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Artigos

 
  • Realidade, que realidade?

    A frase “os números não mentem” nunca deixou de ser verdadeira. Contudo, os números só existem na cabeça do homem, e o homem mente. Ou seja, é fato que os números não mentem, mas há grande fartura de gente que os emprega para mentir. E os números costumam intimidar quem os escuta, principalmente aqueles, que imagino maioria, em que a matemática ressuscita o terror experimentado nos bancos escolares. A precisão do número é mortal e dá sempre a impressão de que quem os utiliza, numa argumentação qualquer, tem razão. Isso cria situações curiosas, porque, em certos casos, quanto mais “preciso” o número, mais suspeito ele é. Estatísticas como “37,23 por cento das crianças de tal cidade consideram a freqüência à escola uma perda de tempo” se originam de dados que não podem ser apresentados dessa forma, principalmente porque há neles uma margem de erro que varia de caso a caso. Desconfiar, pois, de números tão certinhos assim.

  • A crise na educação

    Temos 14 milhões de analfabetos e uma pós-graduação de Primeiro Mundo. O ensino fundamental foi praticamente universalizado, mas a qualidade deixa muito a desejar. A educação profissional e o ensino médio ainda não encontraram o caminho certo. Os cursos de formação de professores são lamentáveis, como são lamentáveis os salários pagos aos quadros do magistério.

  • Sem olhos em Gaza

    A MINHA GERAÇÃO leu um escritor inglês, quase cego, que passou grande parte de sua vida nos Estados Unidos, onde realizou uma grande obra. Chamava-se Aldous Huxley. Hoje ninguém mais edita os grandes romancistas dos anos 30, que ficaram restritos às universidades e cursos de letras. Huxley escreveu um livro com o título ‘Sem Olhos em Gaza’, que nada tem a ver com Gaza. É um volume de mais de 600 páginas que, como tudo o que ele escrevia, tinha muito menos de trama novelesca e mais de dissertações humanistas. Não é o seu melhor livro, que todos reconhecem ser ‘Admirável Mundo Novo’, obrigatório nas nossas leituras.

  • O Teatro de idéias

    A escritora Zora Seljan escreveu, em 1998, um belo livro sobre a vida e a obra de Joracy Camargo, na coleção Afrânio Peixoto, da Academia Brasileira de Letras. Com uma incrível vocação para o sucesso, Joracy Camargo foi diretor de quatro teatros, entre os quais o João Caetano, na Praça Tiradentes, sem deixar de produzir peças como “O bobo do rei” (1931) e “Maria Cachucha” (1937), além do clássico “Deus lhe pague” (1932), todas com um número impressionante de representações.

  • A água é nossa

    RIO DE JANEIRO - Não me dei ao respeito de acompanhar com a devida atenção os dois fóruns realizados simultaneamente -um na Suíça, outro no Pará. E olha que não tinha nada de importante para fazer ou pensar. Esnobei as duas assembleias por considerá-las inúteis, ou, na melhor das hipóteses, redundantes.

  • O não emprego do hífen

    Dirige-se a esta seção o leitor a quem começamos a responder no último artigo, preocupado em saber por que colocar hífen em pé-de-moleque e não colocá-lo em pai dos burros, expressão popular referida a "dicionário".

  • O desprezado 13

    Não sei se ainda existem. Devem ser poucos. Antigamente eram muitos. Vendedores de bilhete da Loteria Federal estavam em toda a parte, caçando potenciais compradores, esfregando na cara de suas vítimas os bilhetes que garantiam a sorte na base de "seu dia chegará".

  • Comunhão e excomunhão

    Não vejo motivo para tanta e tamanha repercussão para o caso do arcebispo de Olinda e Recife ter usado um artigo do Código Canônico, que rege a Igreja Católica, aplicando a excomunhão para os envolvidos no aborto de uma menina de 9 anos estuprada pelo padrasto.

  • A reação à bizarrice

    Houve confusão em torno do Acordo Ortográfico da Unificação da Língua Portuguesa.Enquanto os meios intelectuais, no Brasil, aceitaram bem a reforma, em Portugal há uma grande reação. Um abaixo-assinado de 100 mil pessoas pediu a revisão do assunto.

  • O legado de John Lenon

    O legado de John Lennon Manezinho é um menino comportado, que aprendeu os sábios valores da civilização O GAROTO é franzino, meio desconjuntado. O corpo parece ter 12, 13 anos de idade no máximo. A cabeça não: é grande, comprida, o queixo para frente, narinas abertas e defeituosas. A primeira impressão é clara: a cabeça não foi feita para aquele corpo. Ou vice-versa.

  • Efeito Perverso

    Para muitos, o assistencialismo é uma prática diversionista, pois camufla as necessidades reais profundas da nossa sociedade. É sempre difícil ao observador criticar os seus efeitos imediatos. Veja-se o caso do Bolsa-Família, de que tanto se orgulha o governo Lula. Há mais gente se alimentando, sobretudo nos estamentos mais pobres da população – e isso para os pragmáticos é o que interessa. No entanto, isso tudo tem um caráter eminentemente efêmero. Pode acabar com uma penada oficial – e o que restará? Possivelmente, mais gente revoltada, dada a perversidade do sistema implantado nos últimos anos.

  • A guerra de palavras

    A guerra de palavras Arnaldo Niskier Os meios intelectuais, no Brasil, aceitaram a reforma ortográfica. Em Portugal há uma grande reação. Um abaixoassinado de 100 mil pessoas pede a revisão do assunto. Alguns escritores chamam a decisão de "bizarrice" e acusam o texto do Acordo de "inúmeras contradições e até mesmo equívocos."

  • Prisões especiais

    Entrou em discussão o caso das prisões especiais. Pelas novas normas, elas serão extintas genericamente mas as exceções são tais e tantas que o privilégio continuará sendo adotado na prática. Resumindo: só serão encaminhados aos presídios e celas de delegacia aqueles que não têm costas quentes.

  • O não emprego do hífen nas locuções (2)

    Outra questão proposta pelo mesmo leitor da semana passada: para-lamas ou paralamas?; para-choque ou parachoque?; para-quedas ou paraquedas? Tais compostos foram tratados na Base XV do acordo, que preceitua: "Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido." Depois de farta exemplificação, vem esta observação: "Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedistas, etc."