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Artigos

 
  • A sogra do presidente

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/05/2005

    Graças ao controle remoto, costumo ver diversos programas e filmes numa mesma noite, mas dificilmente pego o início deles e mais dificilmente ainda vou até o fim. Numa dessas incursões, apanhei uma boa entrevista do Lula com o presidente da CUT, cuja cara e nome não guardei.Ignoro como o tema começou entre os dois. Devia ser a questão dos juros, e Lula confessou, com um humor condescendente, que a sogra dele, certamente a mãe de dona Marisa, fazia pequenos empréstimos no banco porque gostava de ter sempre algum dinheirinho em casa, provavelmente no colchão, no que estaria seguindo o exemplo do Severino, que também pratica o mesmo e saudável tipo de poupança ou esporte.

  • O impostismo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 04/05/2005

    Quando inauguramos a fase atual do Diário do Comércio, fizemo-lo com uma ofensiva vigorosa contra o excesso de impostos que pesam sobre todas as classes do País, porém muitíssimo mais sobre as classes menos favorecidas, porquanto os impostos são iguais para todos os contribuintes.

  • Schmidt, o brasileiro

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 03/05/2005

    Toda biografia é de certo modo romanceada. A autobiografia também. Quem escreve e descreve o que foi vida de outrem insere sempre no seu trabalho sua própria experiência de vida e/ou sua interpretação dos acontecimentos narrados.

  • Besteira tem hora

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/05/2005

    Em outros tempos, poderia parecer piada do Teatro de Revista, do "Balança mas não cai", do Max Nunes. Mas a besteira tem caráter quase oficial, pelo menos, mais dia menos dia será adotada pelos manuais de redação dos jornais, das revistas e das editoras.

  • O crime organizado

    Diário do Comércio (São Paulo), em 03/05/2005

    Não duvidamos que o governador Geraldo Alckmin esteja seriamente preocupado com o crescimento do crime organizado em São Paulo e já se espalhando pelo interior, onde os traficantes vendem veneno para milhares de jovens e até de adultos.

  • Treze bolsões de miséria

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 02/05/2005

    Há milhões de excluídos sobre a face da Terra, que não têm nem o que comer. As cifras são chocantes: mais de um bilhão de pessoas no mundo (sobre)vive com menos de um dólar por dia; 11 milhões de crianças morrem anualmente de doenças que poderiam ser facilmente evitadas; 840 milhões de pessoas vivem com fome crônica e outro bilhão não têm acesso à água potável. Este é o panorama traçado pela maior pesquisa sobre a pobreza no mundo, elaborado por 265 especialistas em desenvolvimento e divulgado pela Organização das Nações Unidas em Nova York em 17 de janeiro de 2005. Paralelamente convivemos com o admirável mundo novo de celulares, laptops, Internet e MP3.

  • Câmeras e traição

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/05/2005

    As câmeras de segurança podem ajudar a polícia e proteger propriedades, mas também podem fazer as pessoas se sentirem violadas e incomodadas. Folha Informática, 27.abr.2005

  • Êxodo nacional

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/05/2005

    Devo estar defasado, ou completamente por fora do que está acontecendo no Brasil. Ouvi, como todo mundo ouviu, o conselho do presidente Lula para que tiremos o traseiro dos bancos que cobram juros altos e transportemos civicamente o traseiro para outros bancos, onde certamente os juros serão menores.

  • Então fica combinado assim

    O Globo (Rio de Janeiro), em 01/05/2005

    Acho que já passou a época em que não se podia aludir à ignorância do presidente da República ou ao conteúdo asneirento, desastrado ou grosseiro de inúmeras afirmações contidas em seus famosos improvisos ou ao óbvio deslumbramento com a fruição do poder, a ponto de ele haver cedido ao impulso, quiçá compreensível, mas injustificável, cafona e atrasadinho, de “branquificar-se” durante sua ascensão. Em vez do cabelo encarapinhado que lhe atestava a mestiçagem, passou a ostentar melenas sedosas. Foi saudado, enquanto dizia novas besteiras em sua visita à África, como o “primeiro presidente negro” do Brasil, o que, aliás, não é verdade, se se adotar o estranho critério segundo o qual uma pessoa pode ser filha de uma sueca com um zulu, ou seja, exatamente metade branca e metade negra, mas é negra. Acredito que muitos outros presidentes brasileiros foram semelhantemente negros, a começar pelo dr. Fernando Henrique, que dizia isso de si, embora nem sempre em termos muito elegantes. Mas Lula pediu as desculpas lá dele como branco. Enquanto isso, por acaso, eu recebia correspondência de um amigo que faz parte da comissão da ONU que trata da escravidão e ele mencionou a possível existência de 200 milhões (isto mesmo) de cativos no mundo de hoje e o problema recente, há uns dez anos, da escravização de pigmeus da República dos Camarões por bantus, estes, por ironia, muito numerosos entre os escravos que vieram para o Brasil - nada como um dia depois do outro.

  • Um mergulho na infância

    O Globo (Rio de Janeiro), em 01/05/2005

    COMEMORA-SE ESTE ANO O centenário de Hans Christian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês que com suas histórias enriqueceu a infância de muitas gerações. Andersen nasceu em Odense: seu pai era um sapateiro, a mãe trabalhava como lavadeira, e durante a noite contava ao filho as histórias do folclore dinamarquês. Foi ela quem encorajou Andersen a escrever suas próprias fábulas e promover pequenos espetáculos com marionetes. Não há maior homenagem a Andersen do que dividir com meus leitores o seu “O soldadinho de chumbo”, que costumava me fazer chorar sempre que eu ouvia minha mãe contando. A seguir, uma versão resumida:

  • Lavando a égua

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/05/2005

    Domingo passado, em companhia de Moacyr Scliar, Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, participei de um debate na 1ª Bienal do Livro em Goiânia. Durante algum tempo, tomava parte em bienais e eventos equivalentes, mas neste ano estou recusando todos os convites, só aceitando aqueles que estavam agendados há tempos ou que de alguma forma me parecem realmente importantes.

  • Cadeiras que dançam

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/04/2005

    Ouvi dizer que houve aquilo que os colunistas especializados chamam de "dança das cadeiras" na equipe econômica. Na realidade, não são as cadeiras que dançam, mas os seus ocupantes. Uma equipe curiosa, com gente que quer sair e gente que quer entrar. Tudo bem.

  • A latinidade frente à hegemonia americana

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 29/04/2005

    A Academia da Latinidade vem de concluir em Ancara e Istambul o XI Simpósio sobre a interrogação, ainda, das diferenças culturais no seio de um mundo ameaçado pela configuração hegemônica. Trata-se de buscar uma interlocução, em que esse Ocidente flexível, mediterrâneo, vindo de uma tradição pluralista, confronte a dureza crescente do fundamentalismo nascido do Salão Oval. Ou da determinação da cruzada, decretada a partir dos restos fumegantes da queda das torres de Manhattam, como revide à deflagração da ameaça difusa e pertinaz de um terrorismo sem quartel.

  • Condureza ternura

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/04/2005

    Ultimamente, vivemos uma enxurrada de pesquisas que não servem para nada. Li outro dia que, depois de um trabalho exaustivo de pesquisadores, chegou-se à conclusão de que os velhos pagam mais impostos. Ora, se os velhos compram mais remédios e todo remédio tem um imposto indireto embutido, é claro que, mais remédios, mais impostos. Óbvio que os velhos precisam de mais medicamentos. Há também a pesquisa de que os carecas têm a cabeça mais larga que os cabeludos. E daí? Para não ser careca tem de diminuir a cabeça?

  • Jornalismo e literatura

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/04/2005

    É necessário apelar para Aristóteles: a definição se faz pelo gênero próximo e pela diferença última. Exemplo: o homem é um animal racional. O gênero próximo é o animal; a diferença última é o racional. Aplicando a mesma definição ao jornalismo e à literatura, teríamos de encontrar a diferença última entre as duas expressões da comunicação humana.