
Uma nova religião
No Brasil e em outros países está se criando um novo tipo de religião, com seus dogmas, ritos e, conseqüentemente, com sua moral própria, mais ou menos desvinculada da moral de outros credos.
No Brasil e em outros países está se criando um novo tipo de religião, com seus dogmas, ritos e, conseqüentemente, com sua moral própria, mais ou menos desvinculada da moral de outros credos.
Dois professores mal-humorados da Unicamp publicaram, sob o título Frankenstein volta às aulas, um artigo no mínimo injusto sobre a nova Secretaria de Estado de Ensino Superior de São Paulo. Queremos crer que, no fundo, buscavam também atingir o seu titular, professor e médico José Aristodemo Pinotti, figura estelar da cultura brasileira. Afirmam, com a maior sem-cerimônia, que a instituição é um "baú de idéias anacrônicas". A expressão é forte e, com certeza, preconceituosa.
Não estamos mais nos tempos da visita de Reagan, quando, em Brasília, pensou estar na Bolívia e não no Brasil. Décadas depois, o republicano ora na Presidência troca a distância coriácea por um claro recado quanto à visão da América Latina pelo Salão Oval hegemônico. Na abertura do século XXI estamos a léguas da venerável doutrina Monroe, que ainda negava uma convergência histórica natural do Continente, como esse Novo Mundo, frente ao poder europeu, ainda impressentida aos contrastes abissais que apresentaria a sua prosperidade. A visão de Washington se despedaça hoje entre os impasses da Alca, que só logra integrar o Continente ao norte do Canal do Panamá, os múltiplos ziguezagues do grosso da América Latina entre o Mercosul e a América Andina, a sideração chavista, e o peso do Brasil para além de todo aliancismo regional, com o seu protagonismo de nação-continente.
Ainda uma vez, vamos bater na tecla do crescimento. O PAC esquenta o tema e a cabeça dos economistas. Tenho uma convicção particular, não é teoria nem dogma.
Um discípulo que amava e admirava seu mestre resolveu observá-lo em todos os detalhes, acreditando que, ao fazer o que ele fazia, iria também adquirir sua sabedoria.
Um dos grandes poetas brasileiros em qualquer tempo, Gerardo Mello Mourão (1917-2007), deixou-nos, ao morrer recentemente, uma obra que nos justifica e nos revela como povo e como nação. Livro sobre sua vida e sua obra - "A saga de Gerardo: um Mello Mourão", de José Luís Lira, estava pronto e será lançado em Fortaleza no dia 26 de abril próximo.
Chegamos ao número cinqüenta Revista Brasileira. Confesso que ao atender o pedido de Josué Montello para assumir o lugar vago de diretor da revista não podia imaginar que um cargo aparentemente honorífico ia me segurar por cinqüenta números e mais outros que virão a seguir. O número cinqüenta pode figurar numa exposição com o sentido e conquista de uma láurea, tamanho é o esforço que representa uma publicação como a Revista Brasileira a mais alta editada pela Academia Brasileira de Letras, com colaboração rigorosamente escolhida para dar o panorama das publicações que enriquecem a produção intelectual de velhos e novos colaboradores. A comemoração de número cinqüenta é uma das comemorações que integram o calendário dessa veneranda sociedade de homens de letras com obras editadas pelo alto valor que as reserva.
RIO DE JANEIRO - Ninguém escondeu, nem mesmo o próprio presidente da República: o novo ministério, que é o velho ministério recauchutado, não é uma equipe executiva para levar o governo a algum desempenho específico. Evidente que os ministros despacharão, assinarão processos, farão declarações disso e daquilo, mas o critério que os escolheu, além de ser político (o que é natural), é sobretudo tático.
A redundância dos formadores de opinião é vista em prognósticos que pouco variam
A oposição continua a atacar o governo pela demora da composição do Ministério e está a perder a leitura da proposta de Lula - e a sagacidade de suas entrelinhas. Vamos creditá-la à intuição do presidente, aberta à prática pura do que lhe cobra a direção do país. Despegou-se da marca partidária, ou de todos os pruridos de ortodoxia, no que é, hoje, a busca da mudança nacional.
A educação é um direito de todos (Constituição de 1988), depois de ter sido direito de poucos, na primeira Constituição brasileira (1824), a que assegurava a instrução primária gratuita a todos os cidadãos, que não deixou de ser uma bela obra de ficção, distanciando a lei da sociedade.
“Vamos deixar claro uma coisa: tamanho não é documento. Sobretudo: tamanho de obra não é documento. Cervantes não precisaria ter produzido nada mais do que o Dom Quixote: é uma definitiva obra-prima”
RIO DE JANEIRO - Havia um jornal no Rio cuja especialidade era cobrir assuntos policiais -numa época em que a violência não havia atingido os níveis de hoje. Era mais barato do que os concorrentes e vendia bem. O sujeito roubava uma galinha num quintal de Marechal Hermes e tinha foto na primeira página, era apontado à execração pública. Mas o que predominava eram os crimes de sangue, sobretudo os adultérios e pecados afins.
Pode-se bem entender que a intenção dos formuladores de nosso sistema proporcional foi a de conferir aos partidos a titularidade dos mandatos eletivos.
VISITEI A CHINA pela primeira vez em 1967. Era o tempo do obscurantismo da Revolução Cultural, de triste memória. Voltei a visitá-la em 1988, já presidente da República. A última viagem foi em 94. Vi nesse espaço de 30 anos as transformações que ocorreram e acompanho a explosão recente.