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Artigos

 
  • Vida arriscada

    De vez em quando sai uma matéria mostrando como, entre as profissões mais perigosas, está a de jornalista. No meu caso, acho que apenas enfrentei uns periguetes de quinta categoria, que não dão para adornar nem uma notinha biográfica e fazem parte do ramerrão de qualquer um que haja trabalhado em redações antes do computador. (Outro dia, visitei uma redação toda eletrônica, quieta, silenciosa e álgida e senti bem na carne o que é viver duas eras distintas. Diante das velhas redações de máquinas mecânicas, fumaça e berreiro, as de hoje são CTI”s – e de fato essa que vi me lembrou a ambiência de um CTI. É a idade mesmo, mas tenho saudades de minhas velhas redações e o teclado de meu computador faz todos os barulhinhos das antigas máquinas mecânicas, me rejuvenesce.) De qualquer forma, no meu tempo de foca, o pessoal falava muito em jornalistas do interior que haviam sido obrigados a comer a página de seu jornal que continha uma opinião considerada descortês, pelo coronel da área. Na capital, a gente fazia cara séria, quando os colegas do interior vinham relatar seus dramas, dávamos abraços de solidariedade e denunciávamos o abuso.

  • A crise da crise

    Poucas vezes na história republicana do Brasil tivemos uma sucessão presidencial que tinha tudo para ser tranquila. Tirante o período das sucessões da ditadura, sempre havia problemas, alguns sérios, outros seríssimos, na acomodação da máquina política e administrativa da nação.

  • Lembrando Rubem Braga

    Só o nome de Cachoeira de Itapemirim já lembra Rubem Braga, confirmando a relação afetuosa que detinha com sua terra. Como se já fosse a continuação dela. E Rubem se reconhecia homem com certa emoção do interior, dando a impressão de contemplar o mundo a partir de seu quintal ou de seu rio. Tinha curiosa consciência de nomadismo - ou a transitoriedade que caracteriza o cronista de jornal, onde as notícias se apagam com a mesma velocidade com que se enunciam. A comparação é dele: "o cigano toda a noite erguia a sua tenda e pela manhã a desmancha, e vai".

  • Clube de Leitura do Sesc

    A lição de Machado foi tomada ao pé da letra pela exemplar Escola Sesc de Ensino Médio. Convocar os moços às tarefas da Cultura. Ele fez assim ao fundar, com Lúcio de Mendonça e outros, a Academia Brasileira de Letras.  E mais: deu a traça do desenho acadêmico enquanto promotora e defensora da língua. "Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha de fontes legítimas - o povo e os escritores - não confundindo moda que perece com o moderno que vivifica". A Esem ao estimular a prática da leitura, a explicitação interpretativa de textos machadianos, a cargo dos " alunos, sabiamente orientados por professores competentes, serve tanto à preservação quanto à adequada veiculação do bom português.   Penso que Antônio Oliveira Santos ao criar a Esem nem imaginava que ela iria tão longe, tornando realidade a aliança de tradições brasileiras com a modernidade dos tempos. 

  • O cupim da corrupção

    Brilhante e oportuna a palestra que Celso Lafer fez, nesta semana, na Academia Brasileira de Letras sobre ética e cidadania em tempos de transição, um ciclo de conferências no qual coube ao nosso Acadêmico e ex-ministro das Relações Exteriores abordar os desafios da ética na hora atual: da ética na pesquisa à ética na política.

  • Qualificação profissional, a prioridade

    Outro dia, numa aula de história da educação, o aluno fez ironia com seu professor: “Mestre, é verdade que hoje quem não se qualifica se trumbica?” O riso foi geral. A lembrança do famoso pensamento de Chacrinha pareceu oportuna, quando se discutia em classe a importância da profissionalização, que passou a ser uma das prioridades da educação nacional.

  • Os soluços do outono

    Ainda é inverno, na Europa ainda é verão, mas com a idade fui me libertando do tempo e das estações, há uma primavera no meio, mas já sinto aqueles "sanglots longs de violons de l'automne" do poema de Verlaine, afinal, o verão foi curto, a primavera, pouca, só o outono parece que vem para ficar e durar, além do inverno definitivo e inútil.

  • Momento de tensão

    A semana terminou com um recado no ar por parte da base aliada que está rebelada, ajudando a derrotar o governo em uma votação corriqueira apenas para deixar claro que pode fazê-lo a qualquer instante.

  • Os femininos de 'ladrão'

    O Nosso assíduo e competente leitor Patrick estranhou o tratamento desigual na indicação dos femininos de 'ladrão' no Volp ('ladra', 'ladroa' e 'ladrona') e na mais recente 3ª edição do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, PVolp, ('ladrona' e 'ladroa'), ambos da ABL. Ele nos pergunta se 'ladra' não é feminino de 'ladrão', embora 'ladra' constitua verbete à parte neste último, "ou se daqui para frente só se deve utilizar aquelas formas" (isto é, 'ladrona' e 'ladroa'). A pergunta do amigo nos leva mais uma vez a tocar numa questão importante na correta leitura de texto técnico; referimo-nos à teoria, cujo conhecimento, ainda que rudimentar, deve ter o leitor de textos técnicos. Como o dicionário está redigido com o emprego de terminologia linguística, quem o consulta deve estar a par de informações do tipo: s.m. (substantivo masculino); s.2g. (substantivo de dois gêneros), v.trans.dir. (verbo transitivo direto), etc. Com o aperfeiçoamento mais recente da metalexicografia, este tipo de obra se vai beneficiando de mais científica e rigorosa elaboração de indicações linguísticas dos verbetes. 

  • Juízo final

    Minha primeira experiência na reportagem internacional foi no início dos anos 60, uma crise na Argentina da qual resultou a prisão do então presidente Arturo Frondizi. A imprensa mundial pintava um quadro apocalíptico para o país, greves, motins, saques, fuzilamentos, miséria e fome.