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Artigos

 
  • O risco Brasil e a parábola Argentina

    Todo o fantasma de especulação descido sobre o perigo de um ganho das oposições, a partir dos pregoeiros internacionais, conturba as opções de fundo, pedidas pela eleição, forçando-nos a um clima de salvação pública, e à troca de continuidade do que aí está pelo seu estrito e crasso continuísmo. É contra tal regressão que se insurge o próprio discurso, finalmente instituído, da candidatura Serra, no sufrágio explícito, e no contorno que lhe deu a palavra de FHC. Perdemos a nossa visão nacional no peso e nos jogos efetivos da globalização.

  • Urnas do óbvio, não da mesmice

    Vamos cada vez mais às urnas, sob dois comandos. Rege as nossas preferências a absoluta definição de pesquisas entregando-nos à fatalidade dos jogos já feitos por antecipação. Em princípio ganhará quem já está na frente, e é por estes índices que se organizam as chapas, formam-se as coalizões e desbanca-se toda a veleidade de candidatura do "bolso do colete", ou de maiorias silenciosas, correndo por fora dos boletins da preferência, semana por semana, demonstrada previamente pelo eleitorado. Torna-se um anacronismo patético, um não se acreditar nesses números entrados de vez no círculo vicioso dos próximos resultados eleitorais: vota-se engrossando o que, já por antecipação, fizeram dos ibopes a voz das parcas e o recorte inevitável do futuro.

  • E agora?

    Ainda há muito a apurar nessa espantosa trama de ilicitudes e corrupção em que mergulharam o PT, seus aliados parlamentares e o governo Lula, com abundantes respingos sobre outros partidos. É imprescindível que se dê acelerada continuação aos inquéritos em curso para que se chegue a uma satisfatória conclusão a respeito de tudo o que ocorreu, com a devida responsabilização legal dos culpados e, por outro lado, para que terminem essas apurações o mais rapidamente possível, de sorte a que o país não fique, indefinidamente, por elas paralisado.

  • Variações sobre o capitalismo

    Desde quando se deflagrou a competição entre as ideologias - tomada esta palavra para indicar as teorias que procuram explicar o processo de desenvolvimento das idéias políticas e as atividades econômicas - o que desde logo impressiona é a mutação contínua delas, em contraste manifesta com a continuidade do capitalismo e da chamada ideologia capitalista.Não creio que o capitalismo tenha sido o mesmo, desde quando surgiu na Época Moderna, não sofrendo alterações através dos séculos, mas o que nele se mantém intocável é a sua estrutura como um fato, ou uma ordenação factual, ou seja, como um polo de referência dos seus demais componentes.

  • Se Zélia não existisse, precisaria ser inventada

    Para a Academia Brasileira de Letras, que hoje elegeu a sucessora de Jorge Amado, se Zélia Gattai não existisse, precisaria ser inventada. Jorge é de longe o escritor de maior visibilidade da história de nossa literatura - o advento de Paulo Coelho pode ser superior no detalhe da venda de livros mas atua numa faixa específica que não concorre com o autor de "Gabriela".

  • Do escândalo à reforma

    O escândalo correspondente ao conjunto de operações relacionadas às denúncias do deputado Roberto Jefferson, que vêm sendo progressivamente comprovadas nos vários inquéritos em curso, alcançou proporções estarrecedoras. Segundo as declarações do agente desses pagamentos, o empresário Marcos Valério, os repasses a políticos ou a seus assessores efetuados desde princípios de 2003 alcançam a cifra de R$ 55,8 bilhões e o montante arrecadado para enfrentar tais repasses supera R$ 70 bilhões.

  • A língua ameaçada

    A língua portuguesa vem ultimamente merecendo destaque especial. E, agora, ganhou as manchetes graças à aprovação de projeto de lei, por uma das comissões da Câmara dos Deputados. Na versão original, o texto previa a aplicação até de penas pecuniárias a quem se valesse de palavras ou expressões estrangeiras, quando houvesse equivalente em nosso idioma. No frigir dos ovos, prevaleceu a tese de que outra lei fixaria punições às transgressões lingüísticas, com sanções de caráter administrativo.

  • Casa de boneca

    "Casa de boneca" abriga morador de rua. Os abrigos, de cerca de um metro e meio de altura, foram construídos por entidade assistencial de São Paulo.

  • As armadilhas da semântica

    George Orwell, o escritor inglês que nos deu algumas das obras que melhor iluminaram o ambiente dos difíceis anos que duraram da Depressão à Queda do Muro de Berlim, entre elas as duas terríveis sátiras "1984" e "Animal Farm", foi antes de mais nada um homem de excepcional integridade.

  • Ainad Lula

    São, na verdade, os resultados das eleições municipais de outubro de 2000 que vão fixar de vez em torno do PT o avanço o congruente contra o que está aí, a partir do peso estratégico da mudança brasileira, dentro do perfil que lhe apontou o censo recém publicado, dando pela inaudita percentagem de 81% dos brasileiros vivendo em cidades, e a sua larga maioria nas nossas megalópoles.

  • Bonecas russas

    Não me lembro como se chamam as tais bonecas folclóricas russas: são as que são ocas e abre-se a boneca maior e dentro dela há uma menor, e dentro dessa outra menor ainda, e depois outra e mais outra, até chegar à última, que é uma simples miniatura de boneca. No mesmo gênero, também é aquele conto de fadas: “Lá no mar tem uma ilha, dentro da ilha tem um castelo, dentro do castelo tem uma torre, dentro da torre tem um quarto, dentro do quarto tem uma arca, dentro da arca tem uma caixa, dentro da caixa tem um cofre, dentro do cofre tem um frasco, dentro do frasco tem uma pomba, dentro da pomba tem um ovo, dentro do ovo tem uma chave e é essa chave que abre a porta da prisão onde está a princesa encantada”.

  • A verdade da ficção

    Há uma verdade da ficção. Uma verdade oposta ao convencionalismo das verdades estabelecidas que, ao proteger o homem contra a nudez das novidades e a solidão dos avanços, também podem matar, nele, a inteligência da realidade, a alegria da experiência e o sentido da dignidade essencial do ser humano. Essa verdade, íntima e jovem, que a ficção contém é a matéria a um tempo dura e maleável (e durável), sobre que trabalham os narradores de histórias.

  • O tempo passa

    Uma das forças contra a qual ninguém pode lutar, que cai vencido, é o tempo. Aprendi nesta altura da vida, que essa é a realidade com que nos defrontamos diariamente, sem podermos impedir a implacável marcha dos segundos, dos minutos e das horas, dos dias, das semanas e dos meses, dos anos e dos séculos, um dos quais acaba de findar, nessa marcha inexorável das mudanças que não se obstam, por impossível.

  • O saber e o falar

    Vocês sabem o que é “ fileiros”? (Esse neologismo, “fileiros”- os que fazem fila - não fui eu quem o inventei, já vem fazendo carreira entre os próprios, quer dizer, os fileiros). Aliás, neologismos, principalmente os de gíria, têm quase sempre nascimento humilde. As pessoas mais cultas, ou escutam as palavras difíceis na sua própria casa ou as consultam no dicionário. O ignorante comum tem o próprio dicionário na cabeça, restrito, é verdade, muito faltoso na conjunção dos verbos, mas dono de um toque pessoal inclusive.