Creio que venho notando claros sinais de que o interesse público pelas CPIs, o mensalão e correlatos tem caído muito, nos últimos dias. Em primeiro lugar, o cheiro de pizza nos envolve as narinas e os que pensavam que iam mudar de cardápio já hesitam sobre se vão querer com calabresa, sem calabresa, ou mista. Não entendo muito de pizza, que costuma saber-me a papelão temperado, mas sei que ela vem aí. Bem verdade que a velocidade das CPIs não é das mais estonteantes, mas no fim vem pizza mesmo, no máximo com um garçom ou dois ficando sem gorjeta por uma semana e um boy de cara para a parede quatro horas. Até o pessoal do boteco, que deu para abandonar as novelas em favor dos canais do governo, está desistindo, não agüenta mais os artistas repetindo as mesmas falas e enrolando o máximo, para continuarem focados pelas câmeras. As cenas de sexo são intensas, é verdade, mas nós estamos sempre ? como direi? - no lado recebente; eu sei que tem quem goste, mas há de cansar um pouco até esses. E ficou clara a necessidade de instituírem, naturalmente que às nossas custas, um curso de artes cênicas para diversos parlamentares. Outro dia, quando uma representanta do povo (eu sei que a palavra não existe dessa forma, mas não convém facilitar, de repente tem uma lei aí que qualifica um casos desses como crime hediondo) passou 15 minutos explicando que ia fazer apenas uma perguntinha e, quando fez a perguntinha, descobriu que ela já tinha sido feita e respondida diversas vezes antes, devo confessar que me decepcionei um pouco com o roteirista.