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Artigos

  • Este lugar nunca vai dar certo

    Folha de São Paulo (Revista Mais)(São Paulo - SP) em, em 25/01/2004

    "Estimado senhor meu pai. Espero que esta vos encontre gozando da mais perfeita saúde bem como a todos os nossos familiares em Portugal. Seja-me permitido, senhor, prestar a vossência relatório acerca da importante missão que a mim foi por vós confiada: encontrar, neste país chamado Brasil, onde resido, um lugar onde pudésseis instalar um entreposto comercial, aplicando assim os recursos que nossa família auferiu no bem-sucedido comércio das especiarias. Destarte, dirigi-me ao lugar conhecido como São Paulo de Piratininga, que, segundo informações por mim obtidas, preencheria as condições requeridas por vós, a primeira das quais era evitar o trópico, por vós considerado região insalubre, de gente preguiçosa, indolente. O dito lugar, ao contrário, teria ares frios e temperados; seria uma terra mui sadia, fresca e de boas águas, situada entre dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. De Recife, onde resido, tomei um navio, e depois em lombo de mula, subi até o planalto, onde fica São Paulo de Piratininga. Quando lá cheguei, a 25 de janeiro do ano da graça de 1704, invadiu-me o desânimo.

  • Uma história de amor

    Jornal do Brasil - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 23/01/2004

    Este espaço é dos leitores e do jornal. Não deve expressar sentimentos que possam parecer pessoais, por mais justificáveis que sejam. Mas o meu tema de hoje, embora pessoal, é daqueles que merecem uma meditação universal: a relação entre pais e filhos, os valores da família, o amor e a morte.

  • De sargento a coronel

    Tribuna da Imprensa - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 21/01/2004

    Dentre as datas literárias de 2004, este se apresenta, na realidade, como o ano de José Cândido de Carvalho. Nascido em 1914, chegaria agora aos noventa anos. Sua obra-prima, "O coronel e o lobisomem", saiu em 1964 - há quarenta anos, portanto. E ele morreu, em 1989 - há 15 anos. São três datas "redondas", no sentido de comemoráveis. É o que diz, em nota prévia, a escritora Lourdes May, que escreveu um livro, "Vida e obra de José Cândido de Carvalho", a sair este ano.

  • Livro tem nova lei

    Jornal do Commercio - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 19/01/2004

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 10.753, de 31/10/2003, instituindo a Política Nacional do Livro. O texto precisa ainda ser regulamentado pelo Congresso Nacional, entretanto o que não deu para entender foi que, um dia antes da assinatura do presidente, o Governo editou a Medida Provisória nº 135, vetando alguns artigos fundamentais da lei. O fato mereceu até um comentário jocoso da imprensa, que apelidou a polêmica MP 135 de "Medida Premonitória".

  • Para uma mulher que é todas as mulheres

    O Globo - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/01/2004

    Uma semana depois de terminada a feira de livros de Frankfurt de 2003, recebo um telefonema de meu editor da Noruega: os organizadores do concerto a ser realizado para o Prêmio Nobel da Paz, a iraniana Shirin Ebadi, solicitam que eu escreva um texto para o evento.

  • Velhinho em folha

    O Globo - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/01/2004

    Vai ter reclamação. Sempre tem reclamação, quando me declaro velho. Vem de leitores com mais idade do que eu, que me consideram um infante mal saído dos cueiros e vêem no que digo a insinuação de que já estão mais ou menos com um pé na cova. Nunca pretendi fazer tal sugestão, mas compreendo que reajam dessa forma e até parei de me chamar de velho. Agora, contudo, é oficial, está na lei. Não a li, mas é do conhecimento público que quem tem mais de sessenta atualmente se enquadra na categoria de idoso, ou seja, velho mesmo. Isto quer dizer que sou idoso há três anos e, portanto, se não posso ter-me na conta de veterano, não há como classificar-me de calouro.

  • Os direitos da personalidade

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 17/01/2004

    O novo Código Civil começa proclamando a idéia de pessoa e os direitos da personalidade. Não define o que seja pessoa, que é o indivíduo na sua dimensão ética, enquanto é e enquanto deve ser.

  • Uvas azedas ou amargas

    Jornal do Brasil - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 16/01/2004

    A reunião da Cúpula das Américas deixou um saldo insosso. Tanto falaram em fugir da retórica latina que os americanos aderiram a ela. Esse formato nasceu há 15 anos, quando foi fundado, em Acapulco, o Grupo dos Oito, através do qual os principais países da América do Sul e o México se dispuseram a construir uma cúpula para acertar uma política presidencial conjunta, face a problemas como a Nicarágua vir a ser uma nova Cuba.

  • O homem e o boi

    Jornal do Commercio - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 15/01/2004

    Luiz Paulo Conde andou passeando pela Galícia e trouxe na bagagem um livro sobre Allariz, pequenina cidade, próxima à fronteira com Portugal, uma região que como toda a península ibérica, sofreu (ou gozou) invasões romanas e árabes, além de abrigar os judeus sefaradistas que não a invadiram mas ali se fixaram após a diáspora.

  • O vil metal

    Tribuna da Imprensa - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/01/2004

    Já se definiu a "Comédia humana", de Balzac, ao longo de seus noventa e sete romances, como sendo uma narrativa cujos personagens estão sempre na iminência de ganhar ou perder um milhão de francos. É que a filosofia adotada então pelos franceses, depois de um período de terror e depois dos gloriosos, mas devastadores, dias imperiais de Napoleão, levara o país a ingressar numa fase de sua história que veio a se chamar de Restauração e cujo lema foi dado no discurso de um ministro que, diante de uma platéia entusiasmada, aconselhou: "enrichessez-vous!" Esse "enriquecei-vos" foi o lema da França até que o país perdeu a guerra contra a Prússia em 1870.

  • As famosas quem

    O Globo - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/01/2004

    É domingo e, como em todos os domingos, deverei comparecer ao boteco, item indispensável em minha agenda cultural. Não, não é preciso me de-nunciar como uma ameaça aos bons costumes e à saúde dos que acham que meu exemplo é seguido pela juventude ou mesmo pelos coroas do meu tope. Não só não acredito que meu exemplo seja seguido por ninguém como não estou recomendando que se encha a cara todos os fins de semana, ainda por cima chamando isso de atividade cultural. Já há bastante tempo, para espanto geral (inclusive de um senhor desconhecido que, incrédulo, se dirigiu um dia desses à minha mesa e cheirou minha bebida, aproveitando para fazer uma lavagem nasal e me obrigando a trocar de copo, eis que, talvez preconceituosamente, não bebo lavagem nasal nem minha, quanto mais dos outros), venho tomando porres exclusivos de guaraná, no qual posso me considerar experto (esta palavra existe, escrita desta forma, e só a estou empregando para me exibir mesmo) e creio já reunir qualificações para assumir um emprego de degus-tador numa firma do ramo ou assinar uma coluna para apreciadores.

  • Declaração de princípios

    Folha de S. Paulo (São Paulo - SP) em, em 07/01/2004

    O pior cego, dizem por aí, é aquele que não quer ver. Pior do que esse é quem vê e não entende o que está vendo. É o caso de muita gente, o meu caso, principalmente. Quero ver tudo, a aurora boreal, a queda do Império Romano, Joana D'Arc na fogueira, queimada como uma bruxa, César atravessando o Rubicão e dizendo "alea jacta est", a assinatura da Dieta de Worms e do Edito de Nantes, a tempestade num copo d'água e, se possível, ver também o circo pegar fogo, embora nada lucre nem com o circo nem com o fogo.

  • Perspectiva e teoria do ser

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 03/01/2004

    Segundo Martin Heidegger, por influência de Aristóteles e dos pensadores medievais, os filósofos têm cultivado tão-somente a "teoria dos entes" (Metafísica), e não a "teoria do ser" (Ontologia). Daí a sua idéia de basear esta no Dasein, palavra de múltiplos significados, aceita tanto por Heidegger como por Karl Jaspers, embora com diferente sentido.

  • A boa discriminação

    Jornal do Brasil - (Rio de Janeiro - RJ) em, em 02/01/2004

    Há 200 anos, Toussain Louverture, Jean-Jacques Dessalines e Henri Christophe lideraram um acontecimento inédito na história: uma revolta de escravos que levou à independência do Haiti, o segundo país do Hemisfério Ocidental a livrar-se da condição de colônia, o primeiro país negro independente.