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Artigos

  • Alucinação

    RIO DE JANEIRO - Na versão que Orson Welles fez de "O Processo", de Kafka, o personagem Joseph K. atravessa cenários vazios, corredores desertos, tentando entender a culpa pela qual está sendo processado. De repente, abre uma porta e dá com uma gigantesca repartição, com centenas de funcionários sentados em suas mesas, trabalhando histericamente.

  • Que diálogo das civilizações?

    Reúne-se em Aman a Academia da Latinidade, na sua XIV Conferência, para o avanço da possível entente ainda, no universo que já se rachava desde o choque da revolução de Khomeyni em 1978. Vinha ao chão o governo do Xá exatamente após as festas de restauração de Persépolis, em encontro do beautiful people de todo o mundo, nas galas do espetáculo meteórico. As pompas espoucavam às vésperas de toda a revulsão, em que o inconsciente social islâmico começava a perceber a expropriação da sua alma pelas perversas maravilhas do progressismo. O sucesso e champanhas da corte do Xá escondiam a violência da concentração da riqueza, o reino sem volta das corporações internacionais e a contrafação mimética de estilos de vida da sua elite de todos os modismos.

  • O salário-educação

    O atendimento do salário-educação deveria iniciar-se na Educação Infantil. Uma simples e inteligente medida. Esse tributo ou contribuição social é vinculado ao Decreto 3.943, de 30 de dezembro de 2003, que regulamenta o previsto no Artigo 212 da Constituição e no Artigo 15 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).

  • O fantasma da desigualdade

    A IGUALDADE sempre foi o grande sonho do homem, desde que teve consciência de sua condição humana. Fizeram-se revoluções, escreveram-se tratados, pensadores, poetas e políticos construíram fórmulas e meios de chegarmos a ela. A grande Revolução Francesa de 1789, considerada um marco na história da humanidade, resumiu seus ideais em três palavras chaves e divinas: liberdade, igualdade e fraternidade. Na Declaração da Independência americana, Thomas Jefferson ampliava essas aspirações, dizendo que todos os homens têm direito à "busca da felicidade". Associava-se a felicidade aos anseios do homem.

  • 1 ano de Sabores

    “É muito oportuno se festejar a vitoriosa etapa de serviços do caderno Sabores, da Folha de Pernambuco. E como o tema é para saborear vou lhes dizer um pouquinho das comidinhas da Academia Brasileira. Imortal é imortal também porque come, não é verdade?

  • União Européia, 50 anos

    Em março de 1957 foi assinado o Tratado de Roma, que instituiu a Comunidade Econômica Européia. Os seis países fundadores - Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Países Baixos - deram início, naquele momento, ao processo da integração européia.

  • Plebiscitos

    RIO DE JANEIRO - Nas antologias escolares de outros tempos, era obrigatória a presença de um conto do Arthur de Azevedo, "O Plebiscito", obra-prima de humor e estilo. Quando dele tomei conhecimento, tal como o personagem da sua história, eu não sabia o que era plebiscito. E jamais poderia imaginar que um dia fosse convocado a dar palpite sobre qualquer assunto de ordem institucional.

  • O sonho possível

    RIO DE JANEIRO - Sem contestar a canção do Homem de la Mancha, acho que os sonhos podem se tornar possíveis. O problema é maneirar, esperar um pouco -o afobado come cru ou nada come. Mesmo que o sonho não se realize, fica a esperança: "se tivesse mais tempo".

  • A dimensão de um poeta

    Poucos escritores podem representar hoje o que foi e o que é a literatura brasileira dos últimos 60 anos como esse ínclito dominador da palavra chamado Lêdo Ivo. Dono de uma poesia dele, só dele, com versos de ásperas e desprotegidas verdades sobre cada um de nós e uma prosa aliciante e límpida tanto em narrativas como em crônicas, vem Lêdo Ivo, desde o começo dos anos 40 do século passado, erguendo uma obra que o coloca no plano central das Letras do País.

  • O fim da reeleição

    Tenho escrito várias vezes nesta coluna contra a reeleição. Até agora inutilmente o fiz, pois as reeleições pegaram bem nos candidatos que contam com eleitorado seguro, como se dá, por exemplo, com o presidente Lula, que mostrou na sua reeleição uma força eleitoral acima do normal. Evidentemente, o mandato de Lula está sendo cumprido com imperfeições, por subir ele ao Planalto completamente destituído de informações sobre o presidencialismo, no qual estamos há mais de cem anos, com exercícios sucessivos de governos eleitos pelo voto secreto e universal, com presidentes saturados de votos obtidos nas urnas depois de uma intensa campanha presidencial.

  • Nem tudo está perdido

    RIO DE JANEIRO - Semana passada foi inaugurada a estátua do poeta Manuel Bandeira, junto à Academia Brasileira de Letras, não muito longe do apartamento em que ele morava na avenida Beira-Mar. A maior parte das estátuas em todas as cidades é sempre a de um homem em cima de um cavalo. O poeta está sentado junto à mesa de trabalho, numa atitude muito sua, a de olhar o passado "intacto, suspenso no ar".

  • O Exército e as ruas

    O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, teve a idéia de pedir ao governo federal uma companhia das Forças Armadas para policiar as ruas do Rio. Infelizmente, o governador não pôde ser atendido, pois as Forças Armadas têm uma situação constitucional que não pode ser mudada. Em outras palavras, as Forças Armadas não podem ser utilizadas como polícia, elas atuam na defesa do território, para reprimir invasão estrangeira; enfim, defender a Nação em caso de guerra. E isso não deve ser o que senhor governador Sérgio Cabral deseja para o Exército, motivo pelo qual não pôde ser atendido. O governador do Rio, na melhor das intenções, encontrou-se com o impossível e terá que usar mesmo sua polícia para policiar o território do seu estado, em consonância com os governadores dos estados limítrofes.

  • Socialismo milimétrico e esquerda à garra

    As perplexidades da eleição presidencial francesa mostram o desgaste histórico do que seja a esquerda, hoje, no mundo. Sobretudo de um Partido Socialista, para se tornar dono nominal desta opção política, como o maior denominador ainda desta tendência de voto. Não se trata de mostrar o fracionamento quase bacteriano das alas e contra-alas do velho radicalismo, no troca-troca das siglas comunistas mais e mais veneráveis na sua reivindicação fantasma. Nem também de atentar à bandeira à vista, como a da nova utopia, ou seja, a da pregação ambiental que troca os conflitos que sangram com a impaciência pelo degelo dos pólos.