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Artigos

 
  • Esperança, iluminação

    Estou viajando de carro pela França com Moebius, um dos mais famosos desenhistas de quadrinhos do mundo e responsável pelas ilustrações de “O alquimista”. Chove, e ele aproveita para desenhar nos vidros embaçados. “Em certas ocasiões”, começa a dizer Moebius, “o pessimismo pode ser uma grande força de transformação. De tanto enxergar o lado escuro da vida, as pessoas acabam no fundo do poço. Mas, no meio da escuridão total, algo de tranqüilizador acontece a elas”. E ele continua: “Já que as pessoas sabem que não podem descer para baixo, só lhes resta uma alternativa: começar a subir de volta. Então os valores mudam, a esperança renasce e o caminho de volta é feito com sabedoria”. Creio que é um processo em que os riscos envolvidos são exatamente grandes. Se vislumbrarmos a luz, é melhor largar tudo e segui-la. Mas Moebius pensa diferente, e eu resolvi registrar sua opinião aqui.

  • A oração da água

    Os monges sufis costumam manter o olhar fixo numa poça d’água, para rezar “a prece do olhar fixo”. Ela se divide em cinco etapas: a) agradecer a Deus por estarmos rezando; b) pedir que Ele nos mostre o melhor caminho a seguir; c) fazer revisão do dia anterior, procurando ver os momentos em que Deus quis se revelar; d) pedir perdão por não tê-lo reconhecido; e) fazer um ato de fé, dizendo que estaremos atentos a Sua presença. O olhar fica fixo na água por cinco minutos. Surgem imagens. O Espírito Santo, então, nos mostra o caminho e nos ajuda a percorrê-lo.

  • Ligação com o belo

    Certa vez, conversava com um cantor de ópera sobre a necessidade que o homem tem de compreender a si mesmo. Passamos perto de uma pequena passarela e ele disse: “Existe quem é capaz de construir pontes entre os seres humanos. Quando estou no palco, um laço fino, mas forte, me permite mostrar a poesia de quem escreveu as árias. A beleza nos ajuda a ficar perto de Deus. Ela pode não ter a força de uma ponte, mas tem a utilidade de uma passarela que, mesmo aparentemente frágil, cumpre sua missão de transportar os homens sobre águas turbulentas”.

  • A morte do briguento

    Quando passei pelo Palácio dos Bandeirantes, assisti Antonio Carlos Magalhães provocar uma mudança no temperamento do governador Paulo Maluf e no de seus auxiliares. Maluf havia oferecido uma ambulância para um município baiano, fato que irritou profundamente Antonio Carlos Magalhães, o governador. Paulo Maluf me deu para ler e responder o telegrama que o governador baiano lhe enviara em resposta à sua intromissão nos negócios da Bahia. Deu trabalho o telegrama, pois era preciso "tirar o corpo" da responsabilidade no oferecimento da ambulância, transferindo-a para a insistência do prefeito baiano. Um ato de inocência que passaria em branco, não fosse a cólera do governador. Ficou a imagem de ACM como um homem de pouca conversa e de muita ação, de preferência violenta, ainda que verbal.

  • O sortilégio de Congonhas

    É DIFÍCIL lidar com a dor. Por isso o criador nos fez com a incapacidade de memorizá-la, sentir de novo. Fica apenas lembrança triste de uma dor passada. Pior ainda ter muitas dores. Dores da tragédia, dores do coração de mães, mulheres, filhos, parentes e amigos. São dores da alma. Na solidariedade incorporamos a dor de todos.

  • Dom Pedro II

    A recém-publicada biografia de dom Pedro II (1825-1891) escrita por José Murilo de Carvalho vem tendo merecida repercussão. É um livro de qualidade, fruto da sábia convergência com que soube lidar com a contribuição da narrativa biográfica para•o entendimento da História, ao traçar o perfil público e privado de um chefe de Estado que marcou profundamente a trajetória do nosso país nos quase 50 anos do seu governo.

  • Mapa de excelência

    Com a comparação das notas dos estudantes na Prova Brasil e no Saeb, foi possível ao MEC estabelecer novo indicador de qualidade na nossa educação básica: trata-se do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que naturalmente leva em conta a taxa de aprovação dos alunos.

  • Encontro na ilha

    Um missionário espanhol estava de passagem por uma ilha quando encontrou, neste caminho em que seguia, três sacerdotes astecas. “Como vocês rezam?”, perguntou ele aos sacerdotes. “Temos apenas uma oração”, respondeu um deles prontamente, diante de sua dúvida. “Dizemos: ‘Deus, tu és três e nós somos três. Tende piedade de nós’.“ “Vou ensinar-lhes uma oração que Deus escuta”, disse o missionário, mostrando-lhes uma reza católica que conhecia bem. Pouco antes de retornar à Espanha, ele passou por aquela mesma ilha em que esteve antes. Quando a caravela se aproximou, o padre viu os três sacerdotes caminhando sobre as águas. “Padre, padre”, disse um deles. “Nos ensine novamente a oração que Deus escuta, porque não conseguimos lembrar”. “Não importa”, disse o padre, vendo o milagre. Em seguida, pediu perdão a Deus por não entender que Ele fala todas as línguas.

  • O uso do avião

    O nosso DC , numa reportagem sobre o desastre aéreo com o avião da TAM, levantou a questão da fobia que muitas pessoas sofrem por medo de voar em companhias que não oferecem segurança. O assunto é oportuno e grave, muito grave, pois necessitamos (mais do que qualquer outro país) do transporte aéreo, que encurta nossas distâncias e põe o viajante em contato com o seu objetivo numa viagem que se faz em algumas horas. O assunto é urgente, embora saibamos que no Brasil temas assim caem esquecidos logo que passe o furor causado pela tragédia. Muitos problemas seriam levantados em conseqüência deste acidente aéreo, mas os estudos vão ficando para outra oportunidade, quando novo acidente aéreo provocar outra vez interesse por problemas já levantados e não solucionados pela preguiça brasileira. Os mortos serão chorados, as missas serão rezadas e o esquecimento paira sobre o passado como um véu fúnebre, a afastá-lo das preocupações presentes.