Vai, adiante ou não, a faxina de Dilma, e até onde? O problema - diz tão bem o senador Jarbas Vasconcellos -não é de voluntarismo, nem de um desassombro inflexível no ir-se adiante. Os freios estão no inconsciente coletivo e na sua lentidão tectônica. Dele dependerá o passo adiante de uma consciência social, ou o acomodar-se, de volta, no que é a trama de interesses, e a Cosa Nostra a definir sempre um status quo. As virtudes da dita "ordem social", via de regra, confundem-se com a estabilidade dos regimes de exploração, ou do que, já em pleno avanço da mudança social, se expõe às bactérias antigas da corrupção. Brotaram no regime petista, na prática do mensalão, ao lado das tolerâncias de sempre, que veriam, como mero pecadilho, as caronas de governantes, nos jatinhos das empresas fornecedoras das obras públicas. A propina incorporada, já sistematicamente, às comissões desses contratos, rola no silêncio azeitado às condições de mercado, nos percentuais acordados entre os competidores. E tanto é, hoje, maior a complexidade destes fornecimentos, tanto a partilha múltipla do bom bocado se incorpora, consentida, à dinâmica da dita prosperidade nacional.