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Artigos

  • Do verso como chuva

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 24/05/2005

    O poeta Waldemar Dias da Cunha, que em vida publicou um livro apenas e deixou, ao morrer, poemas em número suficiente para mais oito volumes, representou e representa a adoção da poesia como forma de conhecimento. Conhecimento pela encantação, conhecimento pela repetição, pelo transe, conhecimento direto, feito bala de revólver que penetra sem cerimônia na realidade, o que transforma o ato de fazer poema num ato de purgação e de curtição. No fundo, um ato religioso.

  • Cachorro atropelado

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/05/2005

    Na semana passada, comentei a sentença de uma juíza que tornou inelegível um dos pré-candidatos à próxima sucessão presidencial. Não entrei no mérito da questão. Não censurei a sentença em si, que pode ser derrubada em instância superior. Dei de barato que a juíza se apoiou em fatos provados ou supostos. Não compete ao jornalista nem ao Estado exercer qualquer tipo de censura.

  • O sucesso da Petrobrás

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/05/2005

    Durante longo período de tempo nas colunas dos jornais que dirigíamos, combatemos a Petrobrás. Para nós, o Brasil não dispunha de reservas do bruto, e não poderia, nunca, ser exportador de óleo, ao contrário do que afirmavam seus técnicos, diretores e outros entusiastas da empresa.

  • Uma triste lembrança

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/05/2005

    Secretário de Cultura do Estado, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do Conselho de Comunicação do Congresso O Tribunal do Santo Ofício, abominável em sua essência, operou no Brasil cerca de 240 anos, com a matriz situada em Portugal, onde teve mais de 280 anos de existência. Foram várias as injustiças cometidas contra os judeus, com processos infames e descabidos. Com isso, muitos foram sacrificados e outros viveram na clandestinidade, sem poder professar claramente a sua fé original.

  • Caras e caras

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/05/2005

    Já foi o tempo em que "governar era abrir estradas". De Washington Luiz, autor da frase, a Lula, autor de outra frase -"olhem para minha cara e vejam se estou preocupado"-, as coisas mudaram, acho que para pior.

  • Euclides da Cunha e a Abolição

    Diário do Comércio (São Paulo), em 23/05/2005

    No suplemento de sua edição de domingo atrasado a Folha de S. Paulo publicou dois artigos de Euclides da Cunha sobre a Abolição da Escravatura.

  • O penico de Napoleão

    Folha de São Paulo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005

    Como qualquer mortal, ou mesmo imortal, volta e meia questiono meus conceitos e atitudes. Ultimamente, olhando tudo em conjunto, o que fiz de ruim e deixei de fazer de bom, tenho vontade de subir à montanha e pedir clemência, implorar o perdão de todos.

  • Alegria, alegria

    O Globo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005

    Pelo menos no dia e na hora em que escrevo, faz um lindo dia outonal, como espero que também neste domingo. Os ares parecem puros, o céu está azul e límpido e a orla da Baía de Guanabara, que fica aqui tão pertinho de onde eu moro, lá permanece em sua formosura esplendorosa e irrespondível. Devemos, portanto, estar felizes. Claro, a bela leitora (não é machismo ou discriminação, são hábitos de antanho, pois diz a lei que sou do tempo dos afonsinhos) e o inteligente leitor (idem) podem ser agnósticos ou ateus, mas também podem fingir por um momento que não são e pensar como de fato o Senhor Bom Deus caprichou ao nos dadivar a nossa terra - e não somente o Rio, é claro, mas tão grande parte de toda ela.

  • As bruxas e o perdão

    O Globo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005

    NO DIA 31 DE OUTUBRO DE 2004, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida no mês seguinte, a cidade de Prestopans, na Escócia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas - e a seus gatos - executadas por prática de bruxaria entre os séculos XVI e XVII. Segundo a porta-voz oficial dos Barões de Prestoungrange e Dolphinstoun, “a maioria tinha sido condenada sem nenhuma evidência concreta - com base apenas nas testemunhas de acusação, que declaravam sentir a presença de espíritos malignos.” Não vale a pena lembrar de novo todos os excessos da Inquisição, com suas câmaras de tortura e suas fogueiras em chamas de ódio e vingança. Mas há uma coisa que me intriga muito nessa notícia. A cidade e o 14 Barão de Prestoungrange & Dolphinstoun estão “concedendo perdão” às pessoas executadas brutalmente. Estamos em pleno século XXI, e os descendentes dos verdadeiros criminosos, aqueles que mataram inocentes, ainda se julgam no direito de “perdoar”.

  • A justiça é cega

    Folha de São Paulo (Rio de Janeiro), em 21/05/2005

    Alguma coisa de ruim estava para acontecer na vida e naquela manhã de Leopoldo Quintães, escrivão-substituto da 42ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro. Como sempre fazia, chegou cedo ao fórum na rua Dom Manuel, cumprimentou o porteiro e o ascensorista, subiu ao 9º andar, cumprimentou o faxineiro que espanava a pilha de processos que seriam despachados, à tarde, pelo juiz titular da vara, Hugo Backer.

  • Respondendo à fome de universidade

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 20/05/2005

    Aí está claramente a contribuição do ministro Tarso Genro em tornar a pauta da educação, sem dúvida a mais relevante, na fronteira das conquistas sociais a que responde especificamente o recado do Governo Lula. Não se trata apenas já de mostrar os índices desses dias da baixa a 3% da falta de escolaridade básica no País. O avanço do Prouni, com o apoio logrado da área pública e, sobretudo, decisivamente privada do terceiro grau, mudou uma atitude, inclusive, nesse avanço qualitativo do ensino brasileiro. Passa-se a sobrelevar este outro dado, tão percutente quanto o do analfabetismo que era o da massa de estudantes capacitados à entrada no campus, e barrados pela falta de vagas da área pública, de par com a ausência de poder econômico para ingressar na área particular.

  • O piano de Napoleão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/05/2005

    A América Latina, que sempre teve a imagem de um caldeirão social, entrou nos anos 90 como lugar de arrumação sob a forte influência das políticas mundiais de estabilização, à base do neoliberalismo. Estas, dando predominância ao econômico sobre o social, não ofereceram as respostas reclamadas pela sociedade, que procurou novos caminhos, levando ao poder líderes-símbolos da esquerda latino-americana.

  • Um chope e dois pastel

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/05/2005

    Nas três operações da mente definidas pela lógica de Aristóteles, a simples apreensão é comum a todos os animais, inclusive e obviamente ao homem. Vem, depois, o juízo, ou seja, a faculdade de emitir submete a apreensão ao juízo e daí resulta o raciocínio, que deu ao homem a faculdade, tornada necessidade, de se expressar. Fruto da apreensão, do juízo e do raciocínio, o homem logo desenvolveu a articulação verbal para denominar a apreensão, desenvolver o juízo e expressar o raciocínio.

  • Panzen Cardinal

    Diário do Comércio (São Paulo), em 20/05/2005

    Antes da morte de João Paulo II, o cardeal Josef Ratzinger era conhecido como panzen cardinal , por sua ação vigorosa na defesa da doutrina católica, em um mundo que dá poucos ouvidos às doutrinas.