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Artigos

 
  • 'Me diga isto' ou 'diga-me isto'?

    Como diversos fatos da língua, a colocação de pronomes se apresenta diversificada conforme se use em circunstâncias de informalidade, isto é, entre pessoas de nossa intimidade, ou entre pessoas de cerimônia, com quem se deve falar ou escrever de acordo com as normas padrões do chamado uso formal ou exemplar, em obediência às normas da gramática escolar, dita gramática normativa. Coloquialmente, pode-se começar um período por pronome átono (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes), ou seja, podemos dizer 'Me diga isto', e até se pode fazê-lo por escrito, quando se trata de ambiente de informalidade entre escritor e leitor. As crônicas, que em geral são conversas amenas entre esses dois personagens, nos dão muitos exemplos desta colocação de pronomes. Já em circunstâncias formais, a regra é nos conformarmos com as normas gramaticais, que, é verdade, não são muitas nem complicadas. Para os que desejarem conhecê-las, vamos aqui enumerá-las:

  • São Brás

    Em 1996, publiquei neste mesmo espaço a crônica que hoje transcrevo em homenagem a uma data que nunca esqueço. Confusão de última hora, agravada pelo calor que consegue embrutecer os mais brutos, não comemorei na última quinta-feira, 3 de fevereiro, o dia de São Brás, epíscopo e mártir, tido e havido como protetor dos males da garganta. Não conheço do santo a biografia, daí não saber por que há séculos seu nome é invocado na hora das sufocações, dos catarros, das espinhas de peixe e ossos de galinha que ficam encravados naquilo que os prosadores quinhentistas chamavam de “guelras”.

  • À sombra das pirâmides

    Aproveitando o gancho do Cairo, que continua na berlinda, semana passada lembrei a cena que nunca esqueço: um soldado egípcio, mutilado numa das guerras da região, abraçou-se às pernas de Ezer Weizman, ministro da Defesa de Israel, que assinaria o acordo de paz com o Egito. Outra cena que me ficou na memória deu-se à sombra das pirâmides. Ao contrário de Napoleão, passei um vexame que foi contemplado por 4.000 anos de história.

  • O silêncio da República

    Paira um grande silêncio na República - não sei se é de ouro - depois da saída do governo Lula. Cessou o rumor, quase diário, das entrevistas na tevê, cessou a  opulência retórica e demagógica das reportagens,e sabiamente a nova presidente se calou. Postulando com decente justeza a competência * não o compadrio - como fundamento dos cargos de segundo escalão. Trabalha em silêncio, como Minas,seu Estado natal. Defronta-se o Brasil com a maior inflação da América Latina, havendo  com a soma dos fatores como: indexação, taxa elevada e estímulos fiscais a dificuldade  de estabilização dos preços, depois de 17 anos de estabilidade econômica. O que nos faz vislumbrar penosos meses.

  • 2010 versus 2011

    O clima político em 2010 foi contaminado pela disputa eleitoral, num ano em que se escolhiam presidente, governadores e parlamentares. Aplicou-se a máxima de Lenine, de que o adversário é um inimigo a destruir. Isto repercutiu sobre toda a sociedade, afetando sobretudo o trabalho no Congresso Nacional, que se afastou das grandes reformas necessárias.

  • Outros tempos

    Passando pela avenida Atlântica, vi um helicóptero descer na praia, numa operação que me pareceu de treinamento. Lembrei-me de Juscelino Kubitschek. No dia seguinte ao de sua posse, às 7h30 da manhã, ele desceu em frente ao Copacabana Palace. Sem qualquer combinação prévia, foi buscar Richard Nixon, vice-presidente dos EUA, que viera para as solenidades que terminaram com uma recepção no Itamaraty.

  • Ao encontro de Camões

    Na missa de 7° dia, no Colégio Notre Dame, o padre Jorjão, diante de mais de 200 familiares, amigos e discípulos de Leodegário Amarante de Azevedo Filho, recordou que o mestre falecido vivia cantarolando o "Queremos Deus que é nosso Pai", como se estivesse se preparando para a glória da vida eterna. O nosso estimado Leo, com quem tive o privilégio de um convívio de mais de 50 anos, não conheceu o iGtium cum dignitate, expressão latina cunhada por Cícero, que significa lazer com dignidade, ou seja, todo homem, depois de uma dura vida de trabalho, tem direito, no fim da sua existência, a um honrado repouso(aposentadoria), o ;que ele não conheceu  por jamais ter interrompido as suas atividades de professor e escritor laureado. Nisso teve sempre a colaboração muito próxima da sua amada Ilka, ex-aluna da UERJ, com quem se casou para tornar prático o pensamento expresso no soneto de Camões, em que o vate português afirmou em inspirado soneto que "amor é fogo que arde 'sem se ver." Segundo a filha Cláudia, o amor entre eles podia ser visto constantemente, tal a afinidade das duas existências. Foi um casal exemplar.

  • Netas de Tiradentes

    Fiquei com pena de Tiradentes. De repente está passando à história como sugador da nação. Tinha tantos privilégios que até hoje transmite a quatro trinetos pensões de dois salários mínimos. Não temos realmente o gosto de fazer justiça. O maior de todos os heróis brasileiros não pode ser alvo de notícias que podem levar a conclusões erradas.

  • Reynaldo Jardim

    Nascemos no mesmo ano. E no mesmo dia, mês e ano começamos a trabalhar juntos na Rádio Jornal do Brasil, inicialmente como redatores de textos de publicidade e programas especiais. A PRF-4 era então uma emissora de médio porte, dez quilowatts na antena, e seu perfil quase exclusivamente clássico. Seu forte era o gênero lírico, transmitia óperas inteiras nas melhores gravações da época. Foi instalado um transmissor de 50 quilowats, dando maior potência à rádio.

  • Do regional ao global no conflito egípcio

    As marchas e contramarchas, no Cairo, entre oposicionistas e defensores do regime de Mubarak levam a novas interrogações sobre o conflito deflagrado pela revolução tunisiana. Não se pode atribuir, por completo, à manobra do presidente, a enxurrada nas ruas para sufocar os inconformados com o sistema. Multiplicam-se os depoimentos de uma classe média egípcia a sobrelevar a estabilidade consolidada do país, sobre as reivindicações de um pleno e amplo restabelecimento da democracia. De outro lado, a multiplicidade de lideranças autoassumidas contra o regime indica, cada vez mais, que não há um verdadeiro levantamento do inconsciente coletivo egípcio. Fosse tal a situação, eclodiria uma mobilização consequente a, já, ter, nesta altura, carismática ou não, uma clara liderança no abate a Mubarak. 

  • A esfinge

    Tudo bem: a história guardará o movimento popular no Cairo que, sem quase derramamento de sangue nem depredações consideráveis, derrubou 30 anos de poder do ditador local. Não houve ataque à Bastilha nem invasão do Palácio do Inverno, como em outros feitos revolucionários.

  • Repensando o Brasil

    Ruy Martins Altenfelder Silva é um homem comprometido, na vida pública, com todos os desdobramentos da palavra ética, sobretudo quando se refere à política. Exerceu com brilho o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia de São Paulo, é membro da Academia Brasileira de Ciências Jurídicas, faz parte de uma série de grupos de trabalho da Federação das Indústrias e hoje, de forma notável, preside os Conselhos de Administração do CIEE/SP e do CIEE/Nacional.

  • Ronaldo

    Poucas vezes a mídia, a nacional e a internacional, deu tanta e tamanha cobertura ao pendurar das chuteiras de um jogador de futebol. Alguma coisa funcionou na declaração de Ronaldo que mexeu com o sentimento que foi além do fato esportivo em si.

  • Democracia e maratona na praça

    O que foi que levou à renúncia de Mubarak, após a maratona do vaivém entre as cheias e o quase cansaço do povo, da Praça Tahirir? A queda do regime não nasceu de nenhuma arquiconspiração, nem de um trabalho missionário de elites, nem de uma catequese que chegasse ao seu ponto de ignição. Funcionou, sim, o exemplo tunisiano, num quadro mimético, mas que acendeu uma profunda exaustão com o regime. Os protagonistas decisivos da mudança vieram a ser essas forças armadas, profundamente coesas, com um treinamento de elite, e que, desde a saída, com o assentimento presidencial, negaram-se a coibir, pela violência, a manifestação popular, Esta se fazia com toda a espontaneidade de um primeiro protesto, que encontrava, também, em outra experiência virgem, nestes trinta anos de governo, a ausência de repressão. A Praça Tahrir tornava-se o local de um plebiscito vivo e continuado. Ou, até mesmo, em estratégias de mobilização, do que fosse a massa, no contra ou pró-Mubarak. Esta, indiscutivelmente, nascida de organizações governamentais, apostando, inclusive, num primeiro cansaço do povo na Praça. O estopim recrudesceu, pela retórica de novos protagonistas, liberado das prisões iniciais, pelo jogo continuado do não-intervencionismo das forças armadas. Deixou-se à perseverança da presença popular o desfecho final, do que fosse o sustento do regime para a mantença da ordem.