O primeiro recado do PSDB, com a escolha de Aécio como candidato presidencial ao governo, correu todo à necessidade da mudança, muito mais do que ao anúncio de seu conteúdo. E a tônica veio, toda, ao mais clássico dos moralismos, no denunciar os estigmas clássicos de uma usura do governo pelo continuado dos seus mandatos. As diatribes foram à "empulhação", ao "esbulho", à locupletação do poder. O grito-chave veio à conclamação pelo tsunami da remoção, sem quartel, dos atuais governantes federais. O discurso voltou-se ao inevitável do desgaste de todo situacionismo prolongado, mas silenciou nos ganhos do governo petista pela quebra da estrutura do país-bem, pela redistribuição de renda e pela incorporação do país marginal. No que fazer da oposição, repetiram-se os pontos-chave do atual Planalto, e, sobretudo, na exigência da reforma fiscal, realisticamente entendida como prática de largo prazo, no rebalanço, de vez, da nossa economia. Onde está a alternativa de conteúdo efetivo ao que o atual Planalto associou à opção, sem volta e sem atraso, a uma política de desenvolvimento? Da mesma forma que os governos Lula e Dilma incorporaram, no seu melhor, o Plano Real - essa avenida sem volta da mudança não esconde o mesmo horizonte para o próximo mandato. Diante de uma dinâmica assente e, de vez, da mudança, despontariam o risco da regressão e o desejo do confronto político por sobre o quefazer do Planalto.