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Artigos

  • O homem e o boi

    Jornal do Commercio - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 15/01/2004

    Luiz Paulo Conde andou passeando pela Galícia e trouxe na bagagem um livro sobre Allariz, pequenina cidade, próxima à fronteira com Portugal, uma região que como toda a península ibérica, sofreu (ou gozou) invasões romanas e árabes, além de abrigar os judeus sefaradistas que não a invadiram mas ali se fixaram após a diáspora.

  • O vil metal

    Tribuna da Imprensa - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/01/2004

    Já se definiu a "Comédia humana", de Balzac, ao longo de seus noventa e sete romances, como sendo uma narrativa cujos personagens estão sempre na iminência de ganhar ou perder um milhão de francos. É que a filosofia adotada então pelos franceses, depois de um período de terror e depois dos gloriosos, mas devastadores, dias imperiais de Napoleão, levara o país a ingressar numa fase de sua história que veio a se chamar de Restauração e cujo lema foi dado no discurso de um ministro que, diante de uma platéia entusiasmada, aconselhou: "enrichessez-vous!" Esse "enriquecei-vos" foi o lema da França até que o país perdeu a guerra contra a Prússia em 1870.

  • As famosas quem

    O Globo - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/01/2004

    É domingo e, como em todos os domingos, deverei comparecer ao boteco, item indispensável em minha agenda cultural. Não, não é preciso me de-nunciar como uma ameaça aos bons costumes e à saúde dos que acham que meu exemplo é seguido pela juventude ou mesmo pelos coroas do meu tope. Não só não acredito que meu exemplo seja seguido por ninguém como não estou recomendando que se encha a cara todos os fins de semana, ainda por cima chamando isso de atividade cultural. Já há bastante tempo, para espanto geral (inclusive de um senhor desconhecido que, incrédulo, se dirigiu um dia desses à minha mesa e cheirou minha bebida, aproveitando para fazer uma lavagem nasal e me obrigando a trocar de copo, eis que, talvez preconceituosamente, não bebo lavagem nasal nem minha, quanto mais dos outros), venho tomando porres exclusivos de guaraná, no qual posso me considerar experto (esta palavra existe, escrita desta forma, e só a estou empregando para me exibir mesmo) e creio já reunir qualificações para assumir um emprego de degus-tador numa firma do ramo ou assinar uma coluna para apreciadores.

  • Declaração de princípios

    Folha de S. Paulo (São Paulo - SP) em, em 07/01/2004

    O pior cego, dizem por aí, é aquele que não quer ver. Pior do que esse é quem vê e não entende o que está vendo. É o caso de muita gente, o meu caso, principalmente. Quero ver tudo, a aurora boreal, a queda do Império Romano, Joana D'Arc na fogueira, queimada como uma bruxa, César atravessando o Rubicão e dizendo "alea jacta est", a assinatura da Dieta de Worms e do Edito de Nantes, a tempestade num copo d'água e, se possível, ver também o circo pegar fogo, embora nada lucre nem com o circo nem com o fogo.

  • Perspectiva e teoria do ser

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 03/01/2004

    Segundo Martin Heidegger, por influência de Aristóteles e dos pensadores medievais, os filósofos têm cultivado tão-somente a "teoria dos entes" (Metafísica), e não a "teoria do ser" (Ontologia). Daí a sua idéia de basear esta no Dasein, palavra de múltiplos significados, aceita tanto por Heidegger como por Karl Jaspers, embora com diferente sentido.

  • A boa discriminação

    Jornal do Brasil - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 02/01/2004

    Há 200 anos, Toussain Louverture, Jean-Jacques Dessalines e Henri Christophe lideraram um acontecimento inédito na história: uma revolta de escravos que levou à independência do Haiti, o segundo país do Hemisfério Ocidental a livrar-se da condição de colônia, o primeiro país negro independente.

  • O provão foi para o espaço

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 28/12/2003

    Quando nasceu a idéia do "Provão", no Governo passado, houve uma grande resistência. Entidades representativas de alunos e professores protestaram contra a sua implantação, no começo meio precária, exatamente porque não inspirava muita confiança. Autoridades do MEC de então esclareciam: "É só o começo do processo. Vamos completar a metodologia com uma série de outros elementos, como o exame de bibliotecas e laboratórios, para que a avaliação seja adequada."

  • O hábito que faz o monge

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/12/2003

    Mania antiga de imitar países mais desenvolvidos, não no que eles têm de bom ou melhor, mas de discutível e absurdo, o Brasil pode adotar o recente decreto do presidente Chirac, que proibiu o uso de símbolos ou vestimentas religiosas nas escolas públicas da França.

  • O natal no Brasil

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 23/12/2003

    Tem o Natal no Brasil, como festa popular, uma tradição de alegria pelo nascimento do Menino, em festejos que foram registrados por estudiosos de nossos costumes que se curvaram sobre o modo de o povo demonstrar seu regozijo nesse período. Entre os autores dessas pesquisas estão Luís da Câmara Cascudo em vários de seus livros, principalmente no "Dicionário do folclore brasileiro", Manuel Quirino em "A Bahia de outrora", Adelino Brandão em "Recortes de folclore", Théo Brandão em "O auto dos caboclinhos" e Sílvio Romero em "Cantos populares do Brasil".

  • O primeiro diploma

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 21/12/2003

    Estamos voltando aos bons tempos em que era possível chorar de verdadeira emoção, numa festa de formatura. Aconteceu em São Paulo, com a presença do ministro Cristovam Buarque (representando o presidente Lula), quando a primeira turma de alfabetizados jovens e adultos formou-se, no Centro Universitário FMU, depois de seis meses de duro trabalho de ensino e aprendizagem.

  • Saddam e Sofie

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 19/12/2003

    A única coisa boa que podia acontecer na Guerra do Iraque aconteceu: a prisão de Saddam. Ele foi um ditador cruel, uma sanguinária presença, invadiu o Irã e o Kuwait, usou armas químicas contra os curdos e provocou um terror internacional ameaçando com armas de destruição em massa, que não tinha. Esse blefe foi argumento para a invasão do seu país. Assassinou adversários e fez expurgos entre seus próprios adeptos, com a liquidação até mesmo de membros de sua família, como os genros. Deve ser julgado pelos crimes que cometeu, para exemplo de todos os tiranos. Na minha cabeça não passa a pena de morte, pois contra ela sou contra.

  • A sacralidade do réu

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 16/12/2003

    Com a captura de Saddam Hussein por tropas americanas, o ex-ditador do Iraque deixa de ser o inimigo para se tornar o réu - e moralmente, sobetudo juridicamente, sua condição muda de gênero e grau.

  • Alegria, alegria

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/12/2003

    Recebi reclamações sobre o domingo passado. Fui, principalmente, acusado de estar de mau humor. Vejo-me obrigado a concluir, como era costumeiro antigamente, que o freguês tem sempre razão. Que história é essa de fazer comentários desalentados sobre o mundo em que vivemos, quando basta mudar os filtros com que observamos a realidade? Grande verdade, que se incute em minha mente de maneira irrefutável, enquanto saio mais uma vez de uma sessão com um dos conceituados membros de minha malha médico-odontológica, onde apenas uma horinha de tortura me aguardava, como, aparentemente, me aguardarão muitas e muitas outras dessas ocasiões educativas, numa quadra da existência em que cada vez mais tempo é dedicado à manutenção. É, egoísta e autocentrado é o que sou. Fico chateado porque, seguindo a ordem natural das coisas, tudo em mim começa a despencar e, entre muitas outras medidas de contenção de encostas, atacam minha mandíbula com uma Black & Decker e aí desconto em cima dos leitores, que não têm nada a ver com isso.

  • Zoológico fantástico

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 12/12/2003

    Com este tema, Jorge Luís Borges publicou um livro sensacional, que nada tem a ver com os bichos da terra. Eram os dele bem mais fascinantes do que os nossos.