A queda do Presidente Ben Ali, da Tunísia, repercute para além de um mero golpe de Estado no Oriente Médio e toda esta área mediterrânea, que manteve como monarquias, de fato, as presidências nascidas com a independência frente ao colonialismo europeu. São todos regimes em que os Presidentes duram por décadas, sem horizontes efetivos para a sua mudança, na Argélia, na Tunísia, no Egito, independentemente do que digam as Constituições ou o seu simulacro eleitoral. Patente, entre todos, é o caso de Mubarak, cujo filho já se vê como um herdeiro natural e incontestável. Ninguém se deu conta do impacto, crescendo semana a semana, da imolação de Mohamed Januz, em Túnis, num protesto sem volta pela restauração da democracia no país, e o afastamento do Presidente Ben Ali. Tal sacrifício continua nestes dias no Cairo, pelo suicídio de Salah Mahmud, prefigurando uma reação em cadeia, num novo movimento cívico inesperado, da cultura islâmica, na cobrança da chegada das liberdades nesta área crítica à estabilidade internacional.