
O governo num boteco do Leblon
- Não, isso eu sei. Nós vivemos numa república democrática e temos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso eu sei.
- Não, isso eu sei. Nós vivemos numa república democrática e temos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso eu sei.
CONTA A LENDA QUE, LOGO APÓS SUA iluminação, Buda resolveu passear pelos campos. No caminho, encontrou um lavrador, que ficou impressionado com a luz que emanava do mestre.
Pressionado pelas denúncias, comprovadas em sua maioria pelos fatos, o PT admitiu seu caixa dois, cujos fundos, como sempre acontece com os caixas dois, vieram de dinheiro sujo ou, na melhor das hipóteses, de contribuições suspeitas, que não foram contabilizadas como manda a lei.
De poucas palavras e muitas convicções, quando dava um bom-dia não era um cumprimento, era uma declaração de princípios. Quais, ninguém sabia, nem mesmo ele, mas eram princípios que lhe valeram a fama de sábio entre os sábios e de justo entre os justos.
O corte biográfico, todo, de Luiz Alberto Bahia é regido pela evolução mesma do nosso jornalismo, dentro da maturação da cultura brasileira. Na formação do meio século, pouco presente, ainda, a universidade, o jornalismo puro condicionou o jogo de nossas idéias políticas, e a nossa modelagem institucional. A trajetória do pensador combatente que ora perdemos é a dessas matrizes do país que saiu do establishment. Formado no Santo Inácio, exposto ao pendor natural pelo curso de direito, interrompeu-o para dedicar-se a imprensa. Seduziu-o o trato direto com a opinião pública, cujas vozes audíveis passavam por sobre os rigores do scholar, para responder ao sentido de participação no seu tempo.
Mais uma vez volto a falar na reforma partidária - e cada vez tenho vontade de falar mais. Duas reformas são tratadas de maneira retórica, porque ninguém deseja realmente fazê-las: a reforma política e a reforma administrativa.
João Francisco Xavier da Silva, notável tribuno, ensaísta, diplomata, parlamentar, jornalista e dentista no início de sua carreira, nasceu em São Paulo, em 1914. Naquele mesmo ano, um estudante matou o arquiduque da Áustria em Sarajevo, ponto de partida para uma guerra que duraria quatro anos e, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, iria se tornar mundial, envolvendo dois continentes e antecedendo alguns anos a Segunda Guerra Mundial, em 1939, que só terminaria quando explodiu a primeira bomba atômica em Hiroshima.
A força do cinema como propaganda foi provada na seqüência na Grande Depressão americana. Ao estudar o presidencialismo americano para um livro que estou escrevendo, e que espero concluir até junho, me fixei nas fontes do sistema dos Estados Unidos, que só deu certo no país de origem e se constituiu num arsenal de crises onde mais foi instituído.
Fizeram a mesma pergunta a Severino Cavalcanti e a José Dirceu: qual é o seu futuro? Os dois foram cassados mais ou menos pelos mesmos motivos. Exerciam cargos importantes: o primeiro era presidente da Câmara dos Deputados e teria recebido R$ 7.500 para renovar o contrato da concessão dos restaurantes no Congresso.
Destaco um aspecto enaltecedor da democracia brasileira. Evoluímos das atas falsas do PRP, na Primeira República, às máquinas de votar das eleições atuais. Passamos das cédulas eleitorais impressas pelos partidos às cédulas oficiais, e hoje estamos votando com celeridade e apuração no mesmo dia.
Nestes dias de luto, é doloroso escrever sobre um homem plural como Oscar Dias Corrêa, falecido na semana passada, um mineiro nascido na sua querida Itaúna, há 84 anos, que, ainda mocinho, vencia um concurso de oratória. Aquele triunfo já prenunciava o incomparável orador que seria vida afora e previa igualmente o discípulo de Dante, o pai da poesia italiana, mas sobretudo o autor da Divina comédia, em homenagem à sua platônica paixão por Beatrix Portinari.
Tempo de cassações tem alguma coisa a ver com a velha prática da defenestração, um tipo de limpeza de terreno que lembra a fase que atravessamos. Atirar pela janela -raiz etimológica da defenestração- tinha a vantagem de não se mascarar em solução moral ou legal para se livrar de um adversário. Era praticada na marra, sem esconder os objetivos de poder ou conveniência de um grupo ou pessoa.
Havia eu lido, alguns dias atrás, o que um motoboy dissera a um jornalista. Não era bravata, tinha eu convicção, quando ele afirmara que unidos como são os motoboys podem parar São Paulo quando assim decidirem, nos seus interesses.
Notícias da Venezuela nos indicam que o presidente Hugo Chávez não sai ganhando nas eleições de domingo, segundo o Instituto de Opinião Pública, que, ao contrário, dá a vitória à oposição.
Antes de nos deixar, esta semana, terminou Oscar Dias Corrêa a descrição de sua viagem com Dante, ao longo de versos e de rimas, sobre o chão mesmo da poesia que ilumina as palavras, suas letras, seus vazios, suas pausas. A escolha de Dante para companheiro de viagem marca o homem que a faz, com uma clarividência rara e luminosa.