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Vulnerável ou sólida

 

Escrevi, mais de uma vez, a opinião do barão Louis, ministro da economia do imperador francês Napoleão III, sobre crises políticas: "Dai-me, disse ele, boa política que eu lhes darei boa economia".


Nessa advertência sucinta o ministro de Napoleão deixou claro que as crises políticas influiriam a economia do país, no caso a França, governada pelo sobrinho de Napoleão Bonaparte, ex-imperador dos franceses, mais ou menos em meio a chuvas e trovoadas político-partidárias.


Aqui, diante das chuvas e trovoadas sobre Lula e seu partido - afirme ele em contrário, para escapar do cerco da CPI -, o certo é que sua opinião sobre a economia deve ser aceita e não a do banqueiro Henrique Meirelles, para quem é sólida a economia do país.


Se formos à História do país encontraremos a confirmação do que declarou Lula, contrapondo-se ao presidente do Banco Central, pois a economia está vulnerável.


Os juros estão altíssimos. As arrecadações têm destino. Não se cogita de reforma tributária, essa corda de enforcado que ameaça a vida de muitas empresas, incapazes, pela oposição do mercado, de enfrentarem a pressão do custo exorbitante do dinheiro.


As revoluções que perturbaram o país na Primeira República abalaram a economia, igualmente na Revolução de 30, na Revolução Constitucionalista - ainda que tivesse a finalidade superior de exigir uma Constituição. No Golpe de 37 menos, por se ter erigido em ditador o chefe do governo provisório, Getúlio Vargas. A Revolução de 64 foi mais uma contra-revolução, fato que salvou a economia.


Temos, agora, uma revolução plutocrática, rios de dinheiro circulando por intermédio de indivíduos de quem nunca ouvimos falar, e que, no entanto, manipulavam esses rios com grande liberdade e sacavam e pagavam por vários meios contas altíssimas.


Evidentemente, a campanha presidencial, que no regime atual é caríssima, exigindo do partido que bancou o candidato reservas bilionárias, nessa campanha foi paga com recursos obtidos por meios ilícitos, na sua maioria.


Se, pois, o presidente Lula considera vulnerável a economia, pela força destrutiva de que dispõe a crise política, devemos dar-lhe crédito, e achar que está mais certo ele do que o banqueiro, sobretudo um banqueiro sem experiência político-partidária.


É o que pensamos, como pensava o barão Louis, responsável pela economia francesa, quando reinava o imperador Napoleão III. É o que devemos transmitir aos leitores.




Diário do Comércio (São Paulo) 02/08/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 02/08/2005