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Vê aí as pizzas

 

Os comentaristas e os observadores, até mesmo os neutros, não escondem sua desconfiança no propósito da Câmara dos Deputados.


Saibam todos que o povo está escarmentado das negaças dos assim chamados seus representantes e já não acredita que tenha algum resultado moralizador uma CPI, na qual parece que não serão apresentadas provas, fato que até a imprensa estrangeira notou e deu a público. É essa uma nota negativa numa CPI que pode, na opinião popular, se curvar aos políticos com assento na Câmara.


Pelo que se tem visto nos últimos dias, e mesmo no passado, o Brasil entrou na zona fuliginosa das crises, a exemplo dos países da América do Sul, a maioria deles comprometidos com crises várias e apenas de soluções adiadas.


Repito o que escrevi há dias: o liberalismo, como está no meu livro História do liberalismo no Brasil , é também na América Latina, cuja formação autoritária não se amoldou a essa doutrina, não obstante os esforços dos liberais. As crises estão originadas em equívocos ideológicos. De erradicação difícil.


Se a idéia de Assis Chateaubriand tivesse tido êxito, uma escola de Chartes resolveria a ignorância de nossa estrutura cultural. Mas não temos essa escola, nem vingou a que Athayde deseja fundar no mesmo local, em Campos, Rio de Janeiro.


Não temos numa escola de Administração que forme líderes políticos, como têm os franceses. Na França quem tem menos títulos tem dois, mas há os de quatro, cinco e mais títulos universitários. A França, para ficar no país que nos homenageia, as crises, mesmo as mais graves, têm solução satisfatória. Lembremos 68 e outras datas, que não vem ao caso estender-me.


Crises políticas são comuns nos países latinos. Ao cabo de algum tempo têm de encontrar solução, pois a nação tem de continuar com suas instituições e aprimorá-las, se possível numa geração ou em mais de uma.


Finalmente, para encerrar o editorial, o Brasil necessita do trabalho, de boa vontade, do culto de suas tradições, por ser conveniente ao seu povo.




Diário do Comércio (São Paulo) 27/06/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 27/06/2005