não sabendo quem sejas nem se mereces algum crédito. Suponhamos que sim. Creio em teu avô, uma vez que és seu neto, e se já é morto; creio ainda mais nele que em ti. Vivam os mortos!

  • O copioso ministério e suas superposições

    O novo Ministério não evidencia, apenas, a amplitude da descentralização de tarefas e funções em que o governo Dilma comandará o desenvolvimento sustentado. São múltiplos os escaninhos das políticas de mudança, e das interações entre o trato da mobilidade social e da situação econômica. Ou do delineio das políticas de igualdade de gênero ou de raça, no tronco de defesa e avanço dos direitos humanos. A cogitação que surge logo, entretanto, é a de se verificar se, em toda essa trama de desempenhos, não enfrentaremos superposições e possíveis embates, nascidos, inclusive - e sobretudo-, da complexidade dos fenômenos sociais à sua frente. De saída, vá-se, no campo do Ministério da Justiça e da Segurança, às políticas de saneamento da violência nas favelas, no entusiasmo em que o Ministro Cardozo se refere às conquistas logradas no Complexo do Alemão, e as vê como extensíveis a todo o país.

  • Escuridão pessoal

    "Glauber Rocha jamais venceu a escuridão pessoal" - escreveu Heitor Cony, em Eu,aos pedaços. Não seria essa escuridão para alguns, a marca de genialidade, como a luz é para os outros, bem poucos? Lembrei-me do amigo Iberê Camargo. Várias vezes quando viajava ao Rio, ia visitá-lo no ateliê, assistindo ao espetáculo quase pirotécnico de sua criação, como se a tinta fosse sangue e o sangue, pintura. Mas a escuridão no seu processo inventivo tinha janelas de fogo ou janelas de céu roído de azul, junto à espessa escuridade.

  • Fadiga de material

    O homem se autoproclamou rei da criação. Nada contra: o homem é rei das pulgas e siris, que nunca chegaram à perfeição de fabricar videocassetes de quatro cabeças nem tesourinhas de unha. Semana passada, jornais do mundo inteiro deram um alerta sobre o aquecimento global da Terra, explicando a recente sucessão de desastres naturais, terremotos, erupções vulcânicas, furacões, tornados e enchentes: a terra treme, título por sinal de um antigo filme italiano.

  • A visita de Obama

    Os oito anos de governo do presidente Lula marcaram um novo tempo na História do Brasil. Ao feito de um operário ter atingido a Presidência da República, finalizando um processo em que todas as classes tiveram a oportunidade de dirigir o país. Lula somou o grande sucesso econômico e social de seu governo. Este sucesso, por sua vez, impulsionado por sua capacidade de diálogo e habilidade de negociação, levou o Brasil a mn novo protagonismo no cenário político internacional.

  • O cansaço autoritário no mundo Árabe

    A queda do Presidente Ben Ali, da Tunísia, repercute para além de um mero golpe de Estado no Oriente Médio e toda esta área mediterrânea, que manteve como monarquias, de fato, as presidências nascidas com a independência frente ao colonialismo europeu. São todos regimes em que os Presidentes duram por décadas, sem horizontes efetivos para a sua mudança, na Argélia, na Tunísia, no Egito, independentemente do que digam as Constituições ou o seu simulacro eleitoral. Patente, entre todos, é o caso de Mubarak, cujo filho já se vê como um herdeiro natural e incontestável. Ninguém se deu conta do impacto, crescendo semana a semana, da imolação de Mohamed Januz, em Túnis, num protesto sem volta pela restauração da democracia no país, e o afastamento do Presidente Ben Ali. Tal sacrifício continua nestes dias no Cairo, pelo suicídio de Salah Mahmud, prefigurando uma reação em cadeia, num novo movimento cívico inesperado, da cultura islâmica, na cobrança da chegada das liberdades nesta área crítica à estabilidade internacional.

  • A vez da África

    Com o término da 2ª Guerra Mundial, o mundo passou por uma fase de grandes transformações, das maiores da História, com a descolonização da África. Começou com a Líbia e o Egito e foi até à década de 70, com as colônias portuguesas. Mas os grupos de libertação viraram ditaduras. De democracia, nem falar. Agora as coisas começam a mudar.

  • Herdeiros famélicos

    Poeta e escritor, jamais me atrevo a falar em nome da tribo a que pertenço. E, de quatro em quatro anos, assisto ao movimento de cineastas gulosos, confrades frenéticos, apetitosas beldades eletrônicas, patéticas donas de casa, vetustos professores inaposentáveis, instaladores de instalações e até jogadores de futebol e bola ao cesto que se reúnem buliçosamente para apresentar aos candidatos presidenciais um rol de reivindicações artísticas e monetárias. Todos se proclamam intelectuais — o que não deixa de juncar-me de inveja, já que não sei onde começa e onde termina o intelecto, e o império da certeza não faz parte de minha geografia.

  • Coisas nossas

    Está na berlinda a aposentadoria de alguns ex-governadores. Não sou entendido no assunto, acho que a Constituição Federal é omissa na matéria, o privilégio figura em algumas Constituições estaduais. Caberá ao STF decidir o problema. Leio que a OAB vai entrar com uma ação a propósito. Esperemos.

  • Gargalo e outras expressões

    A leitora Simone nos pergunta sobre o significado da palavra 'gargalo' empregada em contextos do tipo 'gargalos da cadeia de inovação em fármacos' e 'a questão do câmbio é um gargalo importante que precisa ser analisado'. Está patente que, neste emprego, 'gargalo' vale o mesmo que 'impedimento' ou 'dificuldade no andamento de algum  processo',ou ainda'barreira', 'entrave'. Realmente, na área do Comércio e da Economia,'gargalo'pode assumir tais acepções. Pergunta-nos ainda se tal palavra também pode ser empregada no significado de 'oportunidade', isto é, com valor positivo. Cremos que não. Não vemos a palavra usada nesse emprego positivo; 'gargalo' é sempre um obstáculo à continuidade de um curso ou percurso que se quer normal.É o resultado de uma metáfora facilmente entendida: algo que tem um percurso fácil no interior de uma garrafa, mas que, com o afunilamento ou estreitamento do gargalo, já não escoará com a mesma facilidade para chegar ao fim do processo.

  • A linguagem dos sinais

    - O que é a linguagem dos sinais?- Todo homem tem uma maneira pessoal de comunicar-se com Deus e com sua própria alma.- Então, o homem não precisa da religião?- As religiões são muito importantes, porque nos permitem adorar de forma coletiva, e compartilhar dos mesmos mistérios. Mas a busca espiritual é responsabilidade de cada um: se você afastar-se do seu caminho, nada vai adiantar ficar culpando o padre, o imã, o rabino, o pastor - a responsabilidade é sua. Por isso existe um alfabeto que sua alma entende, e que vai mostrando as melhores decisões em seu caminho.