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Artigos

 
  • Dimensões reais da universidade privada

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/03/2004

    Esquecemo-nos de que hoje o âmbito da educação no mercado nacional chega aos seus R$ 12 bilhões anuais envolvidos, a responder por 10% da atividade negocial do País. Trata-se de macroatividade que encontrou dinamismos próprios e que tem condição, frente a uma política pública, ao mesmo tempo, de confrontar, à tarefa da educação, o teor ainda muitas vezes mal estimulado da sua atividade negocial. Demoraram esses últimos a aparecer, no que fosse investir no ensino, alinhando-se, à Carta de 88, a educação de toda idéia de constituir uma concessão, exercível por ação delegada do Estado e se mantendo fiel às características de um serviço público.

  • O gênio e a droga

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 04/03/2004

    Não fiquei surpreso ao saber que Lula, segundo as últimas pesquisas, em termos de popularidade continua com bons índices. Aliás, sem nenhuma vocação para profeta, já havia comentado o fenômeno há meses: por pior que estejam o governo e o país, Lula continuará sendo o salvador, imune às contingências naturais da carne política. É um mito criado pela maioria do nosso povo. Negá-lo seria negar o próprio povo.

  • Presença de Martin Heidegger

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 03/03/2004

    A presença de Martin Heidegger na filosofia deste século obrigou o homem de nossa época a alterar posições e a repensar diretrizes. Se o existencialismo de Kierkeggard possuía o caráter de uma angústia intensamente exprimida (e talvez por isso mesmo o fosse mais existencialista), faltava-lhe um ''método'' para que suas idéias se enfeixassem num verdadeiro sistema filosófico. Para o pensamento de Kierkeggard não havia necessidade de serem erguidos sistemas. Para Heidegger, no entanto, era necessário, antes dos primeiros passos, o estabelecimento de um ''método'' que pudesse culminar num sistema de pensamento. Daí, inclusive, a necessidade de inventar uma terminologia, de criar palavras próprias, capazes de exprimir o que sabe existir de novo em seu esforço filosofante.

  • O rei da folia

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 29/02/2004

    Um dos mais veneráveis dramas de quem escreve regularmente é ver chegar a hora de perpetrar mais uma crônica ou artigo e não ter assunto. Eu, naturalmente, não sou exceção e, nestas mais de três décadas de jornalismo, já me encontrei nessa triste situação com mais freqüência do que gostaria de admitir. Existe a tradicional crônica sobre a falta de assunto, mas, menino metido a besta, prometi a mim mesmo, desde o primeiro dia, que jamais a escreveria. Tenho quase certeza - pois, com os escassos neurônios rateando cada vez mais, é imprudência confiar na vã memória - de que tenho me mantido fiel à promessa. Remexo aqui, remexo ali, enrolo alhures e algures e acabo atamancando alguma coisa. Hoje, contudo, estou com um problema bem diverso.

  • Primado dos valores antropológicos

    O Estado de S. Paulo (São Paulo - SP) em, em 28/02/2004

    O mais complexo e difícil dos problemas humanos é o do próprio homem e sua história. Indagar do sentido desta, e de como ela se desenvolve no tempo, implica aceitar a existência ou não de valores dotados de certa duração e consistência.

  • Quaresma e bingo

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 27/02/2004

    O Brasil está dividido em quatro estações: Carnaval, Semana Santa, São João e Natal. E ainda micaretas e campeonatos. Fora daí é procurar mudanças, dessas que equilibram o Cosmos, e não encontrá-las. No Nordeste, por exemplo, só existem inverno e verão. O tempo que chove - e às vezes nem isso ocorre - e o tempo que não chove, sol no sertão e, na costa, praia e maresia.

  • A primeira pedra

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 25/02/2004

    Ainda bem que não sou assessor de coisa nenhuma, nem bicheiro, autoridade ou político. Passei o Carnaval em paz, sem necessidade de articular ou desarticular os próximos lances da vida nacional.

  • Hora de esquecer os defeitos e ver o valor de Gilberto Freyre

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 21/02/2004

    Os que apostaram na transitoriedade da obra de Gilberto Freyre fizeram um mal negócio crítico. As reedições dos seus livros clássicos, e as edições quase inesperadas de textos inéditos ou talvez extraviados, apontam em direção oposta. Agora mesmo a Global Editora vem de lançar, em cuidadoso volume comemorativo dos seus 70 anos, nova edição do Casa-grande & senzala. A Editora da Universidade de Brasília, com a Imprensa Oficial de São Paulo, também entrega ao público de Gilberto Freyre quatro volumes certamente inesperados: Palavras repatriadas, China tropical, Americanidade e latinidade da América Latina e outros textos afins, e Três histórias mais ou menos inventadas. Eles foram reunidos e anotados por ninguém mais, ninguém menos, do que o qualificado gilbertiano Edison Nery da Fonseca. O quarto volume, de narrativas provavelmente desconhecidas, conta com inteligentes prefácio e posfácio do poeta e ensaísta César Leal.

  • Carnaval, Caminha e mercado

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 20/02/2004

    O Carnaval passa ao largo do mercado e da globalização, pois não depende deles. Se os bolsos ficarem vazios é a Bolsa que fica ameaçada. Carnaval não influencia a taxa de juros, não a baixa nem a sobe. Assim, nada de preocupações; que seja a alegria.

  • O filme e o livro

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 19/02/2004

    Não me incluo entre os devotos de Mário de Andrade, mas considero sua melhor obra, "Macunaíma", um dos dez livros mais importantes da nossa literatura, indispensável ao conhecimento de nossa alma cultural e social.

  • Em Cuba, com John Lenon

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/02/2004

    Quando o poeta Gerardo Mello Mourão regressou de Pequim, onde passou dois anos na condição de correspondente da Folha de S. Paulo, os amigos cobraram dele um livro sobre a China. Com a sabedoria de um mandarim cearense, ele respondeu que, se um jornalista brasileiro vai à China e passa uma semana, na volta escreve um livro. Quando a viagem dura um mês, o sujeito desconfia que há um mundo para ele desconhecido e então só escreve um artigo. Mas se a permanência for de dois anos, no regresso ele não escreve nada; em dois anos dá para perceber que para explicar o planeta China é indispensável viver lá pelo menos dez.

  • Presença de Laudelino

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/02/2004

    A beleza do idioma de Portugal e do Brasil teve pouquíssimos cultores que a realçassem com o amor, a competência, o conhecimento da matéria e a constância de Laudelino Freire. À língua portuguesa dedicou ele o seu tempo de vida, a sua inteligência, o seu bom gosto, o seu senso de ritmo. Servia a ela, com a inteireza de um apaixonado lúcido.

  • É preciso ter coragem

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 16/02/2004

    A universidade brasileira mal chegou aos 80 anos de conturbada existência. Ela deve competir com outras, em diferentes partes do mundo, que têm cinco ou seis séculos. Tradição pesa - e muito - nesse caso.

  • Uma vitória do marketing

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 15/02/2004

    Depois de minha extenuante temporada na Denodada Vila de Itaparica, eis-me de volta ao Rio de Janeiro, entre os confortos e encantos da cidade grande. A readaptação tem exigido algum empenho, mas nada que umas duas dúzias de tranqüilizantes não resolvam, até porque as novidades são escassas. Tudo parece continuar na rotina de sempre. O assalto da semana, como de hábito escolhido em votação democrática pela minha turma de boteco, não chegou a empolgar e terminou na patética condição de apenas mais um item obscuro da pauta. Parece faltar criatividade aos assaltantes, que correm o risco de desgaste junto ao consumidor. A continuar assim, logo os modelos hoje em prática sairão da moda e serão varridos pelas aceleradas mudanças atuais, ninguém agüenta mais essa mesmice.