As presenças internacionais na posse da Presidente permitem já uma primeira leitura do impacto do Brasil num mundo de rupturas das globalizações e das velhas dependências de centro e periferia. Sobretudo, do relevo em que, de fato, somos vistos pelos parceiros de uma nova geopolítica contemporânea. Claro que, no eixo básico desse reconhecimento, a presença de Hillary indica o quanto permanece o governo brasileiro na ótica primeira do governo Obama, inclusive nesse nosso apoio para a recuperação democrática, ameaçada pela torna do pior fundamentalismo republicano. A perspectiva mais larga do mandato de Dilma, na sua projeção internacional, é já a da nação-continente que se desliga do velho ninho da dependência latino-americana, e vai buscar um protagonismo análogo ao da China, ao da Rússia ou da índia, compondo a sigla dos BRICS, desses países de enorme mercado interno e, cada vez mais, a contrarrestar as velhas hegemonias do Primeiro Mundo. Não deparamos nenhuma presença específica de Pequim, Moscou ou Nova Déli na reunião em Brasília, nem nenhum reconhecimento antecipatório da moldura para nossa política exterior, a que se entregou o Ministro Amorim na pasta exercida na inteireza dos dois mandatos. Em nosso berço continental, por outro lado, faltou-nos o destaque da representação argentina e mexicana. Ou seja, das duas nações líderes no avanço do G-20, que tanto deve ao Brasil. Claro, não nos poderia faltar Hugo Chávez, obsessivo personagem de todo palco continental.