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Artigos

  • Perder para todos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    A crise política que abalou governo e PT passou para segundo plano, e daí passará para plano algum, afogada por novas crises. Comentei ontem, por alto, a greve de fome de um bispo que é contrário à transposição das águas do São Francisco. Deveria comentar agora o plebiscito sobre a venda de armas, mas deixo o assunto para crônica mais extensa, que publicarei na Ilustrada, na próxima sexta-feira. Não percam. Do contrário, o perdido será o cronista, que poderá perder o emprego.

  • O Direito está torto

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    O Brasil nasceu com uma forte atração bacharelesca. Enquanto colônia, mandava seus filhos bem dotados para a Universidade de Coimbra, onde se formavam em Direito, para depois exercer o seu mister entre nós. É o caso de José Bonifácio, figura estelar da nossa História. Vieram os cursos superiores em Olinda e no Rio de Janeiro, por inspiração de D. João VI, para depois se transformar em mania nacional.

  • O desarmamento num boteco do Leblon

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    Como é, já resolveu seu voto no plebiscito?- Já, já. Demorou, cara, foi uma discussão braba lá em casa. Muita opinião divergente, sobre se o SIM queria dizer que a gente não queria a proibição ou o contrário, você não imagina a discussão. Acabamos chegando à conclusão de que é o NÃO mesmo. Todo mundo lá vai de NÃO.

  • No caminho de Santiago

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    ESTA NUVEM TEM QUE ACABAR”. pensava eu enquanto lutava para descobrir as marcas amarelas nas pedras e nas árvores do Caminho. Fazia quase uma hora que a visibilidade era muito pequena, e eu continuava cantando, para afastar o medo, enquanto esperava que algo de extraordinário acontecesse. Cercado pela neblina, sozinho naquele ambiente irreal, comecei mais uma vez a ver o Caminho de Santiago como se fosse um filme, no momento em que a gente vê o herói fazer o que ninguém faria, enquanto na platéia a gente pensa que essas coisas só acontecem no cinema. Mas ali estava eu, vivendo esta situação na vida real. A floresta ficava cada vez mais silenciosa e o nevoeiro começou a clarear muito. Podia ser que estivesse chegando ao final, mas aquela luz confundia meus olhos e pintava tudo à minha volta com cores misteriosas e aterradoras.

  • A dádiva

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/10/2005

    Desconfio que, pela primeira vez no ofício de cronista, sou obrigado a dar razão a todos na questão do rio São Francisco. Antes de pensar em transpor um rio, há que haver rio e, do jeito que está, em breve não haverá o que transpor.

  • A mulher do padeiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/10/2005

    Não costumo adotar decisões radicais para uso próprio, mas as aprecio nos outros. Tive um amigo de juventude que iniciou greve de fome para convencer uma vizinha a dar para ele, quase ia conseguindo, mas desistiu na última hora, não sei até hoje por qual motivo.

  • A caminho do pastelão cívico

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 07/10/2005

    Acontinuarmos a romaria do anticlímax do mensalão, a Polícia Federal pede mais tempo para chegar a conclusões sobre o toma-lá-dá-cá dos parlamentares denunciados. As CPIs, por seu lado, querem prazos indeterminados, também, para completar as suas investigações. E o ex-deputado Roberto Jefferson insiste na retirada da denúncia contra José Dirceu, estopim da crise. Fique o dito pelo não-dito.

  • Vendo pobrezas e saudades

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2005

    Nova York . Viajar não é somente conhecer, é também reconhecer. Há 45 anos, visitei os Estados Unidos pela primeira vez, como observador na 16ª Assembléia Geral das Nações Unidas. Era o tempo da descolonização. Caía o velho sistema dos impérios, com países explorados por outros, ricos, quase todos na Europa, os segundos, e os primeiros na África. No Oriente Médio, os ingleses, ganhadores da Segunda Guerra Mundial, viam cair os seus protetorados, encharcados em bacias gigantescas de petróleo.

  • Das pombas fúnebres e da honra dos homens

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2005

    Deus é testemunha -gosto de invocar o Todo Poderoso, no qual às vezes creio, às vezes não, de acordo com o tempo, o modo e a circunstância. Sobretudo quando estou mentindo, o que não é o caso, principalmente agora, quando a verdade não vale e, se valesse, dava na mesma. A invocação é para afirmar que não aprecio solenidades, sejam quais forem. Houve época em que havia solenidade em tudo, principalmente nos enterros, quando Estado e Igreja não haviam se separado pelos ideais e costumes republicanos.

  • As armas e os varões

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/10/2005

    Não votarei no plebiscito sobre a proibição das armas de fogo. Se fosse obrigado ao voto, o anularia propositadamente, e lucidamente. Trata-se de um escapismo, uma forma que a tal sociedade ética e transparente encontrou para, mais uma vez, empurrar com a barriga um dos problemas mais agudos de nosso tempo: a violência. Com pequenas alterações, pode-se usar a comparação do termômetro. Proíba-se a compra e o uso dos termômetros e não haverá mais febre no país.

  • Saudade de Austregésio de Athayde

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 05/10/2005

    Austregésilo de Athayde, hoje sepultado no glorioso Mausoléu que ele mesmo, com o seu pragmatismo e vocação de grandeza, construiu para a nossa tranqüilidade pessoal, foi um acadêmico perfeito. Para ele, o ato de morrer deve ter sido uma desagradável surpresa, já que só acreditava na morte dos outros, especialmente na dos seus pares.

  • O bispo, pena, não é Gandhi

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 05/10/2005

    Dom Luiz Cappio, o bispo franciscano de Barra, na Bahia, iniciou há oito dias greve de fome para paralisar o projeto de inversão das águas do São Francisco, que ora começa em Cabrobó. Só bebe água do rio, mantém ainda inalteráveis os sinais orgânicos e sentado numa cadeira branca de plástico, abençoa os romeiros chegados ao seu pastor em trinta anos de presença abnegada junto à população ribeirinha.

  • Mentes inquietas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/10/2005

    A saudável vida universitária proporciona permanentemente novos conhecimentos. Foi o que ocorreu no campus Ibirapuera da UniFMU, quando o professor Edevaldo Alves da Silva reuniu o neurologista José Salomão Schvartzman e a médica e pesquisadora Ana Beatriz Barbosa Silva (ambos da Academia das Ciências de Nova York) para discutir um tema de grande atualidade: transtornos devidos aos déficits de atenção.

  • Salgueiro e Harpas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/10/2005

    Um dos salmos mais conhecidos (e bonitos) atribuídos ao rei Davi é o 137, que chegou a ser musicado por alguns compositores profanos. "Junto aos rios de Babilônia nos sentávamos e chorávamos, nos lembrando de ti, oh, Sião! E nos ciprestes pendurávamos as nossas harpas. Os que nos levaram cativos pediam uma canção para que os alegrássemos, dizendo: "Cantai uma canção de Sião". Como cantaremos a canção do Senhor em terras estranhas?".

  • Jornalismo e literatura

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 04/10/2005

    Há mais de meio século escrevi uma série de artigos sobre um tema que me apaixonava: Jornalismo e Literatura. Trabalhava eu, naquele tempo, em jornal, onde cheguei a fazer de tudo: editorial, crítica literária, crítica de teatro e de cinema, crônica, reportagem, inquéritos, coluna social, cobertura de futebol (fiz artigos diários no decorrer da Copa de 50) e até um consultório sentimental.