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Artigo

  • A arte salva os 500

    Jornal Folha de São Paulo,, em 28/04/2000

    Leio em Sábato: “Todos os homens necessitam de um chão e de um lar. Não podem viver sem pátria.” Ou, como queria Unamuno, sem '''mátria', mãe e pátria, verdadeiro fundamento da existência.” Pelo que vi sobre os festejos dos 500 anos, estamos com uma grande dívida de civismo e de amor ao Brasil, agredido sem defesa. Mas eu tenho orgulho e gosto dele, fiquei chocado com tudo o que aconteceu, os insultos e os incidentes.

  • Língua sem extremismos

    É preciso cuidado no trato da língua portuguesa. Aprendi isso com um mestre acima de qualquer suspeita: Antônio Houaiss. Quando ele preparava os verbetes do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, dirigindo uma equipe altamente competente, sempre chamou nossa atenção para a diferença entre Vocabulário e Dicionário. Aquele pode conter palavras efêmeras, até de outras línguas, desde que sugestivas de uma época vivida. Podem ser retiradas no futuro. Este, que lida com o significado dos verbetes, tem um número menor de palavras e há um cuidado todo especial na sua adoção, pois em geral não saem mais do dicionário. Podem ficar para sempre, às vezes transformadas em arcaísmos.

  • Vocês aí

    O Globo (Rio de Janeiro), em 07/08/2005

    Peço desculpas pela repetição de algo que já escrevi aqui diversas vezes, mas acho necessário, porque persiste minha impressão de que o povo brasileiro esquece uma verdade importante. Entre nós vigora a soberania popular, expressa no belo enunciado “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Embora a Constituição seja violentada ou ignorada o tempo todo, a manutenção desse princípio é básica e consagra a verdade de que o dono do país é o povo e que todo servidor público, eleito, concursado ou nomeado por compadrio é empregado do povo e lhe deve serviço e satisfações.

  • A tempestade se aproxima

    O Globo (Rio de Janeiro), em 07/08/2005

    SEI QUE VEM UMA TEMPESTADE porque posso olhar à distância, ver o que está acontecendo no horizonte. Claro, a luz ajuda um pouco - é o final do entardecer, o que reforça o contorno das nuvens. Vejo também o clarão dos raios.

  • A criança e o poeta

    Que o poeta e a criança costumam participar do mesmo plano de realidades, é coisa em que sempre acreditei. Uma certa pureza de percepção como que separa nacos do mundo para eliminá-los por dentro, o que dota a visão da criança e do poeta de uma nitidez que afasta das imagens qualquer traço desnecessário. Dir-se-ia acontecer, aí, um reducionismo na linha de Husserl, de reduzirmos o real a seus aspectos fundamentais e colocarmos entre parênteses tudo o que pode esperar. Essa identidade faz pensar também na tese da "poesia do instante" de Gaston Bachelard. O instante é a poesia. Acrescenta Bachelard: "Fora do instante , só existem a prosa e a canção." A sintaxe pode deter ou desviar as consequências do instante poético. É, assim, natural que o poeta e a criança intervenham na sintaxe e inventem uma linguagem.

  • Eles, quem?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/08/2005

    A imprensa destacou em manchetes a ameaça do presidente Lula feita num comício de campanha eleitoral em Garanhuns, berço natal de Sua Excelência. Mais uma vez, revelando sua notável cultura futebolística, ele repetiu uma frase do treinador Zagallo: "Eles terão de me engolir".

  • O duplo estatuto do intelectual

    O Globo (Rio de Janeiro), em 06/08/2005

    Em minha geração, o papel do intelectual foi sobrevalorizado. Ele era visto como um funcionário do absoluto, como detentor do saber da História, como representante do espírito do tempo. Hoje, ao contrário, ele perdeu suas ambições megalomaníacas e se vê como simples participante da divisão social do trabalho: ele escreve livros, como outros os imprimem, outros os encadernam e outros os vendem. Ele é um profissional como todos os outros. Nada mais que isso.

  • Estômago de Aço e o mensalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    Quando viajei ao Amapá, na última semana, deu-me uma inesperada, inóspita e insidiosa dor de estômago. Doía danadamente. Na minha idade, convivemos com muitos achaques que nos são, quase sempre, conhecidos e freqüentes. É dor aqui, mal-estar acolá e a todos conhecemos e já sabemos como proceder: chá de laranja, tintura de arnica, pomada de cânfora e por aí vamos. Mas dor de estômago do jeito que veio não estava entre minhas baldas. Daí, com o meu declarado e sempre não proclamado ser hipocondríaco, fiquei logo calado e pensando o que poderia ser. Há muito nada sentia nesse órgão. Quando era moço, em São Luís, tinha um restaurante "Estômago de Aço", que era a prova de fogo para males da gula. Mas o estômago mais forte que existiu no Maranhão foi de um deputado acusado de ter feito uma negociata com arame farpado vindo da antiga Cortina de Ferro. Os jornais diziam: "Fulano está comendo arame farpado como quem come macarrão".

  • Emocionante torcida por submarinos noturnos

    Os ingleses inventaram o futebol. Os americanos, o basquete. Os espanhóis, as touradas. E os romanos, as lutas livres. Tudo bem, cada coisa em seu lugar. O carioca inventou uma modalidade esportiva bem mais interessante, embora caída em desuso devido à violência urbana e ao medo de assaltos. Um esporte complicado, gostoso, que consistia em torcer por uma corrida imaginária de submarinos, à noite, ali no Arpoador, no Leme, mais tarde em toda a orla.

  • Biografia de um esforçado idealista

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    É um homem esforçado, tão esforçado que, num esforço de boa vontade para consigo próprio, julga-se idealista. E do ideal, segundo pensa, retira toda a sua força, daí que se pode considerá-lo um esforçado idealista.

  • Língua portuguesa: declaração do Rio

    O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 14/05/2000

    A lusofonia, graças à epopéia descobridora lusíada, abrange os seguintes países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, sem falar em Timor Leste. Como a língua portuguesa é usada hoje por 205 milhões de falantes de várias zonas geográficas, vivendo situações históricas diversas, o intercâmbio lingüístico configura um elemento precioso de vivificação e rejuvenescimento do acervo lingüístico comum.

  • Bravata de Lula

    Diário do Comércio (São Paulo), em 05/08/2005

    Queremos saber quem deve aturar Lula. O presidente comprova, a cada dia que passa, que não está capacitado para exercer a Presidência de uma nação como o Brasil, com os problemas, as diversas populações regionais, as diferenças de clima, a defeituosa distribuição de renda, a condição hipo-suficiente de vasta área demográfica, os transportes, a educação, a saúde, os problemas urbanos e outros mais que seria longo relacionar.

  • Internet e língua portuguesa

    A Comemoração dos nossos primeiros 500 anos encontra a língua portuguesa diante do que talvez seja o seu maior desafio: a globalização. Explico: cada vez que a Internet se populariza um pouco mais, com os seus milhões de endereços eletrônicos, há uma tendência por ora incontornável de supremacia da língua inglesa. Como se ela representasse, hoje, o esperanto antes sonhado por Zamenhoff.

  • Heidegger e a pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/08/2005

    No final da semana passada, começaram os rumores de que se prepara um acordo para abafar as duas CPIs em curso. Vozes isoladas garantem que não há clima para tal e tamanha pizza -mas há cheiro de mussarela derretida no ar, saída quentinha dos fogões de lenha de Brasília.De todas as hipóteses sobre a corrupção no atual sistema de poder, não podia haver ameaça pior. Deus é testemunha de que nada tenho contra as pizzas, pelo contrário, muito as aprecio. Mas a pizza que está sendo preparada por pizzaiolos experientes, com horas e horas diante dos fornos da política, equivale ao Nada. Repetindo Heidegger, devemos ter a "coragem para temer o nada" -"Mut zur Angst vor dem Nichts".

  • Ocasião um pouco tensa

    O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 06/02/2000

    Não sou muito bom em questão de férias. Na verdade, férias mesmo, com tudo a que o sujeito tem direito, acho que jamais tirei na vida. Desde pequeno, por exemplo, meu pai encarava as férias escolares como o perigoso ingresso numa vida de vagabundagem impenitente, de maneira que, apesar de me permitir jogar futebol e tomar uma folguinha aqui e acolá, sempre me lembrava que eu não estava fazendo nada de produtivo e, portanto, solidificando um caráter duvidoso e contribuindo para um Brasil cada vez pior, convicções que nunca me abandonaram. Nas férias, a depender do humor dele, eu era obrigado a copiar sermões de Vieira com boa letra, decorar trechos dos Lusíadas, tirar letras de canções francesas na vitrola ou, aos dez anos de idade (juro a vocês, quem não acredita é porque não conheceu meu pai), ler e comentar os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola.