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Artigos

 
  • Os femininos de 'ladrão'

    O Nosso assíduo e competente leitor Patrick estranhou o tratamento desigual na indicação dos femininos de 'ladrão' no Volp ('ladra', 'ladroa' e 'ladrona') e na mais recente 3ª edição do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, PVolp, ('ladrona' e 'ladroa'), ambos da ABL. Ele nos pergunta se 'ladra' não é feminino de 'ladrão', embora 'ladra' constitua verbete à parte neste último, "ou se daqui para frente só se deve utilizar aquelas formas" (isto é, 'ladrona' e 'ladroa'). A pergunta do amigo nos leva mais uma vez a tocar numa questão importante na correta leitura de texto técnico; referimo-nos à teoria, cujo conhecimento, ainda que rudimentar, deve ter o leitor de textos técnicos. Como o dicionário está redigido com o emprego de terminologia linguística, quem o consulta deve estar a par de informações do tipo: s.m. (substantivo masculino); s.2g. (substantivo de dois gêneros), v.trans.dir. (verbo transitivo direto), etc. Com o aperfeiçoamento mais recente da metalexicografia, este tipo de obra se vai beneficiando de mais científica e rigorosa elaboração de indicações linguísticas dos verbetes. 

  • Juízo final

    Minha primeira experiência na reportagem internacional foi no início dos anos 60, uma crise na Argentina da qual resultou a prisão do então presidente Arturo Frondizi. A imprensa mundial pintava um quadro apocalíptico para o país, greves, motins, saques, fuzilamentos, miséria e fome.

  • Sofisticação escandinava

    O horror do crime de Anders Behring Breivik põe em causa drasticamente a diferença dos níveis de civilização atingidos pelos povos nórdicos diante do mundo contemporâneo. A repressão à criminalidade e o castigo das penas não passam normalmente de 20 anos, para não falar da abolição, já há mais de século, da pena de morte. Os tribunais recorrerão a expedientes protelatórios para manter na cadeia o facínora por mais de duas décadas, se já não beneficiado pela soma generosa de indultos que prevê a lei, por bom comportamento na cadeia. A solitária é uma exceção que, via de regra, não pode durar mais de vinte dias. E o confinamento não exclui a televisão mais moderna, o banheiro privado e os passeios diários no pátio da penitenciária. Estão também abertos a detidos como Breivik cursos de culinária e artesanato, bem como de estímulos à leitura e à criatividade. A Noruega se orgulha de uma taxa de recuperação de 70% dos prisioneiros após o cativeiro. Não temos precedente dessas 73 mortes, em responsabilidade individual, fora dos morticínios por bomba ou explosão, em catástrofes como a de Lockerbie pelo terrorista líbio no céu da Escócia.

  • Sem expectativa

    Não existe nada que agregue mais na política do que a expectativa de poder. Agrega mais, em certas circunstâncias, que o poder presente, finito por definição. Essa "sabedoria política" anda muito presente nas conversas brasilienses, à medida que cresce a sensação na sua base aliada de que a própria presidente Dilma parece admitir ter um mandato datado, que se encerra em 2014.

  • Os deuses de Hitler

    Não tenho mais idade para me surpreender com nada que aconteceu, acontece ou acontecerá no mundo. Mesmo assim, como os dependentes de drogas, tenho recaídas atormentadas. Uma nem chegou a ser uma recaída, apenas me esquecera dela, e um livro sobre a Segunda Guerra Mundial a trouxe de volta.

  • Apoios à faxina

    Não é nem preciso ser bom entendedor para compreender a razão da presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na solenidade de lançamento da campanha Brasil Sem Miséria ontem, no Palácio Bandeirantes, em reunião da presidente Dilma com os governadores do Sudeste.

  • O fantasma, já, do Tea Party

    O maior impacto da crise econômico-financeira global está, já, no rigor da polarização antecipada que criou para as eleições americanas de 2012. Percurte nela a torna do fundamentalismo dos Estados Unidos, em que o cerne dos rednecks, no seio do continente, e de sua população desligada de qualquer realidade mundial, criou o próprio antídoto ao padrão básico da democracia, e do país das liberdades jeffersonianas. E, significativamente, foi buscar os ossos do elitismo pré-independência, no entendimento do país dos puros, vindos do Mayflower, afirmando toda descontaminação com o bárbaro, no contexto em que se enraizava. O movimento que o encana hoje, o Tea Party, vai até, praticamente, à recusa dos imperativos do que seja um Estado moderno, à busca do país das liberdades selvagens e da drástica redução de impostos.  O que é significativo agora, diante dos novos e primeiros alinhamentos eleitorais, é a mediocridade geral das propostas dos republicanos. Confrontam a iniciativa de Obama, que remete à ideia de justiça social qualquer políticade mudança fiscal e prometendo a redução dos impostos da classe média. Os pré-candidatos da direita radical aí estão: Herman, Pawlenty, Romney, Perry, Huntsman e Michele Bachmann, a indicada pelo Tea Party, ainda dentro da indefinição de Sarah Palin. Mas Perry parece emergir como favorito. Após um começo democrático, foi convertido ao mais explícito dos evangelismos e à visão do futuro como entregue ao providencialismo divino. 

  • Saúde acima de tudo

    Primeiro, foi um livro aterrador de Dino Buzzati, o mesmo de "O Deserto dos Tártaros", que lhe valeu a classificação de Kafka italiano. Mas seu maior sucesso, creio eu, foi "O Oitavo Andar". Numa história simples e terrível, um camarada encontra na rua um amigo médico que estranha a sua aparência meio doentia. Conversa vai, conversa vem, o médico recomenda que o amigo faça um exame de rotina, nada de grave, apenas para ver como vão as coisas.

  • Mobilização

    Por mais que os principais líderes da base aliada, e em especial a própria presidente Dilma Rousseff, tentem esvaziar de sentido político a luta contra a corrupção, transformando a já célebre "faxina ética" em uma invenção da mídia, ou consequência natural de casos pontuais de denúncias, sem que haja um combate sistêmico determinado como agenda política do governo, o processo dificilmente será estancado, embora já esteja claro que ele pode se transformar em "fogo de palha" sem um forte movimento da sociedade.

  • Metástase

    A imagem é mais do que sovada: de tanta corrupção que funciona como um câncer no organismo da nação, penetramos naquele estágio quase terminal da metástase. Não é um órgão, o baço, o fígado, o pulmão, o seio ou a pele que contraíram o tumor maligno: ele se espalhou e sua cura é cada vez mais problemática -se é que há cura radical para isso.

  • Isso não vai dar muito certo

    Os problemas brasileiros, como não podia deixar de ser, têm repercutido bastante em Itaparica. Bem verdade que nem sempre essa repercussão coincide com as vigentes em outras partes do País. Toninho Leso, por exemplo, ficou grandemente surpreendido, quando lhe informaram que chamar alguém de corrupto não é um elogio. Como, não é um elogio? Não se deve elogiar uma pessoa que nasceu pobre, teve pouco estudo e hoje é rica milionária, recebida em toda parte e chamada de doutora, ou senão Excelência? Quem não elogia é porque não chegou lá e tem inveja. Se o sujeito se elegeu é porque queria se fazer na vida, como todos os outros que também se elegeram. Agora que ele se fez, somente a inveja é que pode explicar essa raiva que têm deles.

  • O papel de Dilma

    Por duas vezes semana passada ouvi referências sobre a teoria dos papéis, a primeira delas em palestra do antropólogo Roberto DaMatta que, partindo de seu trabalho sobre o espaço da casa e da rua na nossa realidade, analisou questões éticas da sociedade brasileira à luz dos papéis sociais que desempenhamos.

  • Hífen com 'sub' e outros casos

    Um leitor contestou a decisão do Volp, da ABL, de grafar, por exemplo,‘sub-rogar’, contrariando a lição do texto oficial do Acordo de 1990 que, na Base XVI, 1º, a), manda que nos compostos com o prefixo ‘sub-’ se usará o hífen quando o 2º elemento começar por ‘h-‘, exemplificando com 'sub-hepático'. Desta forma, para o nosso leitor, o Volp teria de registrar ‘subrogar’, e não‘sub-rogar’. E alicerçando seu parecer, reforça a tese como exemplo do inglês ‘subrogate’, o espanhol ‘subrogar’, o francês ‘subroger’, o latim ‘subrogare’.