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Artigos

 
  • A disputa pelo tributo

    O economista José Roberto Afonso, um dos maiores especialistas em finanças públicas, acaba de publicar um artigo num livro que está sendo lançado no Chile com uma tese simples, mas polêmica, sobre a incapacidade de se aprovar uma reforma tributária no Brasil: para ele, os governos do PT sempre tiveram maioria parlamentar e apoio popular, e não se avança na reforma porque o governo nacional efetivamente não quer, não se interessa.

  • O rapaz grande e engraçado

    Lembro uma história que contei há tempos. Na França, Dominique Trizt, de quatro anos de idade, divertiu-se a tarde inteira jogando, da janela, as joias de sua mãe e o dinheiro de seu pai. Do lado de fora, "um rapaz grande e engraçado" ia recolhendo as joias e o dinheiro. Até hoje a polícia procura esse rapaz grande e engraçado que incentivou a inocente brincadeira de Dominique Trizt.

  • Democracia de baixa qualidade

    A discussão sobre a lei antiterrorismo brasileira fica emperrada pelo temor de que uma definição muito ampla do que seja o crime possa permitir uma ação autoritária do governo da ocasião para enquadrar movimentos sociais legítimos nas duras penas que seriam aplicadas aos terroristas. E todos aqueles que defendem um rigor na punição passam a ser considerados “white-blocs”, reacionários, saudosistas da ditadura militar.

  • Rio em movimento

    Não é apenas a possibilidade de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa entre na política para disputar possivelmente uma vaga no Senado que promete mexer com a eleição no Rio de Janeiro. Há uma negociação em curso entre o PSDB e o PMDB para que os tucanos deem o vice na chapa do candidato do PMDB Luiz Fernando Pezão, o que formaria um palanque forte, embora alquebrado pelas acusações contra o governador Sérgio Cabral, para o candidato à presidência da República do PSDB Aécio Neves.

  • A disputa PT e PMDB

    A presidente Dilma fez ontem um gesto de aproximação com o PMDB telefonando para seu vice Michel Temer para combinar a retomada das negociações para o ministério. Na segunda já havia comparecido a um jantar na casa do vice em que prefeitos paulistas e o candidato do partido ao governo de São Paulo, Paulo Skaf estavam presentes. Seu discurso naquela ocasião foi música para os ouvidos peemedebistas. Disse, de maneira genérica, mas que foi entendido como dirigido a São Paulo, que para ela tanto faz vencer o PT ou o PMDB.

  • A calma de Barbosa

    Perguntado sobre sua expectativa em relação ao resultado do novo julgamento da acusação de formação de quadrilha no processo do mensalão petista, que começou ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa deu de ombros, dizendo que para ele “tanto faz como tanto fez”. Essa súbita aceitação da decisão do plenário do STF sem nenhuma reação mais contundente parece ser provocada pela certeza de que o veredicto será alterado e os condenados por formação de quadrilha terão suas penas reduzidas.

  • Terrorismo tupiniquim

    O combate à violência nas manifestações populares é o cento da discussão sobre uma nova legislação a ser aprovada pelo Congresso, agravando as penas e, no limite, enquadrando atos de vandalismo e explosões – como a que gerou a morte do cinegrafista Santiago Andrade – na categoria de terrorismo urbano. Será necessária mesmo uma nova legislação para combater essas ações dos black-blocs e afins, ou bastaria que a lei existente fosse aplicada com rigor? É correto tratar os atos de vandalismo como terrorismo, ou é preciso separar as ações para que eventos internacionais como a Copa do Mundo possam ser protegidos de possíveis atos terroristas?

  • Sem máscaras

    Coube à presidente Dilma colocar os termos em que o governo pretende atuar no combate à violência nas manifestações, a partir de uma nova legislação “reforçada” e a interpretação estrita da Constituição, “que garante liberdade de manifestação do pensamento, enfim, garante todas as liberdades, mas veda o anonimato”. Sua declaração, em entrevista a rádios de Alagoas no meio da semana, foi enfatizada com o repúdio à violência nas manifestações e a classificação de “inadmissíveis” para atos de vandalismo praticados por pessoas que escondem o rosto, que, para ela, “não são democratas”.

  • Você é a sua língua

    Qualquer que seja o curso a ser seguido por nossos alunos (ou mesmo na efetivação de concursos públicos), o conhecimento da língua portuguesa é essencial, com a mescla dos conteúdos de morfologia e sintaxe. Conhecer os valores semânticos é indispensável para o correto exercício profissional e também para a comunicação e expressão do idioma.

  • O mistério da santidade

    Abordei, tempos atrás, de maneira bastante ligeira, em uma crônica, o problema da santidade. Isso me valeu algumas descomposturas de damas e mães de família, pressurosas em espinafrar um homem "que não entende nada de santidade" e que se mete, com imprudente constância, a falar no assunto.

  • Almoço com celular

    - Alô! Me chama o Jefferson aí. Ôi, Jefferson, tudo bem? Teu celular só vive ocupado, você gasta tempo demais com ele. Tu tá lembrado da reunião que eu marquei com todo o pessoal de vendas, às quatro horas, não tá? É, eu sei que te falei antes de sair, mas tu sabe que meus negócios são sempre tipo cinto e suspensório; se um não segurar, o outro garante, isso já ensinava o velho desde que eu me entendo. Eu... Segura aí um instante, agora vou ter de interromper, o Gustavo acaba de chegar para o nosso almoço. Gustavão, parece uma eternidade, mas você está ótimo, que prazer! Desculpa que eu não te vi chegar, estou atendendo a um chamado urgente lá do escritório.

  • O sucesso do Campus Party

    Enquanto a Unesco acusa o Brasil de morosidade, nas providências para chegar a uma educação de qualidade, alguns dos nossos jovens se ocupam com movimentos de alcance duvidoso. Perturbar os shoppings com os tais rolezinhos não nos parece o melhor caminho para exercer a cidadania, tanto mais que se sabe ser bastante precária a presença deles nas escolas de ensino médio. Exibimos a média de 50% de frequência, na faixa etária respectiva, uma prova de que será difícil alcançar os preconizados 10 milhões de universitários nos próximos anos. Nem quantidade nem qualidade na meta almejada pelo fantasioso Plano Nacional de Educação.

  • Os cariocas foram à guerra

    Foi quando começaram a ser afundados os navios do Lóide Nacional. A crença pública admitiu que tais afundamentos só podiam ser atribuídos a navios nazistas. As carcaças foram promovidas a "vasos", os brios foram despertados e, na impossibilidade de despertar o gigante adormecido, despertaram o Presidente da República para a declaração de guerra.

  • A Democracia e o Novo Dissenso

    Aceleram-se, nestes dias, fenômenos inéditos no quadro da nossa tradição democrática, que apontam à ruptura, talvez sem volta, em muitas das premissas sobre a ordem social e o Estado de Direito. Deparamos, de saída, essa inédita cooperação popular para a paga das multas dos condenados pelo mensalão. Entra em causa a quebra do consenso sobre a justiça do castigo e da indenização pública imposta aos réus, senão, já, num confronto com o decidido na justiça. O tamanho dessas arrecadações depõe em favor do possível teor político dessas sentenças, e entremostra uma inconformidade da opinião pública com o acerto dos pronunciamentos judiciais. O paradoxo leva o Ministro Gilmar Mendes a sugerir o carreio desses enormes montantes para uma compensação nacional de todos os desvios financeiros imputados ao dito esquema. Não há como subestimar o que há de rebeldia com a desmesura das penas impostas a Dirceu e a seu grupo.

  • Fatos e versões

    Como definiu o político mineiro Gustavo Capanema, em política o que vale é a versão, não o fato. Pode-se dizer das críticas ao governo Dilma atribuídas ao ex-presidente Lula que “Se non è vero, è ben trovato." A análise, por exemplo de que a presidente está “bem na foto” com a população, mas divorciada dos políticos e dos empresários, é a mais pura verdade.