Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Debatendo os debates

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/10/2004

    Mais uma vez, e como sempre, estou na contramão do consenso, um dos quais, em época eleitoral, é a importância do debate na TV entre os candidatos a cargos eletivos. Os marqueteiros e colunistas especializados acreditam que Kerry diante de Bush, ou Marta diante de Serra, consumidos pelos milhões de telespectadores que acumulam a função de eleitores, ganharão ou perderão de acordo com a performance diante das câmaras.

  • Onde a besta morreu

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/10/2004

    A semana termina cheia de notícias: os juros, na sua trajetória de gangorra do sobe-e-desce, depois de descerem, agora sobem; a Fórmula 1, que, para o meu gosto, é uma das coisas mais monótonas e chatas do mundo, faz sua última corrida do ano em Interlagos; Schumacher chega de mau humor e, questionado sobre "se gosta do Brasil", responde de cara feia: "Adoro o Brasil, mas prefiro quando posso ficar em paz no quarto". E um prefeito do interior de São Paulo, quando lhe cobram programas de cultura, responde convicto: "A cultura pode esperar, é algo que se pode definir como um pepino"; as eleições municipais chegam na reta final do segundo turno e as batidas cardíacas dos candidatos e aderentes aumentam com a chegada do dia D e com as pesquisas de opinião pública, que neste ano sofreram muitas contestações e mudanças de metodologia.

  • Bush, resignação e furor cívico

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/10/2004

    O "New York Times", a quinze dias do pleito, declarando-se em apoio frontal a Kerry, mostra ao mesmo tempo o ineditismo de um pronunciamento de franqueza-limite em favor do candidato, e a consciência da gravidade da opção que defrontam os americanos a 2 de novembro próximo. Não é mais, inclusive, o imperativo de uma oposição comum e generalizada ao atual ocupante da Casa Branca que alimenta a candidatura Kerry. A partir dos debates - e o "Times" não esconde até a grata surpresa - impôs-se a intrínseca qualidade do democrata, e a sua capacidade de equacionar fórmulas e programas para o imediato futuro americano.A dominância das sugestões internas, por outro lado, em nenhum momento retirou Kerry da contundente oposição a Bush na catástrofe iraquiana, sem fugir ao realismo de uma permanência ainda dos Estados Unidos no fulcro da conflagração, acarretada pela cruzada bushiana.

  • Homem de caráter

    Diário do Comércio (São Paulo), em 21/10/2004

    Não conheci, pessoalmente, Fernando Sabino, que faleceu no início da semana. Conheci sua obra, e aqui a elogio, os romances, os contos e as crônicas, toda a obra de alto valor literário. Vi-o uma vez numa das redes de televisão. Ele e a filha, cantora. Ele deu uma entrevista ao locutor e a filha cantou músicas brasileiras. Mas se não o conheci, dele tenho notícias, todas elogiosas ao ser humano amigo dos amigos, bondoso sem afetação, e pleno de humor, que encantava seus inúmeros amigos.

  • Vale de lágrimas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 21/10/2004

    O almirante Faria Lima foi o último governador biônico do então Estado da Guanabara. Durante o seu governo, houve a fusão com o Estado do Rio, a maior truculência cometida pelo regime militar contra os cariocas e fluminenses.

  • Nazismo com Perón

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 20/10/2004

    Este meu livro Crônica de uma guerra secreta, lançado agora no ocaso de minha vida, tem como pedra angular uma aventura de mocidade que já fez mais de meio século (1944-1946), ao tempo do reino de Perón e Evita Duarte. Trata-se de uma aventura, que conservei até hoje em segredo absoluto, até mesmo de minha mulher e filhos, consistindo em penetrar nos recintos mais vigiados do Archivo General de la Nación e fotografar documentos ultra-secretos, altamente comprometedores, do governo argentino. Isso, vale salientar, muito antes de James Bond nos ter ensinado o caminho.

  • Paixão segundo Sabino

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/10/2004

    Boa a repercussão da morte de Fernando Sabino na imprensa. Mais que merecida. Contudo, na maioria das notas publicadas, houve a reincidência de uma crítica profundamente injusta ao fato de Sabino ter escrito um livro cujo personagem principal era a ex-ministra Zélia Cardoso de Melo.

  • Lembrança de Jorge Amado

    Diário do Comércio (São Paulo), em 20/10/2004

    Li, quando foi lançado, um livro interessante sobre Jorge Amado. De autoria de Hana Gooldstein. O Brasil, best selller de Jorge Amado chama a atenção do leitor para o interesse de Jorge Amado em focalizar o Brasil, só o Brasil, em todos os seus livros, que foram numerosos durante a sua gloriosa carreira de escritor e acadêmico. Jorge Amado foi prolífico e criou tipos que ficaram na memória de seus leitores, como Gabriela, os "turcos", pelos quais demonstrava simpatia, e outros.

  • Presença de Fernando

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 19/10/2004

    Que dizer de Fernando Sabino, que nos deixou há poucos dias? Que era um grande escritor? Era, mas não só, porque ele foi também uma das grandes figuras do nosso stablishment cultural, que fala por nós e nos representa. Desde os anos 40 do século XX, quando sua inquietude começava a se transformar em livros, passou a ser um ponto de referência obrigatório em nossa literatura.

  • A crise na VASP

    Diário do Comércio (São Paulo), em 19/10/2004

    Para completar o quadro de crises em que se debate a aviação civil, temos o caso da Vasp, impedida pelo Infraero de decolar, enquanto não efetuar o pagamento do que lhe deve; o pedido de falência da GE e as demissões de pessoal, contra a qual se mobilizou o sindicato da categoria. Evidentemente vai se procurar um entendimento, mas dificilmente a empresa escapará de sanções ou de um colapso, exatamente a empresa que tem as iniciais de São Paulo.

  • Reconsidere, Ministro!

    O Globo (Rio de Janeiro), em 18/10/2004

    Meu caro Gilberto Gil, você agora está ministro e vai bem. Traz uma imagem forte a uma pasta com poucos recursos. Mas foi outro Gil, o excelente músico e letrista instigante, que sempre fez parte da minha vida. É a seus versos que recorro para sair do recolhimento que busco, neste tempo de holofotes, realces e quanto mais purpurina, melhor. É mesmo sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar.

  • O menino triste

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/10/2004

    Semana passada, escrevi sobre o marinheiro triste, poema de Manuel Bandeira que é recorrente na minha vida e na vida de muita gente. Hoje falo do menino triste, que é mais ou menos a mesma coisa.

  • O falso espião

    Diário do Comércio (São Paulo), em 18/10/2004

    Nunca eu poderia imaginar, conversando na Academia Brasileira de Letras, da qual somos membros, que meu caríssimo confrade e amigo tinha sido um contra-espião para desvendar, com sua inteligência, domínio do castelhano e profundo conhecedor dos meandros diplomáticos, era Sérgio Corrêa da Costa, descendente do poeta Raymundo Corrêa, autor de As pombas e outros sonetos . Foi uma surpresa. Li com prazer e curiosidade a reportagem de Veja com o maior interesse. Um belo furo da revista.

  • Sobrevivendo legal

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/10/2004

    Hoje eu ia escrever novamente sobre o assunto do momento, o qual, goste-se ou não de política, é a eleição em São Paulo. A prefeitura da maior cidade do país já é importante em si e foi transformada por “eles” em mais importante ainda. A disputa, pelo menos na minha modestíssima opinião, se federalizou, virou queda-de-braço nacional. Tudo obra “deles”. Não sei bem quem são “eles” e, aliás, já falei bem mais do que acabei decidindo falar, que era nada. Preciso resolver certas questões éticas preliminares, tais como conspirações e esquemas nos quais me disseram que estou envolvido, mas, talvez por contar entre meus inumeráveis defeitos a distração excessiva, não tinha notado. No momento, acho que me encontro enredado em tramas cavilosas com o núcleo da novela de não sei bem que horas da Globo. Preciso de mais informações, estão me escondendo alguma coisa, acho que o núcleo da novela está me desprestigiando e não me chamou para qualquer sessão de conspiração ainda. E, o que é pior, ninguém me deu dinheiro nenhum até agora.

  • Em andanças pelo mundo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/10/2004

    CERTA VEZ, NO INVERNO DE 1981, EU caminhava com minha mulher pelas ruas de Praga, quando vimos um rapaz desenhando os prédios à sua volta. Embora eu tenha verdadeiro horror de carregar coisas enquanto viajo (e havia ainda muita viagem pela frente), gostei de um dos desenhos e resolvi comprá-lo. Quando estendi o dinheiro, reparei que o rapaz estava sem luvas, apesar do frio de cinco graus negativos.