
A reforma política
É deveras deplorável a eclosão da maior crise ética de nossa vida democrática, como a que ainda estamos vivendo, para se tornar a falar em reforma política.
É deveras deplorável a eclosão da maior crise ética de nossa vida democrática, como a que ainda estamos vivendo, para se tornar a falar em reforma política.
Todo o estardalhaço da aparição de Severino no cenário nacional cria cenários surpreendentes para o desfecho do segundo tempo de Lula. Confunde os próprios equívocos, entrega as gafes para os tentos do governo, assume os desacertos para piorá-los e atravessa bodes expiatórios no caminho do sistema. E, embalde, atinge Lula, blindado no seu trato de graças e apoios populares. Nenhum anticlímax o fere fundo nesta perseverança do apoio do Brasil de fundo. Abalos, se os há de raspão, nada têm de comum com a crise das CPIs, ou com a tentativa de roubar do Planalto a ribalta por este exorcismo de todos os flagelos em que se transformou o terceiro poder da República. É exatamente o Lula que repete o óbvio, o que se mantém a todo pano, e sabe fazê-lo, tal como conhece cada dobra do ouvido popular.
Voltei ao Brasil e minha sensação foi a de quem chegou em casa e nada funciona. É como se, de repente, uma pane geral desligasse a geladeira, a máquina de lavar, a televisão, o DVD e até o fogão. Nem candeias estavam disponíveis.
Fui professor nas faculdades de Engenharia, Comunicação e Economia da FAAP durante dez anos. Indicado pelo professor Miguel Reale, então vice-presidente da Fundação, presidida pela sra. Lúcia Pinto de Souza. Iniciei minhas aulas depois de aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em princípio de 1967, e deixei o magistério em 1976.
Saudoso amigo, o senador Alexandre Marcondes Filho me disse, mais de uma vez, que a CLT, como uma lei social para disciplinar o trabalho e garantir a tranqüilidade do trabalhador, deveria ser revista de tempos em tempos, isto é, atualizada.
O desenrolar dos últimos dias, com a saída de José Dirceu e o novo desempenho que se talhou Roberto Jefferson, aponta, talvez, a uma quebra, no desfecho de sempre e sua receita, na ópera bufa das CPIs brasileiras. Dirceu veio à planície, mais que para aparar a estocada contra o Presidente, no empenho da volta às bases, para o fortalecimento de sua iniciativa política à vista do segundo mandato. Não saiu para o escanteio, nem como o perigo daninho, como se a sobrevivência do governo entrasse na contagem regressiva dos puros entre os dedos do sistema. A manifestação maciça de apoio ao ex-chefe da Casa Civil deu um teor todo, o contrário da nostalgia, como se começasse a arregimentação política para o novo tempo do PT no Planalto.
Os gregos criaram a palavra meteco , que é ou o estrangeiro desnacionalizado ou o estrangeiro que devasta terras de outro país. Sucintamente é esse o seu significado. Proponho-o para o Brasil.
No movimento natural de uma literatura, atividade subordinada ao tempo como tudo o mais, temos de vez em quando a necessidade real de rever livros e reavaliar tendências. Romances da segunda metade do século passado, quando se exigia que as mudanças fossem claramente identificadas, precisam ser reeditados a fim de que os julgamentos de então passem também por nova análise.
Conheci o saudoso Daher Cutait, professor de medicina e médico, coberto de louvores, no Rotary Club. Ficamos amigos e quando minha amada mulher foi internada no Hospital Sírio Libanês, do qual ele era diretor, nossa amizade estreitou-se, por ele visitá-la todas as manhãs.
Pinturas de macaco alcançam R$ 61 mil. Três quadros feitos pelo chimpanzé Congo foram arrematados em leilão pelo norte- americano Howard Hong. Mundo, 22.06.2005
Os comentaristas e os observadores, até mesmo os neutros, não escondem sua desconfiança no propósito da Câmara dos Deputados.
Jorge Amado, de quem pelo resto da vida me sentirei órfão, sempre me ensinava alguma coisa, às vezes obliquamente, com uma ironiazinha amistosa e divertida (agora me questiono, desculpem estes parênteses mal colocados, sei que abuso: pensei em escrever “amorosa” e aí usei “amistosa”, mas mandam a honestidade e a vergonha confessar que foi porque não quis me expor a piadinhas que na verdade refletiriam grossura ou má vontade da parte de seu autor e que, por que não dizer, eu estava agindo preconceituosamente, pois posso perfeitamente descrever meu relacionamento com ele como de amor fraterno, que eu tinha por ele e sabia que ele tinha por mim e portanto refaço o que ia fazer): Jorge Amado às vezes me passava ensinamentos com uma ironiazinha amorosa e divertida, volta e meia expressa apenas em gestos, mas quase sempre com histórias que eram meio parábolas. Ou então, sabedor de que meninos como eu e muitos outros o viam como sábio, exemplo de grande artista e a encarnação da generosidade, dava lições mesmo. Tenho-as bem estocadas na cabeça e consigo fazer uso de algumas, porquanto para outras careço da necessária categoria.
HOJE ESTÁ CHOVENDO MUITO E A temperatura está perto de 3º C. Resolvi andar - acho que se não ando todos os dias, não consigo trabalhar direito - mas o vento também está forte, e voltei para o carro depois de dez minutos. Peguei o jornal na caixa de correios, nada de importante - exceto as coisas que os jornalistas decidiram que devemos saber, acompanhar, tomar posição a respeito. Vou para o computador ler as mensagens eletrônicas.
O encontro com Oswaldo Siciliano, na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, foi aquecido pela estranheza com que vemos, cada qual do seu ângulo, parte da nossa juventude a utilizar o seu tempo, no emprego do computador, com uma língua desconhecida para o comum dos mortais.
Instalou-se o Conselho Nacional de Magistratura, como conquista sofrida, e não menos determinada, do aperfeiçoamento institucional do País. Tratava-se de reconhecer, de vez, o princípio talvez mais difícil para se lograr esta funcionalização das estruturas de poder, em bem das reais e diferentes prestações do Estado. Entregue, tão-só, às próprias corporações, este exercício se endurece na letargia inevitável de sua inércia e, sobretudo, nos facilitários ou nas indulgências que o administram.