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Artigos

 
  • A noite, a moça e a fuga

    Folha de São Paulo (São Paulo) em, em 12/03/2004

    Pescava em cima de umas pedras que estavam dentro do lago. Olhou para trás e viu que a mulher o observava. O céu era cinzento, ameaçava chuva, a região deserta. Olharam-se nos olhos, a mulher falou qualquer coisa que o encorajasse - o que não foi preciso. Havia um atalho, penetraram no pequeno bosque de bambus - havia muitos ali. Amaram-se sem esforço.

  • O iate e a canoa

    Folha de São Paulo (São Paulo) em, em 11/03/2004

    Ainda bem que há gosto para tudo. Um milionário americano passou uns dias aqui no Rio, trazendo no bolso um iate que é maior do que um couraçado-de-bolso da 2ª Guerra Mundial. No bolso do milionário ainda sobraria espaço para iates tão colossais que poderiam comportar o Taj Mahal, a basílica de São Pedro, de Roma, e o Maracanã inteiro, com lotação esgotada.

  • Conselho empresarial

    Diário do Comércio (São Paulo) em, em 11/03/2004

    No jornal Valor Econômico, editado por nossos confrades da Folha e de O Globo, vem estampada uma notícia, segundo a qual, como fez saber o chanceler Celso Amorim, o Brasil, a África do Sul e a Índia decidiram estimular a aproximação entre os empresários dos três países para fomentar o acordo de cooperação política e econômica. Não poderia ser mais auspiciosa a notícia de procedência oficial, essa que vai fortalecer o comércio de países dele necessitados.

  • Conveniência do porão

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 10/03/2004

    Toda vez que estoura um escândalo, real ou não, os interessados se esforçam em desviar a atenção da sociedade, procurando saber quem e por que divulgou a tramóia, pondo o escândalo em plano secundário e até mesmo esquecido.

  • A Rolleyflex e o 31 de março

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) em, em 10/03/2004

    Durante pelo menos duas décadas a máquina Rolleyflex foi a vedete das coberturas jornalísticas. Nos anos 60 e 70, quando as maiores revistas semanais do país eram a Manchete e O Cruzeiro, os fotógrafos empunhavam essa máquina, pesada e precisa, para as suas coberturas históricas. Forneciam as imagens necessárias para as grandes reportagens de David Nasser, Luiz Carlos Barreto, Jean Manzon, Joel Silveira, Murilo Mello Filho, Fernando Pinto etc. Foi com uma delas que Marcelo Escobar e José Avelino perderam a vida, na tentativa de cobrir as misteriosas ações de traficantes, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. O trem virou, havia muita gente, mas só morreram os dois jornalistas da Manchete. Estranha coincidência.

  • Euclides e a palavra

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro) em, em 09/03/2004

    Foi na palavra e com a palavra que o bicho homem saiu de sua normal animalidade para pensar e analisar o mundo que o circundava. Desde o começo da linguagem falada, a palavra entrou na memória e criou um signo específico para ajudar na preservação de coisas antigas. Na base de tudo estava ela, como ainda está. Quanto mais a quantidade real de palavras possamos ter armazenado, estaremos aprendendo a raciocinar e argumentar com mais clareza.

  • O nome do molho

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 09/03/2004

    Devemos aos intelectuais do PT uma louvável contribuição à semântica nacional. Antigamente, quando os governos trocavam favores em troca de adesão, eram indistintamente acusados de fisiológicos. Agora, a fisiologia mudou de nome, tornou-se governabilidade.

  • O tempo das fusões

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 09/03/2004

    Os jornais têm publicado páginas inteiras de publicidade sobre a fusão da Ambev, fusão da Antártica e da Brahma, com a grande cervejaria belga Interbrew, produtora de uma das cervejas mais vendidas no mundo inteiro, a Stella de Artois, que não há turista que a desconheça. Essa fusão é, tipicamente, uma operação gigantesca, no sentido exato da palavra, pois cria, com as três unidas, a maior cervejaria do mundo e, mais ainda, comandada do Brasil, que dispõe de quadros para essa obra complexa.

  • Água e vida

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 08/03/2004

    As datas inaugurais revestidas de grande conteúdo simbólico, geralmente, prestam-se à reflexão e, por que não dizer, a exercícios de futurologia.

  • A burocracia brasileira

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 08/03/2004

    Estou, nestes últimos meses, escrevendo um livro, provavelmente a minha despedida dos produtos impressos, sobre um dos maiores males de que sofre o Brasil, a burocracia. Para se ter uma idéia, a maior impressão que me causou a informação de Paulo Maluf, quando no governo e eu, com mais três companheiros, ocupava o lugar de seu assessor especial, com reunião diária de três horas, foi exatamente dessa terrível moléstia, que lhe come as fibras mais fortes de seu organismo.

  • A gripe do momento

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 07/03/2004

    Vocês pegaram a gripe que anda circulando por aí? Se não pegaram, ponham as mãos para o céu, empanturrem-se de suquinhos e vitamina C e não cheguem a menos de dois metros de ninguém. Maior algozaria não pode haver. Não é uma gripe, é uma peste bubônica mal disfarçada. Ainda estou com medo de morrer, entre calafrios, tosse convulsiva, coriza torrencial e demais manifestações humilhantes dessa doença, certamente das mais antigas que afligem a Humanidade e, para marcar nossa desprezível condição, até hoje invulnerável a qualquer tratamento.

  • O mal quer que o bem seja feito

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 07/03/2004

     Conta o poeta persa Rumi que Mo‘avia, o primeiro califa da linhagem de Ommiad, estava um dia dormindo em seu palácio, quando foi despertado por um estranho homem.

  • Reunião de necessitados

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 05/03/2004

    A reunião do G15, da qual o presidente Luís Inácio Lula da Silva se retirou antes de terminada, é dessas que se realizam periodicamente, desde que foi criada, para debater os assuntos, os problemas, as crises em que, periodicamente, se debate a América Latina. Isto porque a América Latina é dos continentes que mais crises assinala em sua história, com exceção da África, onde de tempos em tempos se matam a machadadas umas tribos contra outras tribos e fica, ao final, tudo por isso mesmo.

  • Cena de gripe e pecado na adolescência

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 05/03/2004

    Sob as cobertas, os arrepios de frio. Vira-se de bruços contra o colchão e basta ficar quieto e logo começa a sentir calor. Do ângulo em que está, olhando a mesinha de cabeceira, o copo vazio é imenso, coando a luz da tarde. A garrafa de água mineral choca, a colher de remédio dentro da xícara de porcelana azul com frisos dourados.

  • Annus terribilis

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/03/2004

    Os antigos e os poetas épicos falam na roda da fortuna, para marcar tempos bons alternados com os maus. Já a nossa rainha da Inglaterra, Elisabeth II, que os da nossa geração conhecemos mocinha, ao lado do pai, o rei Jorge VI, nas fotografias da Segunda Guerra Mundial, preferiu a expressão latina annus terribilis, quando acossada pelo fogo entrincheirado dos tablóides londrinos revelando histórias escandalosas da família real, tendo à frente os amores de Lady Di e seu marido, o herdeiro do trono, Charles, sem falar nas noras de topless que brilhavam, não de todo pelo que mostravam, e mais pelo que demonstravam.