
O pescoço de Saddam
O CONCEITO de guerra justa foi muito utilizado ao longo dos séculos para aventuras políticas. Kant, que era um pacifista a seu modo, achava que toda guerra "era contra a lei". Sua visão era mais legalista do que humanitária.
O CONCEITO de guerra justa foi muito utilizado ao longo dos séculos para aventuras políticas. Kant, que era um pacifista a seu modo, achava que toda guerra "era contra a lei". Sua visão era mais legalista do que humanitária.
Deveria ter sido apresentada ao Papa, frente ao milhão e meio de brasileiros no Campo de Marte, a menina Marcela, cega, surda e muda, anencefálica, e nascida pela fé inquebrantável de casal goiano. O que representa esse extremo da defesa da vida a que se vincula o anúncio maior do presente pontificado? Ou em que termos a confiança de um milagre, fervorosamente expressa pela família, levou-os ao parto de feto que, em horas da fecundação, atestava a absoluta inviabilidade de qualquer função cerebral, e a nascer a uma existência meramente vegetativa? A sobrevivência ao parto já se tornaria extraordinária. E é a essa, talvez, que se voltou o agradecimento do milagre, e a recompensa do sacrifício assumido pelos pais.
Gestantes, idosos e deficientes físicos têm prioridade nas filas dos bancos. Nem todos os idosos precisam provar o ano de nascimento com a carteira de identidade. Está na cara que são idosos mesmo. Os deficientes também escapam da prova - infelizmente são óbvios.
Fico meio desconfiado - pra que negar -, mas a verdade é que tenho sentido, nas últimas semanas, que há um novo alento em muitas áreas. Não entendo nada de indicadores econômicos, nem sequer domino economês elementar, mas parece que esqueceram aquela conversa de crescimento baixo ou falta de infra-estrutura ou criminalidade desenfreada e está todo mundo satisfeito, ou quase todo mundo. Balança de pagamentos favorável, reservas em alta, exportações também, montadoras de automóveis sem conseguir atender à demanda, uma coisa maravilhosa mesmo. A imprensa, como sempre, inclusive eu, procura ver defeitos aqui e ali, mas manda a boa consciência reconhecer que ultimamente emanam vapores perfumados de alguns comentários de jornais e se abrandam diversos dos muitos que antes vociferavam.
Embora a palavra seja um pouco forte, todos nós temos um pulha na vida (o dicionário Aurélio define o termo como indivíduo sem caráter, sem dignidade, sem brio).
Se o parnasianismo deixou saudades e de vez em quando volta, outra tendência há que não foi aproveitada com força total, embora tenha produzido alguns de nossos melhores poetas: o simbolismo. E é natural que tal haja ocorrido. Toda literatura é simbólica, apesar de nem toda literatura ser simbolista. No domínio do simbólico está uma preeminência de forma, aliada a uma exatitude de conteúdos que me parece uma das melhores conquistas da corrente de Cruz e Souza, Antonio Francisco da Costa e Silva, Tasso da Silveira e Cecília Meireles.
O irmão do presidente da República, Genival Inácio da Silva, teve sua casa revistada pela Polícia Federal, que buscava elementos comprometedores de suas atividades como intermediário entre particulares e empresas federais. A polícia investiga o tráfico de influência para proteger os negociantes de caça-níqueis. Essa é uma velha história, na qual aparece um parente do presidente da República, muito próximo da possibilidade de obter vantagens do titular do poder supremo e capaz de resolver situações difíceis de um jogo proibido.
RIO DE JANEIRO - Na primeira legislatura após a queda do Estado Novo, um deputado federal foi cassado por seus pares por quebra do decoro parlamentar. Ele não recebia mensalão, não respondia a nenhuma CPI, mas foi julgado incompatível com a austeridade que se cobrava de um representante do povo, depois de anos da ditadura Vargas.
Deixo de lado os interesses movido pelos integrantes do G-8 na reunião realizada no balneário alemão de Heiligendamm. Fixo-me, exclusivamente, no interesse de observador que vê reacender-se, não sem perigo, embora ainda remotamente, a Guerra Fria entre a Rússia e os EUA. Belicamente, a Rússia não tem mais o seu Exército Vermelho, que fazia tremer todos os obstáculos táticos e estratégicos levantados para defesa do território russo. Também os EUA não sabem como sair do imbróglio na antiga Babilônia.
Chegamos ao meio do ano com o avanço mais fundo - e talvez irrevogável - do que seja, à custa dos escândalos, o aprofundamento da nossa democracia. Viraram-se as páginas da contumácia com a corrupção, com direito ao cinismo cívico, que permite a exaustão das manchetes, que não se lêem, não se ouvem, tanto a falcatrua passe, do anedótico, a um novo grotesco. Não se repetiu ainda o flagrante dos dólares na cueca dos meliantes. O novo espanto é bom e vem de outro lado, com a polícia a chegar aos gabinetes e à cornucópia das contas da cosanostra, e à família presidencial sem que, do Planalto, algum freio se levante. A reação presidencial à "falta de cabeça" de Vavá deu nova enxurrada de apoio a Lula na opinião pública, que sabe que agora não é só pobre que anda de camburão.
RIO DE JANEIRO - Pode ser lenda, mas vários de seus biógrafos adotaram a cena e a frase como verdadeiras. Numa de suas batalhas -alguns autores dizem que foi em Arcole, outros em Lodi-, Napoleão tomou a frente de sua tropa e enfrentou a chuva de balas que matavam seus soldados à direita e à esquerda. Um deles advertiu o general para o perigo, Napoleão respondeu: "Ainda não foi fundida a bala que me matará".
É preciso ficar claro que as obras públicas são submetidas a lances públicos, resultando em melhor aproveitamento para o licitador e que corresponda ao maior número de quesitos submetidos pelo licitante. Supõe-se que o mandatário eleito responda perante a opinião pública e a Justiça quanto a essa licitude. Ao eleger um mandatário, a opinião pública o considera imbuído dos predicados e que, por isso mesmo, dispõe de tempo suficiente para atender à Justiça Eleitoral, que representa os valores jurídicos que devem ser observados em todas as transações que envolvam o poder público e os contratos de obras públicas a serem realizadas. O poder público procura se cercar de todas as maneiras, para que transpareça a óbvia clareza dos negócios em questão. E para proteger o mandatário consagrado pelas urnas como merecedor da confiança do povo que o elegeu.
O Brasil sofre na América do Sul uma onda de hostilidade cujas motivações são absolutamente demagógicas e populistas. Nossa conduta com nossos vizinhos sempre foi exemplar. Esse quadro exige de nossa diplomacia um trabalho equilibrado e competente, que ela tem exercido bem, com o aprendizado da arte de engolir sapos.
“O parlamento não é fábrica que deva recomendar-se pelo número de projetos que elabore ou pela rapidez com que os produza... Às vezes a maior virtude de um parlamento está precisamente no número de projetos que elimina ou depura, que corrige ou substitua, depois de estudo quanto possível minucioso dos assuntos.” A observação é de Prudente de Morais Neto, jornalista descendente do ex-presidente, que escrevia sob o pseudônimo de Pedro Dantas, e está registrada no livro Quase Política, de Gilberto Freyre.
A frase lembra o que se diz sobre o vinho. Estamos pensando em seres humanos, apesar de abominarmos a palavra “velho”. Uma vez, o arquiteto Oscar Niemeyer, às vésperas dos 100 anos, disse-nos que “a velhice é uma droga”. Na mesma época, Fidel Castro fez o seu depoimento: “Nenhum perigo é maior do que os relacionados com a idade e uma saúde da qual abusei, no tempo que me correspondeu viver.”