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Artigos

 
  • O jogador

    O Estado de S. Paulo, em 19/06/2022

    Sou igual à maioria dos brasileiros. Um tolo que joga na Mega Sena. Sei, sabemos todos, que não vamos ganhar. Mas jogo, acreditando que naquele dia tudo vai virar. Assim como já virou no Brasil e deu o que está dando, um recuo como nunca se viu, logo estaremos na pré-história. Políticos iguais, assembleias legislativas medíocres (para a estadual não voto nunca mais). Penso se vale a pena votar para prefeito. Olho as ruas, sujeira, lama correndo junto ao meio-fio, produzida por construtoras, ônibus nas mãos da bandidagem. Olhem as crateras que os caminhões deixam no asfalto das ruas, o prejuízo que dão à comunidade. Quem é o prefeito atual? Olhando a cidade abandonada, tenho certeza de que não existe. Mas nada de desânimo, assim como sei que um dia ganharei a Mega Sena, teremos políticos íntegros. Devemos sonhar com utopias.

  • Sob árvores frondosas

    O Globo, em 19/06/2022

    Bem que eu queria escrever sobre outro assunto qualquer, preferia que nada disso tivesse acontecido, muito menos na Amazônia. Mas não dá. O assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips chocou o Brasil e o mundo, a morte deles no Vale do Javari é o único assunto que hoje interessa a todos nós. Por motivos distintos, mas sem exceção.

     

  • Os sem-noção

    O Globo, em 16/06/2022

    O sucesso subiu à cabeça dos congressistas, especialmente dos deputados federais. Sucesso do ponto de vista deles, não dos cidadãos, fique bem claro. O ápice dessa “vitória” foram os fundos eleitoral e partidário, que encheram as burras dos partidos, e o orçamento secreto, que privilegiou aliados fiéis do bolsonarismo. Há um ditado latino que diz: “Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir”.

  • Empatia seletiva

    O Globo, em 14/06/2022

    O senso de empatia do presidente Bolsonaro somente se revela quando um dos seus é atingido, como quando tomou um avião para ir ao Rio para o enterro de um paraquedista ou quando, por meio das redes sociais, lamentou a morte de Marília Mendonça, a rainha do feminejo, a música sertaneja por mulheres, ou do MC Reaça, assassinado. As mortes dos ícones da música brasileira João Gilberto ou Elza Soares não mereceram do presidente um tuíte.

  • No avesso do avesso

    O Globo, em 12/06/2022

    A participação de militares no governo Bolsonaro começou com a presunção de muitos de que eles conseguiriam controlar seus ímpetos autoritários, enquanto a escolha de Paulo Guedes para o superministério da Economia indicaria um governo liberal. A escolha de Sergio Moro, também para um Ministério da Justiça fortalecido na sua estrutura com órgãos de fiscalização como o Coaf, indicaria o combate à corrupção de maneira organizada.

  • O que vem por aí

    O Globo, em 12/06/2022

    Foi um amigo, o jornalista Zevi Ghivelder, quem me lembrou do aniversário próximo da estreia de “The jazz singer”, o primeiro filme sonoro na história do cinema, lançado em Nova York, 95 anos atrás. Um musical, como não podia deixar de ser num país que sempre cultivou a música popular como rica manifestação de seu povo, uma marca plural e maior de sua cultura. De cineastas e críticos a jornalistas especializados e espectadores regulares, quase todos os que estiveram presentes à noite de gala condenaram a experiência. Diziam que aquilo não era cinema.

  • Farol baixo

    O Globo, em 09/06/2022

    A lanterna na popa' é o título do excelente livro de memórias escrito pelo ex-ministro e embaixador Roberto Campos, editado pela Topbooks em 1994. Tem a ver justamente com a visão do passado aos olhos do presente. A metáfora, desse modo, é virtuosa. A proposta de programa divulgada nestes dias pelo PT está baseada na versão perniciosa da lanterna na popa. Tenta voltar a um passado de glórias e se esquece do futuro.

  • Como fazer

    O Globo, em 05/06/2022

    O Festival de Cannes desse ano se encerrou essa semana com a vitória de um filme sueco. Em 2019, o cinema brasileiro recebera grande destaque e prêmios com “Bacurau”, de Kleber Mendonça, e “A vida invisível”, de Karim Aïnouz. Mas há 60 anos atrás, ganharíamos a Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival, com “O pagador de promessas”, realizado por Anselmo Duarte com produção de Oswaldo Massaini. Entre as duas datas, nossos filmes seguiram sendo exibidos em Cannes e em outros festivais internacionais, ganhando prêmios e virando sucessos pelo mundo afora. Mas nada se compara à Palma de Ouro.

  • O populismo, de novo

    O Globo, em 05/06/2022

    Mais uma vez o país está às voltas com a disputa entre populistas para a escolha do próximo presidente da República, como acontece desde a redemocratização. Antes, já tivéramos populistas históricos como Getulio Vargas, Jânio Quadros, Jango, Juscelino. De 1989 para cá, só os populistas foram eleitos: Collor, populista de direita, que disputou com outros dois populistas de esquerda, Lula e Brizola; o próprio Lula, Dilma, e depois Bolsonaro.

  • A natureza cuida?

    O Estado de S. Paulo, em 05/06/2022

    Aquele cachorro branco, mais do que isso, alvo como a neve, é lindo e doce, a não ser que o 'chamado da selva' se faça ouvir e ele se transforma. Eu tinha 18 anos quando me encantei com os livros de Jack London e com a biografia aventureira do autor. Um que li e reli foi O Chamado Selvagem, sobre um cachorro selvagem que é domesticado, mas a certa altura abandona a civilização e volta à sua origem, dominado pelo instinto, devolvido à sua ferocidade. Assim como certos políticos brasileiros voltam à selva.

  • Questão de prioridades

    O Globo, em 02/06/2022

    Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou que “apertaria” o governo federal para que adotasse uma política de subsídio a fim de tentar reduzir o preço dos combustíveis ao consumidor final, estava dado o sinal de que as prioridades de deputados, e certamente senadores, às vésperas das eleições de outubro são relacionadas a atos populistas que nada têm a ver com políticas públicas ou programas de governo.

  • Machadiano

    O Globo, em 31/05/2022

    À falta de coisa melhor na política, num momento em que a radicalização leva a situações surreais no país, dedico este espaço a um encontro acontecido no leito de morte de Machado de Assis em sua casa no Cosme Velho, que não existe mais pela incúria de nossa política cultural. Um encontro entre um jovem estudante, que se tornaria importante figura da política nacional, e o maior escritor brasileiro.

  • A favor da ciência

    O Globo, em 29/05/2022

    A posse do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho na Academia Brasileira de Letras, “um médico que trabalha pela vida” em sua própria definição, transformou-se em defesa calorosa da ciência, e numa tomada de posição institucional “a favor das pesquisas científicas, das vacinas e das artes”. A posse de Niemeyer deu sequência a uma tradição da ABL, que já teve em seus quadros nomes como Miguel Couto, Carlos Chagas Filho e Ivo Pitangui, entre outros.

  • De volta ao futuro

    O Globo, em 29/05/2022

    Como fazer um filme, uma peça de teatro ou ficção literária precisa de algum dinheiro, quando a cultura é perseguida e não pode se expressar livre e independentemente, o que melhor revela o que está se passando é a canção popular. Ao longo dos anos, em diferentes casos e países, é ela que tem nos contado o que acontece de verdade.

  • Piada pronta

    O Globo, em 26/05/2022

    Quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro nos processos contra o ex-presidente Lula, e, um atrás do outro, em diversos pontos do país, eles foram sendo arquivados, logo surgiu a pergunta que não queria calar, uma piada crítica ao absurdo da situação: 'E o dinheiro devolvido graças aos acordos obtidos na Operação Lava-Jato terá de ser restituído a seus donos?'.