
Dois encontros com o Papa
Não foi por gosto pessoal nem por curiosidade natural quando se trata de saber quem é o homem que será papa, sucessor de uma linhagem que marcou a história, líder religioso de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Não foi por gosto pessoal nem por curiosidade natural quando se trata de saber quem é o homem que será papa, sucessor de uma linhagem que marcou a história, líder religioso de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Sempre se disse que a Igreja não tem pressa. Para se ter uma idéia dessa expressão, basta o processo de Anchieta, que foi beatificado e não canonizado. Decorreram já quinhentos anos e o apóstolo dos índios, o professor das crianças reunidas no Planalto, já registraram cinco séculos e ninguém é capaz de prognosticar quando Anchieta será santo ou se será canonizado.
Durante muitos e muitos anos, o Aleijadinho era desdenhado pelas cultas gentes. Tratava-se de um ignorante, que fazia leões com corpo de cachorro e cara de macaco. Em 1902, um crítico de artes plásticas austríaco viu a estátua do profeta Daniel em Congonhas do Campo e ficou horrorizado. Registrou em seu diário: "Só um povo imbecilizado pela sífilis e pela malária consentiria que tal monstruosidade ficasse ao lado do profeta Daniel".
A civilização insere-se na chave da filosofia da história. É esse o seu objetivo, embora, como já dizia o velho Aristóteles, o homem seja um animal político, pois desde que nasce até a morte vive em sociedades regidas por códigos e leis. Infelizmente, estamos na quadra histórica do ateísmo, ganhando adeptos. É esse o grande e profundo mal de que sofrem os povos, inclusive os mais adiantados nas suas instituições.
Em todo o mundo, a mídia está enfrentando dificuldades, seja pelo alto custo da informação e do entretenimento, seja pela concorrência que torna a oferta maior do que a procura. Para piorar o quadro, ela vive de fatos que não cria nem domina. Fatos que não acontecem em ordem programada. Deixam de estourar durante semanas e meses e, de repente, estouram todos ao mesmo tempo.
Abre-se agora na Igreja a fase da escolha do sucessor de João Paulo II. Cerram-se as portas da Capela Sistina para o conclave - o único que conhecemos no seu exato sentido etimológico - e os cardeais com direito a voto vão debater o problema com a intenção de servir a Igreja.
Houve, de certo modo, em muita poesia feita depois de 1914, uma ruptura interna, uma como que desintegração que foi, em relação ao assunto, até o excesso do surrealismo, e caiu, quanto ao ritmo, na quebra muitas vezes forçada e artificial do verso, com o abuso de alguns recursos postiços da divisão poética.
Este 12 de abril representa um marco na história da saúde pública e na história da medicina em geral: há exatamente 50 anos, em 1955, um médico norte-americano, o dr. Jonas Salk, anunciava que, depois de um gigantesco estudo envolvendo quase 2 milhões de crianças nos EUA, concluíra-se que uma vacina contra a poliomielite revelara-se "safe, effective and potent" -segura, eficaz e potente. A notícia foi recebida com enorme júbilo, sobretudo num país que desde o começo do século 20 vinha enfrentando gigantescas epidemias da doença -uma das vítimas fora ninguém menos que o presidente Franklin Roosevelt, que muitas vezes era visto em cadeira de rodas.
Estou achando divertida a cobertura do próximo conclave feita pela mídia internacional. Tanto a morte como o funeral do papa foram bem expostos, com exagero em alguns casos, mas a linha geral foi boa. E é de minha obrigação destacar, não por corporativismo ou por amizade pessoal, o trabalho de Clóvis Rossi em Roma. Foi dos melhores que acompanhei em alguns anos de jornalismo.
Um dos bons negócios para premiar quem não merece - algumas vezes, alguém que merece -, mas parcimoniosamente, e, mais raramente, quem de fato deve receber uma quantia significativa. No Brasil, os negócios de Estado e os de indenizações são lançados em lei conforme o humor de deputados e senadores, nunca como um princípio de justiça a ser reparado.
Querendo ou não, o assunto dos últimos dias continua sendo a morte de João Paulo 2º. Durante o seu funeral, uma faixa chamou a atenção de todos: "Santo subito". Em tradução literal, santo já, santo logo, santo imediatamente.
Quem vive a realidade do ensino superior registra um fato objetivo: há uma nova tendência na praça. Os jovens preferem lidar com menos teoria e mais prática, procurando em larga escala os cursos mais rápidos, como os que são realizados nos Institutos Superiores de Tecnologia. Não se trata de uma infeliz volta aos cursos de engenharia operacional, um fracasso completo.
Foi a capacidade de comunicação, a imagem da fé, luminosa em sua personalidade. O papa que acaba de partir para a morada do Pai tinha várias qualidades, todas amplamente demonstradas durante sua longa vida e seu pontificado, acima do normal de seus antecessores. Onde, porém, destacou-se João Paulo II foi na comunicação.
Segundo leio de quando em quando e ouço com freqüência, sou politicamente incorreto. Às vezes até me elogiam por essa razão, mas acho que se trata de uma opinião injusta. Considero-me politicamente corretíssimo e faço força para que nada que eu diga ou escreva seja visto por essa ótica, que, para muita gente, denota insensibilidade e falta de sintonia com os sentimentos que a evoluidíssima Humanidade conseguiu aperfeiçoar, ao longo de sua curta existência (tem gente que pensa que é longa, mas, em termos da história do mundo, é microscópica), que temos feito todo o possível para abreviar.
Poucas vezes na história da comunicação de massa houve um fato que concentrasse tantas e tamanhas atenções. No final da 2ª Guerra Mundial, não havia TV nem internet. No atentado do World Trade Center, a tragédia foi fatiada pelas investigações policiais e implicações políticas. Não houve emoção. Houve estupor.