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Artigos

 
  • Onde cabemos todos

    O Globo, em 17/07/2022

    É claro que o Brasil não anda lá muito bem das pernas. Se você não tiver preconceitos, se for uma pessoa que não se importa em falar mal do que ama, não vai sofrer quase nada com essa intuição crítica difícil de ser ignorada. A única saída a que você pode recorrer é lembrar e repetir sempre que não é o Brasil que não anda muito bem das pernas. É o mundo.

  • A raiz da violência

    O Globo, em 14/07/2022

    O caso do assassinato de um ativista petista por um agente penitenciário bolsonarista é simbólico de alguns fenômenos muito típicos do momento crítico que o país vive. O presidente Bolsonaro aproveita-se de uma divisão familiar, infelizmente comum hoje em dia, para imiscuir-se entre os familiares do morto neste momento de dor, não para apresentar condolências à viúva e aos filhos, mas para extrair dos irmãos bolsonaristas palavras de apoio, livrando-o da responsabilidade pelo ambiente de tensão e violência que tomou conta da campanha eleitoral. Aumenta, assim, a divisão familiar.

  • Vida e Morte

    Os Divergentes, em 12/07/2022

    Quando as Nações Unidas ainda começavam o sonho de conciliação universal - frustrado até hoje, mas ainda vivo para quem acredita no primado do Direito -, foi escrita, com grande participação de Austregésilo de Athayde, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela declara: 'Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.'

  • Além da retórica

    O Globo, em 11/07/2022

    Não há discussão sobre o fato de o presidente Bolsonaro ser responsável direto pelo clima de radicalização que resultou no assassinato de um petista por um simpatizante seu.

    —O que tenho a ver com isso? —pergunta, em vez de condenar o uso da violência como argumento político.

  • Ainda há militares em Brasília?

    O Globo, em 10/07/2022

    A exacerbação da retórica radicalizada do presidente Bolsonaro à medida que se aproximam as eleições, com indicações de dificuldades quase intransponíveis para sua reeleição, demonstra que ele não está aceitando a derrota e prepara o terreno para uma subversão do resultado. Informações não desmentidas de que a recente reunião ministerial, além da ilegalidade deter tratado da campanha eleitoral, foi uma exaltação a um golpe de Estado com ares de legalidade, fazem com que o sinal de alerta tenha sido ligado em diversas instituições democráticas, e provocou a denúncia do Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

  • No céu com diamantes

    O Globo, em 10/07/2022

    Talvez eu ande falando demais de gente que já morreu. Mas não posso deixar de saudar, por exemplo, Aldir Blanc e Paulo Gustavo, dois grandes artistas cujas leis de incentivo à cultura que levam seus nomes foram reavaliadas pelos deputados que negaram apoio ao veto do presidente. Como não posso deixar de dizer que Sergio Paulo Rouanet, falecido outro dia, vai fazer muita falta ao Brasil.

  • Ciência e eleições

    O Globo, em 07/07/2022

    Amanhã é o Dia Nacional da Ciência e, para comemorar, o Instituto Serrapilheira, primeiro instituto privado de apoio à ciência e à divulgação científica no Brasil, e a Maranta, agência de inteligência política para sustentabilidade, repetem uma ação exitosa acontecida em julho de 2020, quando 60 espaços na imprensa, entre eles esta coluna, abordaram a pauta do processo científico. A iniciativa foi parte da campanha #CientistaTrabalhando, que buscava explicar como a ciência funciona, tendo como contexto a pandemia de Covid-19.

  • Retrocesso criminoso

    O Globo, em 05/07/2022

    A farra com o dinheiro público para tentar reeleger o presidente Jair Bolsonaro está chegando a níveis criminosos, pelo menos do ponto de vista da legislação eleitoral. O presidente da Câmara, Arthur Lira, está usando todos os artifícios regimentais para apressar a aprovação do aumento do Auxílio Brasil e das benesses concedidas para subsidiar o preço do diesel e da gasolina indiscriminadamente a caminhoneiros, taxistas, motoristas de aplicativos, uma vasta gama de beneficiários que atinge da classe pobre às médias e altas.

  • Um grande humanista

    Correio Braziliense, em 04/07/2022

    'O país perdeu uma referência não apenas na área econômica, mas um humanista de primeira grandeza, de uma estatura intelectual admirável' - disse o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, José Roberto Tadros, a propósito do falecimento do ex-ministro Ernane Galvêas.

  • Medalhas devolvidas

    O Globo, em 03/07/2022

    O protesto contra a decisão da direção da Biblioteca Nacional de dar a medalha da Ordem do Mérito do Livro ao deputado federal Daniel Silveira e a vários outros bolsonaristas que nada têm a ver com cultura e livros, transformando sua mais importante condecoração em um instrumento político, provocou um movimento de intelectuais, impulsionado por membros da Academia Brasileira de Letras, contra a inexistência de uma política cultural digna do nome durante o governo de Jair Bolsonaro, que também foi condecorado apesar de sua ojeriza aos livros.

  • A bandeira do porvir

    O Globo, em 03/07/2022

    Danuza Leão se encantou, como costumava dizer Guimarães Rosa. Como todo gênio que atua em espaço escolhido a dedo pelo destino, Danuza foi uma agitadora de ideias femininas sem discurso óbvio e manjado. Um dia, seu papel social na formação de um Brasil moderno ainda será mais bem entendido e se lhe fará justiça (como a tantas outras mulheres do período), mesmo que o Brasil não tenha tomado o rumo com que ela e todos nós sonhamos. Talvez só nos livrando de quem hoje nos sufoca compreenderemos melhor o que Danuza nos propunha, mesmo que não tivesse consciência disso (será que não tinha mesmo?).

  • Umas pedras no caminho

    O Globo, em 30/06/2022

    O caso de Pedro Guimarães, que não à toa era conhecido como “Pedro Maluco” no mercado financeiro, de onde veio para a equipe de Paulo Guedes para dirigir a Caixa Econômica Federal, é típico da política brasileira. Ela guarda surpresas a cada eleição presidencial. Recentemente tivemos o escândalo do mensalão, que deu ao então tucano Alckmin inacreditáveis 41% no primeiro turno contra Lula em 2006, e a morte trágica do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que poderia ter sido a surpresa da eleição de 2014, papel que Marina Silva assumiu em seu lugar para ser destroçada por uma campanha sórdida dos dois principais concorrentes, a petista Dilma e o tucano Aécio.

  • Uma volta ao passado

    O Globo, em 28/06/2022

    Há um quê de paradoxal nas atitudes do presidente Jair Bolsonaro em busca dos votos que lhe faltam para ser reeleito. Está criando uma crise econômica e institucional que tornará ingovernável o país que pretende manter sob seu controle. Parece até que a intenção inconsciente é quebrar o Brasil caso tenha de entregar a faixa presidencial a um sucessor. Figura de linguagem, claro, porque tudo indica que Bolsonaro não entregará a faixa a ninguém, como fez o general João Figueiredo, muito menos ao ex-presidente Lula.

  • Gambiarra jurídica

    O Globo, em 26/06/2022

    O semipresidencialismo voltou à cena de maneira sutil ao ter o ex-presidente Michel Temer o defendido em uma live durante o simpósio da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa sobre as perspectivas futuras das relações Brasil-Portugal na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. Sempre que pode, Temer faz essa defesa, como solução para as permanentes crises provocadas por nosso regime, que tinha características de hiperpresidencialismo e, no governo Bolsonaro, passou a ser  uma espécie de “parlamentarismo venal”, na definição de um dos participantes do seminário, referindo-se ao fato de que não há projetos nas alianças partidárias, apenas interesses fisiológicos.

  • Pego com a boca na botija

    O Globo, em 24/06/2022

    A interferência do presidente Bolsonaro nos órgãos de fiscalização do governo fica cada vez mais clara à medida que os fatos vão se desenrolando. É provável que esta última, no caso da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, passe em branco graças à extrema boa vontade com que o procurador-Geral da República Augusto Aras trata as questões ligadas ao presidente. Mas está evidente que Bolsonaro teve informações privilegiadas através do ministro da Justiça Anderson Torres, a quem a Polícia Federal é subordinada funcionalmente mas, vê-se agora, não a controla.