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Artigos

 
  • Aos cuidados de Dona Margareth

    O Globo, em 08/01/2023

    Um país só existe como país quando é capaz de produzir uma cultura própria, alguma coisa que o diferencie dos outros. Repito: uma cultura própria que dirá primeiro o que ele é. E depois o que ele quer ser.

  • Batendo cabeça

    O Globo, em 05/01/2023

    Faz bem o presidente Lula de aproveitar a primeira reunião ministerial amanhã para dar um freio de arrumação em seu ministério. Esse novo governo está batendo cabeça em público desde o primeiro dia. É preciso dar uma organizada nessa falação toda, impedir que a empolgação de ter voltado ao poder provoque os estragos que vem provocando.

  • Frente ampla

    O Globo, em 03/01/2023

    Não houve nos anos recentes nenhum candidato que tenha assumido a Presidência da República com o país tão dividido quanto hoje, e com uma expectativa de futuro tão restrita quanto neste terceiro mandato de Lula. Pouco mais da metade dos brasileiros espera que o governo seja 'ótimo' ou 'bom', índice menor que todos os recentes presidentes eleitos tiveram. Nem mesmo Dilma Rousseff, que também venceu a reeleição derrotando o tucano Aécio Neves por pequena diferença, teve pela frente uma oposição tão bem organizada como a que espera por Lula, mesmo que Bolsonaro tenha perdido grande parte do seu capital político com a fuga patética.

  • Ano que vai, ano que vem

    Os Divergentes, em 03/01/2023

    O tempo é algo em que vivemos, com que não nos conformamos e que festejamos. Os versos de T. S. Eliot, que sempre cito, dizem tudo: 'O tempo presente e o passado / esta?o ambos talvez no tempo futuro, / e o tempo futuro esta? contido no tempo passado.' Já o Padre Vieira explicava que 'se no passado se vê o futuro, e no futuro se vê o passado, segue-se que no passado e no futuro se vê o presente, porque o presente é o futuro do passado, e o mesmo presente é o passado do futuro'.

  • O balão vermelho

    O Estado de S. Paulo, em 01/01/2023

    Passando pela Marginal Pinheiros, dei com a roda-gigante destinada a ser a maior da América Latina. Minúsculo pano vermelho (parecendo balãozi-nho) mostrava-se agarrado a uma das cabines. Estremeci, a memória me remeteu aos meus 22 anos. Em um domingo de 1958, eu voltava de um show, promovido pelo jornal Última Hora e dei carona para Marlene França, atriz baiana nascida em Uauá, descoberta aos 14 anos por Alex Viany em Rosa dos Ventos, lançado em 1957. Ela veio para São Paulo disposta a fazer carreira, e fez. Ao passarmos pelo Parque Shangai, no centro, vimos a roda-gigante. Ela arregalou os olhos: 'Lô' - assim me chamava -, 'vamos dar uma volta?'. Na entrada, outro pedido: 'Me dá um balão vermelho?'.

  • O guia de Deus

    O Globo, em 01/01/2023

    Eu tinha acabado de completar 10 anos de idade e ouvia sozinho, no rádio da sala, a final da Copa de 1950 contra o Uruguai, uma moleza para quem já tinha derrotado por goleada dois europeus de prestígio. Quando o locutor anunciou o fim do jogo me danei a chorar. Fui então para a varanda tentar esquecer a desgraça e lá senti que não passava mais nada pela rua São Clemente, a via movimentada em frente à nossa casa. Meu irmão mais velho me disse que agora seria sempre assim, ninguém ia se expor depois do vexame da Seleção.

  • Supremo: uma proposta

    Site Chumbo Gordo, em 30/12/2022

    O que fazer para retomar mínimos de funcionalidade no Supremo?, eis a questão. Antes de seguir no tema é preciso recusar, veementemente, proposta (que vem sendo apresentada por alguns grupos) de fechar o órgão, recorrendo à força, o que nenhum espírito democrático deve admitir. Pois nada pode ser pior que a volta da Ditadura?

  • Crise desarmada

    O Globo, em 29/12/2022

    O que poderia ser uma crise institucional com os militares, tudo indica, foi superado pela negociação levada a cabo pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Tal negociação política, paradoxalmente, objetivou justamente despolitizar a troca dos comandantes militares, que inicialmente pretendiam demonstrar seu descontentamento coma eleição de Lula antecipando seu afastamento do cargo antes da posse.

  • A origem do mal

    O Globo, em 27/12/2022

    O silêncio do presidente Bolsonaro, diante das evidências de que germinou no acampamento de seus seguidores em frente ao Q. G. do Exército o atentado terrorista planejado para implantar o caos no entorno do Aeroporto de Brasília com a explosão de uma bomba, o coloca como cúmplice dos atos tresloucados que vêm tendo origem nessas aglomerações de golpistas que anseiam por uma intervenção militar que impeça a posse do presidente eleito, Lula.

  • O foguete e o teto

    Os Divergentes, em 27/12/2022

    Quando eu era Governador, o Brigadeiro Délio Jardim de Matos deu-me uma notícia que aumentou a minha taquicardia e encheu de esperanças todo o Maranhão. A FAB estava escolhendo o local para erguer uma nova base capaz de lançar foguetes, para não termos somente uma - Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte -, pequena e limitada. Atendia também ao provérbio popular: 'Quem tem uma não tem nenhuma'. Entre os lugares em estudo estavam o Município de Amapá, no então Território do Amapá. Entre os outros sítios aparecia Alcântara, com grandes possibilidades.

  • Um conto popular

    O Globo, em 25/12/2022

    Meu avô nos contava histórias que nos encantavam e ainda, às vezes, nos faziam acompanhar suas risadas espetaculares. Uma delas ficou para sempre inesquecível. Pelo menos para mim.

  • Os sonhos de Nélida

    Site Chumbo Gordo , em 23/12/2022

    Foi uma amizade de muitos anos. É grande, pois, a dor sentida pela perda da escritora Nélida Piñon, que faleceu em Portugal, aos 85 anos de vida.

  • A mesa de Deus

    Site Chumbo Gordo, em 23/12/2022

    Pretendia hoje, véspera do Natal, falar desse livro, A mesa de Deus. Mas prefiro transferir essa tarefa ao Cardeal Dom José Tolentino Mendonça. Que o conhece tão bem quanto eu?

  • Gestos importam

    O Globo, em 22/12/2022

    Sabe-se da importância dos gestos na política. Não apenas os corporais, que podem até mesmo fazer parecer mais alto e mais digno um orador, ou não. Mas que dizer dos gestos simbólicos, daqueles que engrandecem o emissor? Nos dias de hoje, em que já estamos fartos de não acreditar nos políticos, os gestos simbólicos têm mais importância que os corporais, que são absorvidos pelos candidatos em sessões de media training que os ensinam até mesmo aparecer sinceros. Como o amor verdadeiro, que Nelson Rodrigues dizia ser comprável pelo dinheiro.

  • A luta continua

    O Globo, em 20/12/2022

    Tem razão de ser a desconfiança do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, de que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar inconstitucional o orçamento secreto tem a interferência política do presidente eleito, Lula. Como político calejado, a não ser que a 'húbris' o tenha cegado, Lira deveria imaginar que um negociador como Lula, provado nas lides sindicais, não ficaria inerte vendo-se refém dele, que foi aumentando suas exigências enquanto parecia encurralá-lo nas cordas.