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Artigos

 
  • Política criação

    O Globo, em 28/08/2022

    O cinema brasileiro sempre teve problemas com o Estado e era normal que fosse assim. Os políticos sempre têm críticas à criação, pois cabe aos políticos tentar convencer a população de que ela se comporta do jeito que precisa se comportar; enquanto à criação cabe dizer que ainda há um futuro a percorrer. 

  • Hiroshima, meu amor

    Folha da Manhã (MG), em 27/08/2022

    O risco de explosões nucleares, nessa guerra da Ucrânia, volta nossos olhos para o passado. E começo por lembrar que Robert Oppenheimer passava horas vendo barcos navegar sem pressa, poeticamente, no Rio Potomac. Era uma pessoa sensível. Não só ele. O grupo do Projeto Manhattan gostava, especialmente, de ouvir música romântica - como o Fausto, de Gounoud. E de ver balé - como O Aprendiz de Feiticeiro, que assistiram um mês antes de explodir Hiroshima. Como se fosse premonição.

  • Falar não é fazer

    O Globo, em 25/08/2022

    Os diálogos publicados pelo portal Metrópoles não indicam crimes. Pode-se discordar do que eles pensam - acho um absurdo que empresários de tal porte tenham visão tão estreita do país e do mundo, não deem valor a direitos fundamentais como a liberdade, não entendam que uma ditadura não ajuda nunca os negócios. E, se a intenção deles é aproveitar-se de uma ditadura para dominar o mercado e fazer alguma ação difícil de fazer num ambiente democrático, é mais grave ainda.

  • A verdade distorcida

    O Globo, em 23/08/2022

    O presidente Jair Bolsonaro saiu da bancada do Jornal Nacional sem grandes prejuízos, embora tenha repetido afirmações inverídicas e dado números sobre a economia que não refletem a realidade. Sua grande virtude foi não ter perdido as estribeiras, como costuma fazer quando é contrariado.

  • Partidos Repartidos

    Os Divergentes, em 23/08/2022

    Volto ao tema da última semana. Os partidos no Brasil datam da primeira metade do século XIX. Os dois partidos do Império, Liberal e Conservador, de luzias e saquaremas, funcionaram sob o punho autocrático do Poder Moderador. Todas as vantagens do parlamentarismo ficavam nubladas por D. Pedro II quando dissolvia os ministérios não pela vontade da maioria, mas por seu próprio juízo. Foi a advertência que lhe fez Nabuco, que ninguém pode acusar de hostil ao regime.

  • O diabo nos detalhes

    O Globo, em 21/08/2022

    Anos 1960 -sim, aqueles da geração rebelde idealizados até hoje. Nos Estados Unidos, o repórter Hunter S. Thompson estava a caminho de se tornar ícone da contracultura por atropelar os cânones do jornalismo e inventar a forma imersiva de fazer 'jornalismo gonzo'. Interessado em compreender um grupo que parecia encarnar os aspectos mais violentos e vingativos da natureza humana - a gangue de motoqueiros Hell's Angels -, ele aceitou proposta da revista The Nation e mergulhou por um ano naquele universo. A fluvial reportagem que resultou desse visceral convívio serviu de base para sua retumbante estreia como escritor. 'Hell's Angels -Medo e delírio sobre duas rodas', publicado em 1966, é cultuado até hoje.

  • Agora é pra valer

    O Globo, em 21/08/2022

    A partir de terça-feira, começou de fato a campanha eleitoral. Agora, sim, vale tudo. Ou quase tudo. Os candidatos até que têm se comportado com decência, como aliás se comportaram até agora. Talvez porque ainda estejam naquela fase de não saber direito o que podem e o que não podem fazer, dizer ou produzir como novidade qualquer para dar uma animada na campanha. Podemos dizer que, quem sabe, o Brasil está voltando a ser o Brasil, um país meio sem regras, tentando inventar um jeito de se comportar.

  • Manias de escritores

    Jornal do Commercio (PE), em 19/08/2022

    Escritores, e grandes personagens, tem suas manias. Ou vícios, como preferirem. E é sempre bom lembrar La Rochefoucauld (Reflexões), 'o que impede de nos entregarmos a um único vício é ter vários'. Beethoven, por exemplo, tomava café enquanto compunha sua 9º Sinfonia. Como tinha refluxo, separava 60 grãos. O suficiente para fazer uma úinica xícara que ia bebendo, aos poucos, até a noite. Já com Voltaire eram 8o xícaras. Dizia sempre 'claro que é um veneno lento' (a frase está em todas as suas biografias), mas morreu só com 83 anos - para sua época, um feito notável. Balzac bebia mais de 50, por dia; e ainda mastigava os grãos, depois, como se fosse amendoim. Monteiro Lobato misturava tudo com farinha de milho e rapadura. Joyce preferia chocolate. E Alexandre Dumas (pai), maçã. Quando tinha prazo para finalizar um trabalho, pedia à empregada para sair de casa levando todas as suas roupas, dado que só nu podia se concentrar e escrever.

  • Democracia na berlinda

    O Globo, em 18/08/2022

    Se nossas instituições estivessem funcionando normalmente, como gostamos de afirmar como que para acalmar os mais pessimistas, o ministro Alexandre de Moraes não precisaria ter feito o discurso que fez ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nem mesmo precisaríamos ter um tribunal superior para cuidar das eleições, espécime raro que não é encontrado com facilidade noutros países. Mas, numa situação que os ventos da política criaram, o ministro teve de assumir com um libelo a favor da democracia e das urnas eletrônicas, tendo a seu lado o presidente Jair Bolsonaro.

  • O direito de escolha

    O Globo, em 16/08/2022

    A campanha eleitoral que começa oficialmente hoje já revela o retrocesso político a que estamos submetidos e a ameaça de não termos futuro promissor à frente. A começar pela defesa do voto útil no primeiro turno das eleições a favor do PT, uma contradição em termos. Os dois turnos existem justamente para permitir que as forças políticas se reagrupem no final, cada qual demonstrando sua capacidade de mobilização cívica no primeiro.

  • Jô jovem, momentos - 1

    O Estado de S. Paulo, em 14/08/2022

    Começo dos anos 60. Duas da tarde, pontual, dona Mercedes, mãe de Jô Soares, pequena e vivaz, descia do taxi diante do jornal Última Hora, então na Avenida da Luz. Entrava direto na redação, eu a esperava. 'Aqui está a matéria do menino', dizia me entregando a coluna de Jô sobre teatro, rebolado e televisão. 'Olhe direitinho, ele pediu para o senhor dar uma arranjada.' A arranjada que eu devia dar era pouca, ortografia, troca de letras - ele era um datilógrafo de dois dedos. Eu mudava um e outro titulozinho de nota para dar mais charme. Na verdade era pretensão minha, dois anos mais velho do que ele. A mãe de Jô executou esse ritual por um bom tempo, quando ele não podia ir ao jornal.

  • Hoje como ontem

    O Globo, em 14/08/2022

    Nas eleições de 2018, produzi neste espaço alguns textos que, embora ingênuos e quase nunca agressivos, acabaram provocando reações diversas e adversas, sendo algumas bastante ameaçadoras. Hoje, quatro anos depois, releio esses artigos e fico pensando em como tudo piorou tanto. Fico pensando em como se comportam hoje os que me ameaçaram em 2018 por quase nada. Será que devo até me esconder deles?

  • O Supremo contra si mesmo

    Estadão Online, em 12/08/2022

    A funcionalidade do Supremo está sendo vítima de ataque externo do Poder Executivo e bolsonarismo. É vítima também de ataque interno.

  • Os Saberes da Língua Portuguesa

    Jornal do Commercio, em 08/08/2022

    O nosso inconformismo com os exageros do uso da língua inglesa na realidade brasileira levou-nos à elaboração de uma palestra, na Confederação Nacional do Comércio, sobre os saberes da língua portuguesa. Pela reação da plateia do Conselho de Notáveis da CNC posso concluir que houve um retorno bastante apreciável, como se pode medir pelo número dos que pediram a palavra após os 45 minutos regulamentares, a partir da engenheira Olga Simbalista, que confessou que a minha palestra lhe abriu o coração. Depois, o conselheiro Nelson Melo e Souza confessou que temos um passado comum, na pessoa do professor Antenor Nascentes, que trabalhou com seu pai.

  • A vida no lugar da morte

    O Globo, em 07/08/2022

    É a Humanidade que está se desfazendo ou são os meios de comunicação que se multiplicaram e se aperfeiçoaram, colocando-nos imediatamente a par de tudo o que está acontecendo no mundo? Num passado não muito distante, nós levávamos um certo tempo para saber o que se passava na Europa ou em qualquer outro continente desse planeta.